Do coração e outros corações

Do coração e outros corações

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Professores...no BAR-zil


Do Blog do Catatau

Dilma e os professores: na campanha eleitoral e fora dela

Dilma, reunindo a preocupação da formação do professor e de seu tratamento digno, durante a campanha eleitoral:
(…) Não se pode também estabelecer com o professor uma relação de atrito quando o professor pede melhores salários: recebê-los com o cacetete ou interromper o diálogo. O diálogo é fundamental no respeito a essa profissão. E o Brasil só irá sair de uma situação de país emergente para uma situação de país desenvolvido se a gente assegurar qualidade de educação para nossos filhos e crianças. Então (…) precisamos de professores bem formados, bem pagos. A sua filha vai ficar orgulhosa, o seu filho vai ficar orgulhoso, olha, eu sou professora e sou reconhecida socialmente. Por isso que eu farei da campanha para pagamento do salário dos professores uma das questões fundamentais do meu governo.
Ela disse isso no debate da Globo, isto é, diante de um dos maiores debates eleitorais, no qual os candidatos ficam mais em evidência. Ou então vale ver o vídeo:
E hoje não é que aí estão os professores, preocupados com sua formação e dignidade, recorrendo a Dilma? E qual é a posição do governo? É precisamente a falta de diálogo, aquela muito importante para sua filha e filho ficarem orgulhosos de serem professores reconhecidos!

Docentes em greve cobram de Dilma Rousseff abertura imediata de 

Após ato fúnebre, professores ressuscitam educação e entregam 

Sindicato pede a Dilma reabertura imediata dasnegociações com 

Sindicato de professores entrega a Dilma pedido de reabertura das 

Governo encerra negociação com docentes e técnicos e encaminha 

MEC reafirma que está encerrada a negociação comprofessores 

Mas espere aí: você não viu no jornal que o governo negociou com um dos sindicatos dos professores? Sim! É o Proifes. Só que quase nenhum jornal disse: o Proifes não representa nem de longe a maior parte das universidades (não chegou a 10% das instituições em greve).
A imprensa, o jornal da noite também não disse que instituições ligadas ao Proifes contrariaram esse sindicato e reforçaram o movimento geral, isto é, reforçaram a greve.
A imprensa maior não deixou vermos na TV um princípio básico do jornalismo: não se dá voz igual ou maior a um setor que não representa os interesses de uma categoria, especialmente quando se trata de degradação no trabalho.
O que ocorreu é que o Andes – o sindicato da grande maioria – já negociava com o governo há tempos antes da greve, mas o governo abandonou as negociações. Após a irrupção da greve houve apenas 2 lances, mas esses lances não tiveram qualquer discussão.
O governo não discutiu com os professores! Houve apenas uma primeira oferta, para medir realmente os ânimos, e uma segunda, que foi fechada pelo… Proifes! Nenhum contra-argumento sobre o que queriam os professores foi aceito (vale ver também isso).
E os professores nem queriam prioritariamente o aumento (que vale dizer: foi divido em 3 anos e não repõe as perdas inflacionárias da imensa maioria). Tanto que fizeram uma contra-proposta para o governo focar-se no plano de carreira (esse é um dos pontos principais). E o governo? Basta ver os links acima.
E ontem, perto do apitaço de muitos professores que pediam a volta às negociações, Dilmavoltou a dizer:
Antes de mais nada gostaria de cumprimentar os professores. Uma escola só se faz um ambiente de superação com a participação dos mestres. Ninguém nasce sabendo e é necessário esforço para se adquirir conhecimento”, afirmou. “Este momento é importante para mim, porque sei que este país vai dar os passos necessários se estes talentosos jovens tiverem oportunidade. Cumprimento mais uma vez os mestres e pais de alunos que os encaminharam em seus primeiros passos na direção da Ciência”
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Ok, nem iniciarei um post sobre as coisas que escuto de professores conhecidos (universitários e não), sobre atividades como vender pão, bombons ou roupas na escola para complementar a renda, ou simplesmente mudarem de profissão… basta ver os memes diários sobre professores no facebook, por exemplo este abaixo, quentinho, sobre os professores do Paraná (são governador e vice “conversando”):
http://i292.photobucket.com/albums/mm7/catatando/557353_404671752915347_556994784_n.jpg

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28 de agosto de 1963: Marcha para a Liberdade


Há 49 anos

do Blog de Joana Lopes, de ontem...

Em 28 de Agosto de 1963, Martin Luther King pronunciou este seu célebre discurso, durante a«March on Washignton for Jobs and Freedom»

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Universidades, 20 anos depois

do Blog de Joana Lopes, Portugal
Em Le Monde Diplomatique (versão portuguesa), mais um excelente texto de Sandra Monteiro 

«Uma vez mais, do ensino superior público chegam profundas preocupações com o futuro, já no próximo ano lectivo. Vai-se difundindo uma narrativa segundo a qual a situação do sector resulta da grave crise que o país atravessa, aconselhando solidariedade com os cortes e sacrifícios exigidos. Mas o presente não chegou de repente. Foi preparado, pelo menos, durante as duas últimas décadas. E as mudanças que foram introduzidas no ensino superior público são muito ilustrativas do ponto a que haveríamos de chegar. 

Passaram vinte anos desde que, a 14 de Agosto de 1992, foi publicada no Diário da República a Lei n.° 20/92, que aumentou as propinas no ensino superior público. A contestação estudantil que se verificou antes e depois da promulgação da lei foi um espaço central de exercício de cidadania e de politização de toda uma geração. Adiou durante quase dez anos a aplicação das concepções neoliberais a este grau de ensino. Mas não conseguiu impedir um rumo que continua a ter expressão internacional, como recentemente se viu no Chile, em Espanha ou no Canadá.

