Do coração e outros corações

Do coração e outros corações

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Cannabis: Luta cultural, política e apreciações generalizadas

Do Blog PASSA PALAVRA AQUI
A tempestade se acirrava e as folhas das árvores e a maconha eram as alternativas para boicotar a indústria. Por Rafael M. Zanatto

Quando um cego grita pra outro cego, os dois
tropeçam na mesma pedra
.
Vincent Van Gogh
De volta, com os dois pés firmes no chão, na terra que um dia foi dos papagaios. Trago mais que um “trago” de lembranças de Amsterdam. Mas não esqueci por lá a sistemática, que por mais que queira dissolver, ela corrói por dentro todas as possibilidades de criação. Vai e volta desgraçado, que não consegue falar das bicicletas que rasgam a cidade pra lá e pra cá. Mas os carros são pragas que não morrem fácil. Alguns persistentes motoristas se arriscam a atropelar uma multidão de ciclistas. As regras já estão incorporadas e qualquer deslize, qualquer desatenção, como atravessar desavisado pela ciclovia, uma voz que rasga o vento velozmente de pronto adverte-lhe: Veja por onde anda! O sistema é planejado, a cidade, plana, os canais, cheios de água e barcos, casas que flutuam. Flores de todas as espécies, multicoloridas, pés de maconha em escolas de cultivo. Turistas, quantos turistas para conhecer a cidade “mais livre do mundo”, onde a prostituição é legalizada e a maconha, se pode fumar em cafés.

Red Light District - Amsterdã
Red Light District - Amsterdã
Estarei eu falando do falanstério de Fourier ou da Utopia de Morus, que adormece ao som de Blues e acorda ao som de Jazz? Relíquia da contracultura, Amsterdam é mais que cidade de malucos, pervertidos, drogados de todas as espécies, turistas da droga que se reúnem como os bucaneiros na ilha de Tortuga. É uma cidade palco de lutas acirradas entre a população e as forças reais. Juventude, vontade, anos 60. Um amontoado de provocadores, vanguarda estética, happenings no menino de Lieverdje, escultura de Carel Kneuman na praça da Spui. Bela oferta da indústria do tabaco. A opulência holandesa insuflava o anticonformismo e a tradição anarquista florescia na mente de um grupo que se denominou “Provos”, mas não se conteve na luminosidade insuficiente da vanguarda. A desobediência civil alastrou-se e as lutas culturais foram violentamente reprimidas a golpes de sabres. Membros decepados adubariam o solo holandês. A juventude incendiária não se esquivaria de intervir no espetáculo e a imagem foi-lhes o instrumento.
Seria uma desilusão com a indústria e com o consumo? Pergunta retórica, a passividade saía de moda e logo as manifestações estéticas contra a indústria e propaganda empesteavam a cidade maçã. Contra a indústria do cigarro, levantou-se Robert Jasper Grootveld, fundador de um templo que tinha como ritual a execução de Happenings contra o vício disseminado e inconseqüente da nicotina. Do templo “Dependência Consciente da Nicotina”, os transeuntes podiam ouvir os fiéis entoando mantras como “cof cof cof”, e os K’s negros espalhavam-se pelos cartazes da indústria do tabaco em Amsterdam. A atividade de Grootveld rendeu-lhe duas prisões, mas os Kanker não saíam com uma pancada de chuva.

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Robert Jasper Grootveld em happenings no menino de Lieverdje
A tempestade se acirrava e as folhas das árvores e a maconha eram as alternativas para boicotar a indústria. Pobres empresários do tabaco. O que teriam feito eles para ser alvo de tanto estardalhaço. Eram eles o símbolo da manutenção do status quo, a empresa onde poderiam trabalhar pelo resto de seus dias em uma máquina desgraçada que não cessava em explorar as forças vitais de seus trabalhadores. A revolução cultural estava em curso e na estátua do pobre menino de rua, tornou-se o epicentro de uma turba de baderneiros pervertidos, e não se enganem anarquistas profundamente influenciados pelo dadaísmo e afinados com as tendências artísticas de seu tempo. O dadaísmo de Grootveld tomava o menino de Lieverdje, palco de danças, fogueiras, teatros, jogos e discursos dos mais absurdos, em contestação à estética discursiva dos políticos profissionais.
O vazio de ter tudo menos a liberdade de fazer tudo proporcionou uma mistura química fabulosa para a movimentação explosiva. Os sabres só ampliavam a insatisfação da juventude, que de ter tudo, nada mais tinha a perder. Os profetas faziam fila e logo uma comunidade de idéias fazia da repressão às suas atividades o motor propulsor para seu desenvolvimento. Duijin e Stolk lançam às ruas a revista “Provos”, distribuindo-as clandestinamente no meio dos jornais conservadores. A revista defendia uma conduta anti-social, o nomadismo, a arte, a ecologia e o fim da monarquia; resposta violenta ao consumismo levado às últimas conseqüências. Sua plataforma política concentrava-se em substituir a “caixa peidorenta de ferro” pelas bicicletas brancas, espalhadas pela cidade para uso público e gratuito, doadas pelos freqüentadores da Spui. A emancipação sexual, a legalização da maconha, o fim da propriedade privada e de qualquer forma de proibição estava entre as linhas gerais dos planos da juventude, que se aglomerava entorno dos Provos.

Provos introduz as bicicletas brancas
Provos introduz as bicicletas brancas
O jornal conservador Telegraph em 1991 lamenta que “a sociedade holandesa nunca se recuperou das loucuras hippies, do “Flower Power” e das viagens para fora da realidade provocadas pela droga. Enquanto todas as sociedades ocidentais foram trazidas de volta à Terra, a sociedade holandesa ficou nas nuvens”. Discordar do Telegraph não basta e o argumento ideológico demonstra-nos ser insuficiente para analisar. Cabe um empirismo naturalista, o olhar do estrangeiro que provém de um país conservador que impede marchas, fecha universidades, destina a verba pública a aprisionar grande parte de seus cidadãos. Os críticos do Telegraph se esqueceram de mencionar que Amsterdam é um grande playground do consumo de drogas. Tem pra todos os gostos, sabores, haxixes em pacotes ou na balança. Coffee shops para maconheiros locais, para fumadores do mundo, para desavisados que nunca puxaram um fumo e que chegam sem saber fazer um cigarrinho. O Coffee Shop Central é um café que serve para velhos marujos e estivadores. A qualidade do produto é melhor e a forma de venda é mais simples. Um grande brutamonte de cabelos longos lhe apresenta seus produtos de cores das mais amarronzadas às mais negras, requerendo o passaporte. Já em outros, como o “Bulldog”, mais para marinheiros de primeira viagem, há também baseados bolados em cartelas, algo que achei extremamente tragicômico, mas acessível a um grande número de turistas que superam suas