Depois da lei de 1992, o ensino superior deixou de ser tratado como um direito de acesso universal e gratuito, assegurado por um serviço público que urgia democratizar, para elevar o baixíssimo nível de qualificações dos portugueses (ainda hoje é baixo, apesar da evolução). O montante pago pelos estudantes foi subindo e ultrapassou agora a barreira dos mil euros; a qualidade do ensino e a acção social escolar nem por isso aumentaram; o destino das receitas das propinas foi substituindo as dotações do orçamento de Estado, até para pagar as mais básicas despesas de funcionamento, como os salários.

Os argumentos dos defensores do novo modelo não resistiram à prova do tempo e da realidade. O co-financiamento dos custos do ensino pelos estudantes e suas famílias, além de desresponsabilizar o Estado, sobrecarregou duplamente quem já contribuíra por via fiscal para o financiamento público e encetou uma corrida a parcerias com investidores externos que transporta para as universidades perigosas lógicas de mercadorização do ensino e dos saberes.

As famílias com estudantes no ensino superior público estão numa situação muito desfavorável no contexto internacional: tendo em conta os rendimentos medianos do país, fazem um esforço que apenas é superado pelo que é feito no México, Japão, Austrália e Estados Unidos.» 

Continuar a ler AQUI.

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A Unilever e a menina Etelvina do Blog da Joana Lopes, Portugal



A notícia veio ontem em todos os jornais: a Unilever anunciou ao mundo, via Financial Times, que «a pobreza está a regressar à Europa» e que, por esse motivo, vai vender os seus produtos em embalagens muito mais pequenas. (Viragem de 180º quando as prateleiras estão cheias de caixas enormes que anunciam «mais 25% grátis», mas adiante.) 

É impressão minha ou a demagogia do marketing não tem limites? Ou, então, está a prever-se que os europeus venham a ser pagos, (mal, evidentemente...) já não ao mês, mas talvez à semana ou mesmo à jorna. Comprarão o champô para uma lavagem, desodorizante para uma tarde e pensarão duas vezes antes de armazenarem na despensa dois sabonetes que terão as dimensões daqueles que nos dão nos hotéis. 

Perceber que pode dar jeito, a quem tem o porta-moedas pouco recheado, comprar pontualmente metade da dose do que é habitual é uma coisa, lançar uma campanha generalizada, nestes termos, por causa do empobrecimento deste velho continente é uma outra. Acredita-se mesmo que, na Europa, é assim que se ajuda a resolver o problema da falta de dinheiro ou que se combate uma mentalidade consumista? Quantas etapas diferentes não haveria / haverá a percorrer? Não se entende que esta fase de «empobrecimento» é diferente do processo que está a tornar certos bens acessíveis a quem nunca os teve, na Ásia ou em África? E alguém já pensou, por exemplo, na produção e utilização adicional em embalagens, que uma decisão destas implica, com o impacto mais do que provável em termos ambientais?

Enfim, tudo isto me lembra a menina Etelvina. A menina Etelvina devia andar pelos 85 quando a conheci, viveu sempre numa vila «da província» e, em plena década de 80, lamentava-se amargamente porque, na mercearia, já ninguém lhe vendia 100 gramas de manteiga em embrulho de papel vegetal, nem 50 gramas de açúcar, como sempre tinha comprado, em cada dia da sua longa vida. Porquê? Porque era assim que sempre tinha sido e que devia ser, para se poupar.

Se a menina Etelvina ainda fosse viva, seria uma fã da Unilever.

P.S. – A propósito do tema, ler a crónica de Ferreira Fernandes no DN


Do Blog de Roberto Romano 

Eugenia à brasileira, Jornal da Unicamp

Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 20 de agosto de 2012 a 26 de agosto de 2012 – ANO 2012 – Nº 536

TESE DA ÁREA DA EDUCAÇÃO REVELA PRÁTICAS DE
INSPIRAÇÃO NAZISTA NO PAÍS ANTES DA 2ª GUERRA

Historiador recupera história de 50 meninos que foram
transferidos de educandário no Rio para fazenda em SP

Políticas eugenistas de inspiração nazista foram perpetradas no Brasil no período anterior à Segunda Guerra Mundial. A afirmação é do historiador Sidney Aguilar Filho, que defendeu recentemente tese de doutorado na Faculdade de Educação (FE) da Unicamp com o tema “Educação, Autoritarismo e Eugenia: Exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-45)”. No trabalho, orientado pela professora Ediógenes Aragão Santos, o autor recupera a história de 50 meninos órfãos ou abandonados – a maioria negra e com idades variando de nove a 11 anos –, que foram transferidos de um educandário do Rio de Janeiro para uma fazenda no interior de São Paulo, onde foram submetidos, sob os auspícios da legislação da época, a trabalhos forçados, castigos físicos e humilhações. O estudo está dando origem a um documentário, tem proposta para ser transformado em livro e foi indicado pela FE para representar a unidade no Prêmio Capes de Teses.
O tema do estudo, conta Aguilar, caiu repentinamente no seu colo. Ele dava uma aula sobre a Segunda Guerra para uma turma do ensino médio, quando uma de suas alunas afirmou que a suástica, o símbolo utilizado pelo nazismo, estava inscrito em tijolos de casarios demolidos na fazenda do pai dela, situada na cidade de Campina do Monte Alegre (SP). “Aquela informação ficou adormecida por anos. Cheguei a repassá-la para alguns centros de pesquisa, mas ninguém se interessou. Quando finalmente comecei a investigar o assunto, percebi que as dimensões eram infinitamente maiores do que eu imaginava. O que mais me chamou a atenção nem foi tanto a simbologia nazista encontrada na propriedade, mas a coincidência dela com evidências da forte presença integralista no mesmo local”, relata.
Esta justaposição, diz Aguilar, já justificaria um estudo mais aprofundado. Ocorre, porém, que ele deparou com um fato, nas palavras dele, ainda mais chocante. “Descobri que aquela e outras fazendas da região haviam sido utilizadas para abrigar 50 meninos órfãos ou abandonados, que foram retirados, a partir de 1933, do Educandário Romão de Mattos Duarte, mantido pela Irmandade de Misericórdia do Rio de Janeiro. No local, eles eram submetidos a trabalhos forçados, a castigos físicos, a humilhações e a toda sorte de violação de direitos. Todas essas propriedades pertenciam à família Rocha Miranda, uma das mais ricas do Brasil na época, que era dona de bancos, empresas de transportes e hotéis de luxo”, afirma. 
Filantropia
Um aspecto que chamou a atenção do autor da tese foi o fato de a transferência das crianças ter sido feita com a concordância da Igreja, o patrocínio da elite empresarial e a anuência da Justiça, tudo sob a justificativa de que a medida teria caráter educativo e filantrópico. Ao consultar documentos da época do Educandário Romão de Mattos Duarte, da Irmandade de Misericórdia, do Ministério da Agricultura e do Arquivo Público do Estado de São Paulo, o pesquisador constatou que a remoção dos meninos – 48 negros e pardos e somente dois brancos – foi autorizada pelo titular do Juizado de Menores do Rio de Janeiro, José Cândido de Albuquerque Mello Mattos, que concebeu o primeiro Código do Menor do país. 
Segundo o autor da tese, os membros da família Rocha Miranda participavam da cúpula da Ação Integralista Brasileira (AIB), grupo de ultradireita com inspirações fascistas, cujo nome de maior destaque foi Plínio Salgado. “Um dos membros dessa família, Renato Rocha Miranda, presidia uma grande empresa de carvão de Santa Catarina. Através de fontes documentais, eu consegui recuperar dados sobre negócios que ele manteve, tanto antes quanto depois da Segunda Guerra, com a família Krupp, dona de uma poderosa siderúrgica alemã produtora de armas e equipamentos bélicos. Nunca é demais lembrar que um dos membros do clã alemão foi Alfried Krupp, ministro da Economia de Guerra de Adolf Hitler, condenado pelo Tribunal de Nuremberg pelo uso de trabalho escravo de judeu”, assinala Aguilar.

Após o conflito mundial, continua o historiador, Alfried Krupp comprou uma das fazendas de Renato Rocha Miranda, para onde enviou o seu único herdeiro, Arndt von Bohlen und Halbach. As duas famílias tinham interesse em implantar uma siderúrgica no Brasil. “Ou seja, no meio dessas relações empresariais internacionais envolvendo adeptos do integralismo e do nazismo, havia um grupo de 50 crianças submetidas a toda sorte de violência. O caminho que adotei para tratar todo esse episódio foi estudar a história da educação desses meninos. O que eu acabei encontrando, depois de analisar inúmeros documentos, foi uma legislação abertamente eugenista nessa área”, sustenta o pesquisador.
Ao se debruçar sobre documentos produzidos pela Assembleia Constituinte promulgada em 1934, por exemplo, o autor da tese diz ter identificado uma bancada formada por mais de 20 constituintes que defendia práticas eugenistas e afins em propostas voltadas às políticas educacionais, migratórias e sanitárias, entre outras. “Na época, não havia o conceito do politicamente correto, tão presente nos dias atuais. Muitos legisladores não usavam meias-palavras para fazer manifestações homofóbicas, machistas e segregacionistas. Tanto é assim que o artigo 138 daquela Constituição estabelece ser função do Estado nacional incentivar a educação eugênica. Isso coincide com o momento em que os meninos eram retirados do Rio e transferidos para a fazenda em Campina do Monte Alegre”, reforça.
Aguilar revela que teve muita dificuldade em trabalhar com um tema tão espinhoso e doloroso. “Confesso que fiquei exaurido por incontáveis vezes ao ler os textos e as manifestações dos ultradireitistas, dos racistas. Trabalhei com a dúvida até o fim da pesquisa. Vivia me questionando se tudo aquilo realmente acontecera. Mas, o fato é que todas as evidências funcionaram como fios que se entrelaçavam num tecido inquestionável. De fato, as práticas autoritárias e eugenistas foram transformadas em políticas de Estado no Brasil”, assevera. 


Balas amargas
Além de basear a sua investigação em farta documentação, Aguilar também entrevistou muitas pessoas que tiveram envolvimento direto ou indireto com o episódio dos meninos, inclusive três sobreviventes, que hoje estão com idades beirando os 90 anos. O depoimento mais marcante foi de Aloísio Silva, que integrou a primeira turma a ser transferida do Rio para o interior de São Paulo – as crianças vieram em três levas. Ainda morador de Campina do Monte Alegre, onde constituiu família, ele inicialmente se recusou a falar sobre a experiência. “Primeiro, pensei que fosse medo. Depois, entendi que a recusa tinha a ver com trauma. Falar sobre o que sofreu naquela época seria muito dolorido para ele”, explica o historiador.
Estrategicamente, Aguilar resolveu se aproximar dos filhos dos sobreviventes, como forma de mostrar a seriedade da pesquisa. “Essa decisão de mostrou acertada. Aos poucos, e através deles, fui me aproximando dos personagens principais da história. Um aspecto que percebi foi que, assim que eu apresentava aos sobreviventes os documentos que havia colhido, eles iam se mostrando mais receptivos. O primeiro a falar foi o senhor Aloísio. Ou seja, a memória documental incentivou a memória oral. Assim que ele começou a contar tudo o que viu e viveu, outras pessoas, inclusive moradores da cidade, também concordaram em contribuir com depoimentos”. 
Segundo o autor da tese, as narrativas feitas pelo senhor Aloísio confirmaram que os meninos foram submetidos a trabalhos exaustivos, sem qualquer remuneração. Aqueles que não cumpriam as tarefas ou desobedeciam às ordens dos “cuidadores”, que o sobrevivente classificou como “feitores”, eram espancados e, não raro, impedidos de comer. “Um relato do senhor Aloísio que me marcou bastante foi sobre a forma como as 50 crianças foram escolhidas para serem retiradas do educandário carioca. Segundo ele, um homem, posicionado numa espécie de passadiço, jogava balas coloridas ao chão. Os meninos que pegavam primeiro as guloseimas eram selecionados, por serem considerados mais ágeis e espertos, e apartados dos demais”. 
Até onde o historiador conseguiu apurar, poucos daqueles órfãos e desvalidos ainda estão vivos. Alguns morreram ainda no cárcere, outros conseguiram fugir e os demais foram “libertados” anos depois, já na fase adulta. Desses, pouco se sabe. Ao falar sobre o que espera em termos de repercussão da sua tese, Aguilar afirma desejar que ela provoque incômodo a todos aqueles que tiveram acesso ao texto. “A tese também é um convite aos atuais educadores, para que reflitam sobre a sobrevivência ou não desses princípios autoritários e racistas no pensamento e na prática cotidianos. Em termos de discurso, me parece que isso foi, em boa medida, corrigido. No que toca à prática, porém, não tenho tanta certeza”.
Ainda conforme Aguilar, o seu trabalho de doutorado também está servindo de base para uma ação judicial reparadora que o senhor Aloísio está movendo contra o Estado brasileiro. “Vamos esperar o resultado do julgamento. Uma consequência positiva, porém, a pesquisa já proporcionou a ele. Atualmente, o senhor Aloísio circula por Campina do Monte Alegre com a cabeça muito mais erguida”, garante o historiador, acrescentando que o apoio que recebeu por parte da sua orientadora, da FE, da Capes e da Unicamp foi fundamental para que conseguisse concluir seu estudo.


■ Publicações
Tese: “Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945)”
Fonte: Sidney Aguilar Filho
Orientadora: Ediógenes Aragão Santos
Unidade: Faculdade de Educação (FE)

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do Blog de Roberto Romano

TERÇA-FEIRA, 28 DE AGOSTO DE 2012

Jornal da Unicamp

Campinas, 27 de agosto de 2012 a 02 de setembro de 2012 – ANO 2012 – Nº 537

FAUSTO CASTILHO
TRADUZ ‘SER E TEMPO’,
OBRA MAIOR DE HEIDEGGER

Professor do IFCH, que foi aluno do filósofo
alemão, começou a verter livro para o português
em 1949, quando estudava na Sorbonne


A Editora da Unicamp está lançando a primeira edição bilíngue (alemão-português) de Sein und Zeit (Ser e Tempo), considerada a obra mais importante de Martin Heidegger, para muitos o principal filósofo do século 20. O responsável pela tradução é Fausto Castilho, professor emérito da Unicamp, que frequentou o curso de Heidegger na Universidade de Friburgo. Na opinião do professor, Ser e Tempo é um livro singular “porque pressupõe a leitura por Heidegger de toda a história da filosofia”. O lançamento ocorre em parceria com a Vozes, editora que detém os direitos de publicação de títulos do filósofo alemão no Brasil.
Em sua graduação em filosofia na Universidade de Sorbonne, Fausto Castilho foi aluno de Merleau-Ponty, Jean Piaget e Gaston Bachelard. Paralelamente, como convém a um futuro filósofo, cuidou de aprender o alemão com um grupo de colegas, quando já começou a traduzir a obra-prima de Heidegger, ao mesmo tempo em que a estudava. Foi fazendo a tradução por partes, conforme as necessidades de estudante, professor e palestrante, até se dar conta, no início dos anos 1980, de que havia traduzido praticamente todo o livro.
Fausto Castilho, na entrevista que segue, conta como nasceu seu interesse por Heidegger, dimensiona a importância de Ser e Tempo no campo da filosofia e apresenta a sua explicação para a adesão do filósofo alemão ao nazismo, grande mácula em sua trajetória. Perto de completar 83 anos de idade, o professor emérito retoma neste semestre os estudos sobre a interpretação do Brasil – o outro tema de seu interesse –, prevendo inclusive a realização de seminários multidisciplinares a respeito.

Jornal da Unicamp – O que representa o livro Ser e Tempo para o campo da filosofia?
Fausto Castilho – É um livro bastante singular, excepcional entre os livros de filosofia do século 20. Em primeiro lugar, porque a obra pressupõe a leitura por Heidegger de toda a história da filosofia. Em 1951, filólogos importantes na área da filosofia (alemães, suíços e de outras nacionalidades) promoveram um seminário em Zurique e convidaram Heidegger para presidi-lo. Um dos filólogos presentes, o suíço Emil Staiger, grande nome da crítica literária, perguntou a Heidegger o seguinte: “Por que o senhor, para enunciar o seu pensamento, precisa se apoiar no comentário dos filósofos?”. Ele respondeu: “Nunca enunciei nada que me coubesse. Sempre disse o que os filósofos e alguns grandes poetas disseram”.
Heidegger comenta os autores contemporâneos, como por exemplo, [Edmund] Husserl, de quem foi aluno e discípulo; era um grande intérprete de Kant; um dos maiores adversários de Descartes; e um grande crítico de Hegel. Conhecia não só toda a filosofia moderna, mas também a filosofia medieval, o que é igualmente excepcional: em geral, quem gosta dos modernos, não gosta dos medievais. E, mais do que isso, passou os últimos 30 ou 40 anos da vida comentando os pré-socráticos: Parmênides, Anaximandro e assim vai...
Então, qual é a excepcionalidade deste livro? É que se trata de um livro de história da filosofia, sem dizer que o é. Heidegger não faz história da filosofia, vai direto aos filósofos como se fossem contemporâneos seus, e os examina fora de qualquer esquema de desenvolvimento histórico. Isso é excepcional porque pressupõe um conhecimento direto dos filósofos, principalmente os gregos, o que é raro. A filosofia da moda americana é a filosofia analítica, que simplesmente ignora a história da filosofia. E por que um alemão, um francês ou um escandinavo têm essa possibilidade? Por causa do liceu. A Finlândia, país cuja língua não é sequer europeia, exige cinco anos de latim no liceu. Por aí, vemos que a possibilidade de ter acesso aos gregos depende do liceu. É, portanto, um exemplo flagrante da formação que um liceu alemão (que lá se chama gymnasium) produz.
JU – O senhor manifesta inconformismo com a adesão de Heidegger ao nazismo. Que explicação encontra para que ele tenha tomado tal posição?
Fausto Castilho – Esta adesão ao nazismo é realmente uma coisa insuportável na biografia dele. Eu tenho lá as minhas ideias a respeito disso. Eu o conheci pessoalmente por frequentar suas aulas, nunca tive um contato direto. Mas era um tipo rústico de camponês (aliás, um montanhês, nascido nas montanhas do sul do país), o que você sentia logo na primeira vez que o encontrasse. Ao contrário, por exemplo, de Sartre, que era uma pessoa delicadíssima. Essa origem marca Heidegger, que depois de concluir o curso universitário não tinha nenhuma perspectiva de ascensão social. Quando aparece o movimento nazista, seus antecedentes de família – o pai sacristão de uma igrejinha na montanha e de um catolicismo atrasadíssimo, reacionário – já predispunham o rapaz para atitudes políticas que fugiam das soluções citadinas, urbanas. Quando Hitler toma o poder, Heidegger recebe o apoio de praticamente todo o corpo docente para que assumisse a reitoria da Universidade de Friburgo, inclusive – e talvez principalmente – dos judeus, amigos dele. Em minha opinião, a opção [pelo nazismo] não vem apenas da sua origem montanhesa, que é uma razão fortíssima, mas também de arrivismo, isto é, vontade de subir na vida.  Isso contou muito. (finíssima análise!)
Minha compreensão deste episódio, em face da imensa obra escrita e publicada, no fundo é de apenas um episódio em toda a sua vida. Como dizia Hannah Arendt, que era judia e foi aluna dele, o curso que nós assistimos de Heidegger sobre O Sofista, de Platão, nunca mais vai haver igual numa universidade alemã. Porque a voz de Heidegger, isto é, o modo como ele interpretava o texto de Platão, dizia Hannah Arendt, não era contemporânea, vinha dos primórdios, como se ele tivesse a capacidade de se transportar até a Grécia. Isso para quem estuda filosofia é uma coisa importantíssima. Então, quando você compara os textos de filosofia propriamente ditos, com esta atitude que durou alguns meses em que Heidegger permaneceu na reitoria, tem de optar: ou considera o filósofo, ou considera aquele político ocasional – e não pode confundir as coisas, de jeito nenhum.
JU – Como surgiu o projeto de traduzir Ser e Tempo?
Fausto Castilho – Surgiu quando fui para Paris em 1949. A primeira vez que ouvi falar em Heidegger foi em 1946 (eu tinha, portanto, 17 anos), na revista do Sartre, Les Temps Modernes, que começou a circular em São Paulo; chegavam alguns exemplares na Livraria Francesa. Eu estudei no Liceu Franco-Brasileiro, que se chama Liceu Pasteur – o Getúlio [Vargas] tinha eliminado as denominações estrangeiras – e lia o francês correntemente. Nessa revista do Sartre apareceu um debate entre dois filósofos,  [Karl] Löwith, que é um alemão, e [Alphonse] De Waelhens, um belga: os dois discutiam justamente a opção de Heidegger pela reitoria nazista.
Em 1949, ingressei na graduação em filosofia da Sorbonne. Quando cheguei a Paris, tinha uma carta do Antonio Candido pedindo para o Paulo Emílio Salles Gomes me dar cobertura. Fui morar num pequeno apartamento que Paulo Emílio tinha ocupado antes da Guerra – ele era muito amigo da proprietária, madame Jeanne – e, ao se despedir, me disse: “Agora, você é prisioneiro aqui da Praça da Sorbonne”. Realmente, fiquei lá por quatro ou cinco anos. E digo sempre que tive muita sorte de encontrar aquele apartamento: acordava ouvindo o tocar dos sinos da igreja da Sorbonne e me vestia rapidamente para ir à aula – foi um ponto de disciplina formidável.
Morei diante da Livraria Vrin. Pedi ao velho Joseph Vrin que conseguisse um exemplar do texto de Ser e Tempo em alemão, que ele conseguiu com um confrade livreiro. É a famosa edição nazista, toda censurada [sem a dedicatória de Heidegger ao mestre Edmund Husserl, judeu] e que guardo até hoje. Ao mesmo tempo da graduação, passei a estudar alemão com um grupo de colegas e também o Ser e Tempo. Um dia, acho que em 1951, Merleau-Ponty, meu professor, perguntou se eu sabia que Heidegger ia voltar a dar aulas – ele estava afastado por causa da “desnazificação” e, só quando foi “desnazificado”, os militares franceses que ocupavam a região autorizaram a sua volta. Passei a ir até Friburgo uma vez por semana.
Tinha muito interesse por esta obra de Heidegger e comecei a sua tradução ainda como estudante em Paris, ao mesmo tempo em que estudava o alemão. Nunca fiz uma tradução contínua, fui fazendo por partes, para utilizá-las como professor e em seminários. Isso desde 49 até o início dos 80, quando me dei conta de que já havia traduzido praticamente todo o livro. Foi então que procurei a Editora da Unicamp sugerindo a publicação, com a condição de que ela fosse bilíngue.
JU – Quais foram as dificuldades que encontrou na tradução?
Fausto Castilho – As dificuldades foram não só de conteúdo, isto é, de filosofia propriamente dita, mas também de linguagem. A solução que encontrei para a maior parte dessas dificuldades foi lançar mão dos três índices que menciono no livro e que tratam da linguagem de Ser e Tempo. [São os índices de Hildegard Feick, Index zu Heideggers “Sein und Zeit”, 1961; de Theodore Kiesel, “Lexicon”, in Being and Time, traduzido por J. Stambaugh, 1972; e de Rainer A. Abast/Heinrich P. Delfosse, Handbuch zum Textstudium von Martin Heideggers “Sein un Zeit”, vol. 1, 1980].
Evidentemente que as duas traduções para o inglês, as duas para o francês e a tradução para o italiano me ajudaram muito, porque são línguas afins. No fundo, a solução final sempre esteve na possibilidade de criar neologismos, não só de termos, mas de locuções. A coisa é complicada. Do ponto de vista do conteúdo, procurei cotejar os conceitos de Heidegger, alguns bastante inusitados, com os conceitos dos outros filósofos, principalmente dos modernos a partir de Descartes, como Kant e Hegel. 
JU – Houve dificuldade, também, na obtenção da autorização do Comitê Heidegger para a publicação da obra em português.
Fausto Castilho – As dificuldades não foram minhas, mas do doutor Maiorino [José Emílio, assistente de direção da Editora da Unicamp], que fez toda a negociação. Até alguns anos atrás, havia uma secretária do Comitê que tinha mais simpatia pela nossa proposta, mas depois a editora das obras de Heidegger foi vendida para uma editora americana, o que tornou a negociação ainda mais demorada. E ainda surgiu a Editora Vozes [detentora dos direitos de publicação de Heidegger no Brasil], que começou a influir em nossas decisões – esta é a primeira edição bilíngue de Ser e Tempo, mas existe outra tradução para o português, feita por um professor carioca. Finalmente, chegou-se ao entendimento de uma edição comum.
JU – Sem falsa modéstia, qual é a contribuição que o seu livro traz?
Fausto Castilho – Sendo uma edição bilíngue, obviamente vai facilitar muito o entendimento de uma obra de leitura dificílima. Do ponto de vista didático, isso é importante, porque entrar no texto de Heidegger sem nenhuma ajuda é uma árdua tarefa. Eu costumo fazer seminários, mas eles já pressupõem um conhecimento de filosofia.

Sobre‘Ser e Tempo’

Este volume oferece, em edição bilíngue (alemão-português), a Primeira Parte incompleta de um tratado concebido para abranger duas grandes partes. Esse texto, denominado Ser e tempo, é amplamente considerado a contribuição maior daquele que muitos têm como o principal filósofo do século XX.
Fausto Castilho — que frequentou o curso de Heidegger na Universidade de Friburgo, transformado no livro Que significa “pensar”?, e o seminário de Eugen Fink sobre a Monadologia de Leibniz — é o responsável por esta tradução que constitui um marco na história da recepção desta obra no Brasil.
Serviço
Autor: Martin Heidegger
Tradução, organização, nota prévia, anexos e notas: Fausto Castilho
Ficha técnica: 1a edição, 2012
Páginas: 1200 páginas
Formato: 16 x 23 cm
Editora da Unicamp
Coedição: Editora Vozes
Área de interesse: Filosofia
Preço: R$ 160,00 (de 5 a 28 de setembro, por R$ 96,00 nas livrarias da Editora da Unicamp, na BC e no IEL

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

cada coisa ...




do Blog de Roberto Romano


QUINTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO DE 2012


Roberto Romano: Enviado pelo amigo Alvaro Caputo. Como não sou adepto do direito natural e acho que a natureza, deixada a si mesma, é um horror continuado, sou contra a passagem das formigas aos humanos. Enfim...


Na verdade o autor professa uma sociobiologia arcaica que nem Edward Wilson concordaria. Wilson era mais culto. Primeiro: não sou anti animal, mas penso que o sinal de igualdade entre nós e os animais, no caso desse texto, é somente para propor uma eugenia aos velhos.

Segundo: biólogos como Bárbara Smuts (que estudou babuínos na Tanzânia mais de 20 anos) aproximam o animal do humano em sua dimensão de solidariedade. Sim, os babuínos são solidários, não matam os mais velhos, cuidam deles. Um bom livro também é de Franz de Waall, A era da empatia. 

Terceiro: faz bem conhecer o livro de Jhon Coetzee, A vida dos animais, para não nos alienarmos na ideia homem é igual a formiga. 

Quarto: não sei, mas é para se perguntar se todas as espécies de formigas são iguais. 

Quinto: este texto é bem primário. Pega Wilson como argumento de autoridade e é só. Simples assim. Mas o mundo em que está discussão se dá é bem mais rico. Nota zero. 

Marta Bellini

Uma sociedade em que os idosos explodem

23 de agosto de 2012 
Fernando Reinach (estadao.com.br)
Para os animais sociais, os idosos podem ser um problema. Como o bem-estar da comunidade depende do trabalho de todos os membros, os idosos, por terem uma menor capacidade, contribuem menos para o grupo. Entre os Homo sapiens(nós) esse problema foi resolvido com o sistema de aposentadoria. A solução é compatível com nossa organização social por causa da grande ligação afetiva que existe entre as gerações.
Além disso, acreditamos que existe um grande valor no conhecimento acumulado pelos mais velhos durante sua vida. Imaginar que soluções semelhantes existam em outras sociedades complexas é um engano. Entre as formigas, as trabalhadoras mais velhas se dedicam à defesa do formigueiro, uma tarefa de alto risco que geralmente leva à morte. Do ponto de vista biológico faz pouco sentido sacrificar os jovens, que têm um alto potencial de contribuição, se existem indivíduos mais velhos que já não podem contribuir com o bem-estar do formigueiro.
Como disse Edward O. Wilson, um famoso estudioso das formigas: "Enquanto nós enviamos machos jovens para o campo de batalha, as formigas enviam senhoras idosas". Mas agora foi descoberto um processo ainda mais estranho em uma sociedade de cupins. Ao envelhecer, os animais se transformam em verdadeiras bombas ambulantes. Quando atacados por invasores, explodem. É o suicídio dos idosos em prol da segurança do grupo. Sem dúvida, um fim nobre em uma sociedade em que o afeto não existe.
Os Neocapritermes taracua são uma espécie de cupim que vive em florestas tropicais, no interior de troncos de madeira em decomposição. Observando esses animais, os cientistas verificaram que uma parte dos trabalhadores possuía duas manchas azuis nas costas, localizadas na junção do tórax com o abdome. Ao longo da vida, esses insetos sofrem diversas mudas (trocam de casca) à medida que crescem. Mas, apesar de trocarem todo seu esqueleto (que nos insetos está por fora do corpo e é chamado de exoesqueleto), as mandíbulas não são trocadas.
As mesmas mandíbulas são usadas durante toda a vida do animal. Com o passar do tempo, as mandíbulas se desgastam e vai ficando difícil para o animal cumprir suas tarefas. Esse desgaste das mandíbulas foi medido pelos cientistas e serve como uma indicação da idade do animal. O que foi observado é que, à medida que os animais envelhecem, surge essa mancha azul, que vai crescendo e inchando. Parece que o animal está carregando nas costas uma mochila azul.
Quando o ninho dos N. taracua é atacado por inimigos, os membros idosos do grupo, com sua mochila azul nas costas, podem ser observados na primeira linha de defesa. Eles são muito mais agressivos e atacam imediatamente o inimigo. Ao serem mordidos pelo inimigo, a mochila azul explode e espalha seu conteúdo gosmento e tóxico sobre o inimigo. Os cientistas observaram que também é possível induzir a explosão desses insetos-bomba com um pinça - basta apertar o corpo do animal, simulando uma mordida.
Método. Usando esse truque, os cientistas conseguiram isolar o "explosivo" azul presente nas mochilas. Ele é composto por uma proteína que se liga a íons de cobre (por isso é azul) e diversas enzimas poderosas produzidas pela glândula salivar do inseto. Os cientistas ainda não sabem como essa meleca grudenta elimina o inimigo, mas a observação dos combates entre os velhinhos azuis e os invasores mostra que o método é eficiente. No passo seguinte, os cientistas estudaram a anatomia das mochilas azuis. Elas são sacos que se formam na costas do inseto e o material azul acumulado no seu interior é produzido por uma glândula que se desenvolve com a idade e tem a função específica de produzir o "explosivo" azul. Quando as mochilas explodem, elas também libertam o conteúdo das glândulas salivares que se localizam exatamente abaixo da mochila. Nesses animais mais velhos, as glândulas salivares estão repletas de enzimas digestivas, uma vez que as mandíbulas já desgastadas não permitem que os vovôs mastiguem eficientemente a madeira do tronco onde vivem.
Esses resultados demonstram que nessa espécie de cupim, durante o processo de envelhecimento, os animais, além de perderem sua capacidade de trabalho, passam por mudanças profundas, desenvolvendo essa nova glândula, produzindo seu conteúdo azul, acumulando as enzimas da saliva e se transformando lentamente em verdadeiros "velhos-bomba". Tudo isso para se prepararem para sua última tarefa, defender o ninho do ataque inimigo, explodindo gloriosamente.
* BIÓLOGO
MAIS INFORMAÇÕES: EXPLOSIVE BACKPACKS IN OLD TERMITE WORKERS. SCIENCE,  VOL. 337,  PÁG 436,  2012

domingo, 19 de agosto de 2012


17.8.12

Baixar salários?

do Blog de Joana Lopes

Através da ATTAC Maiorca, cheguei a este texto de Vicenç Navarro, cuja leitura na íntegra recomendo: ¿Bajar los salarios para salir de la crisis? 

Alguns excertos: 

 «Un dogma que se ha extendido en los establishments financieros, económicos, mediáticos, académicos y políticos de España es que para salir de la crisis hay que bajar los salarios. (...) El argumento que se utiliza para justificar tales medidas es que, al no poder devaluar la moneda (posibilidad denegada a los países de la Eurozona al tener todos ellos la misma moneda) a fin de abaratar los productos y hacer al país más competitivo, la única solución que les queda a tales países que están en recesión es abaratar los productos a base de disminuir los salarios. De esta manera serán más y más competitivos y venderán más productos, exportando más y más, convirtiendo tales exportaciones en el motor de la economía, permitiendo así que salgan de la recesión. (...) 

Tal dogma, como todos los dogmas, se basa en fe en lugar de evidencia científica. En primer lugar, incluso si aceptáramos por un momento la necesidad de devaluación doméstica, tal bajada de los costes de producción puede hacerse a base de reducir los beneficios empresariales, en lugar de los salarios, posibilidad que casi nunca se menciona. Y cuando, raramente se hace, es para descartar tal posibilidad pues –según ellos- ello desincentivaría la inversión. (...) 

En España y en Portugal, sin embargo, las exportaciones sí que han crecido sobre todo a partir del 2009. Tal crecimiento sin embargo no ha sido suficiente para reavivar la economía de tales países. En ambos países, la gran destrucción de empleo (en parte responsable del aumento de la productividad), consecuencia de las políticas de austeridad y de la gran bajada de salarios, ha creado una recesión tal que el aumento de las exportaciones no ha sido suficiente para estimular de nuevo la economía. La bajada de salarios que en teoría está aumentando las exportaciones está a la vez deprimiendo la economía doméstica, venciendo esta última a la primera.(...) 

Frente a un sector exportador vivo, existe una economía doméstica paralizada por una enorme falta de demanda, creada por la confluencia de bajada de salarios, destrucción de empleo, y reducción de gasto público. Esta fue la situación en Latino América en el periodo neoliberal y ésta es la situación en los países PIGS ahora (convertido en GIPSI, con la inclusión de Italia). (...) 

La respuesta del establishment alemán no es estimular la demanda en Alemania y en los otros países de la Eurozona sino al contrario. Sus políticas públicas están recortando los salarios de los trabajadores alemanas y (presionando a través del Bundesbank y, por lo tanto, del BCE) de los trabajadores de los países periféricos de la Eurozona, conduciendo al precipicio a toda la Eurozona. Se inicia así una competición para ver quién paga menos a sus trabajadores. Estos son los costes de continuar creyendo en el dogma neoliberal. Pero como bien ha dicho la Organización Internacional del Trabajo, en su respuesta al informe del BCE, tal estrategia llevará a una depresión no solo europea sino mundial.» 

Sindicalista de dois senhores


do Blog de Roberto Romano


Resposta ao Proifes e ao sindicalista dos dois senhores

mai 27, 2012 by     109 Comentários    Postado em: Educação
No ano passado fiz um estudo (que recentemente foi atualizado), falando do salário dos professores das Federais, na categoria Adjunto 1, mostrando que hoje é menor que 1998. Ali considerei o valor final do salário, incluindo as gratificações, deflacionando pelo IPCA (disponível no IPEA DATA).
Pois bem, o Professor Gil Vicente, sindicalista profissional e bajulador oficial do Governo, fundador do Proifes (sindicato paralelo nacional, adepto à entrega ao Governo), resolveu enviar um email a todos os filiados ao braço Governamental Sindical, me criticando abertamente, acusando de ter feito um gráfico errado, além de outros adjetivos que poderão ver no email abaixo.
Não tenho problemas com críticas, mas em respeito à verdade gostaria de dizer algumas palavras.
Reafirmo que o gráfico que fiz está CORRETO, e considero o salário cheio do Adjunto 1. Este cidadão deve ter se baseado em alguma informação do sindicato abduzido que ele comanda nacionalmente. Ele é quem está distorcendo informações a serviço do Governo.
Provavelmente não deve ter considerado a GED (Gratificação de Estímulo à Docência) cheia. Ou então considerou outra categoria. No meu caso utilizei a de Adjunto 1, que é a porta de entrada de um professor com Doutorado.
Estes são os gráficos a que o Senhor Gil Vicente se referiu.
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Mas o estudo e o post que fiz ontem correu em várias listas de email (o Blog está com mais de 40 mil visitantes apenas hoje), incomodando o Senhor Gil Vicente, a ponto de sair de seu sofá para tentar me desqualificar.
Vou colocar abaixo o email enviado por ele aos colegas do Sindicato Chapa-branca. Volto em seguida.
De: Gil Vicente Reis de Figueiredo 
Data: 27 de maio de 2012 17:47
Assunto: Re: Proifes.Sindicato Greve nas federais promete ser longa
Para: proifes-sindicato@googlegroups.com

Colegas,

O professor do blog precisa refazer seu doutorado em finanças, em especial no que diz respeito à especial habilidade de elaborar e interpretar gráficos. O dele, que fala em perdas reais dos docentes, se considerado 1998 como ponto de partida, está errado. Não sei se por má fé, por incompetência ou por uma combinação de ambos. Além disso, as referências ao PROIFES são lamentavelmente simplórias, equivocadas e mentirosas.

Se observarmos a evolução dos valores dos salários reais dos professores adjunto 4, com doutorado, a partir de 1998 (ver arquivo anexo, devidamente fundamentado com todos os dados sobre a inflação e sobre os reajustes ocorridos desde então), veremos que em instante nenhum, até o momento, esses salários reais ficaram abaixo do patamar de 1998. Se considerarmos que, com a criação da classe de associado, os docentes da ativa puderam progredir, então o aumento real de salários é muito significativo (ver gráfico anexo, igualmente).

É óbvio que um erro não justifica outro e nada disso faz com que seja menos grave a perspectiva de eventual descumprimento do acordo de equiparação dos nossos salários com os da Ciência e Tecnologia, conforme já apontado pelo MPOG há quase dois anos. Isso está sendo e continuará a ser duramente cobrado do governo com toda a ênfase e os nossos sindicalizados decidirão o que fazer se não formos bem sucedidos. São eles a nossa referência.

Bom final de domingo a todos,
Gil.
* * *

Em 27 de maio de 2012 14:55, Lucio Olimpio de Carvalho Vieira escreveu:

Bobinhos esses garotos. Discurso velho. Se a Andes fosse forte e a greve real por que estao preocupados com o Proifes ?
Quem é o Senhor Gil Vicente e o Proifes?
Gil Vicente é daqueles profissionais de Sindicato. Ele não precisa entrar em greve, já que não dá aulas. Está à disposição do “Sindicato” forever and ever.

Mas algumas curiosidades permeiam a vida deste senhor barbudo da foto acima.

Como não conseguia ganhar a eleição para o Andes, seu grupo criou em 2005 o Proifes, como forma de abrir diálogo com o Governo. O Proifes é uma espécie de sindicato paralelo. Confesso que acreditei que isso iria ajudar, já que o Andes não conseguia se encontrar nas negociações.

Mas Gil Vicente, que segundo informações é filiado ao PT, leva uma dupla jornada.

Participa de negociações com o Governo através do Proifes (onde é praticamente o dono) e recebe um agrado do Governo via convênio para fazer algo que só ele sabe fazer: “estudar um Plano de Cargos e Carreira”.

O valor do Convênio? R$ 370 mil do meu, do seu, do nosso suado dinheiro em impostos.

Duvida que isso é verdade?

Pois o Senhor Gil Vicente ainda recebeu parte dele como Pessoa Física, basta ver no Portal da Transparência.

É o que o Presidente do Andes chamou de “Bolsa Sindical”.

gil
O Ministério Público Federal está investigando o repasse ao Sindicalista dos Dois Senhores.

Um dia negocia com o Governo em nome de milhares de professores e no outro vai prestar a consultoria ao próprio Governo sobre como fazer isso.

Como disse com muita propriedade o ex-presidente do Andes, Ciro Correia: “Como é possível que a pessoa que vai à mesa de negociações do Ministério do Planejamento seja a pessoa contratada pelo mesmo ministério para uma pesquisa que envolve os interesses dos professores federais?”. Ele ainda completa: “”Em qualquer outro lugar do mundo um contrato desse tipo já teria sido de motivo de escândalo público. Mas aqui não aconteceu nada.”

Isso aí é o que podemos chamar de “Sindicalismo de Resultados”, pelo menos para o Senhor Gil Vicente o resultado é positivo.

Mas como diz o seu colega de “sindicato”, o Professor Gaúcho Lucio Olimpio de Carvalho Vieira, em resposta ao amigo Gil Vicente: “Bobinhos esses garotos”.

Realmente, comparando-se a estes senhores, somos muito bobinhos.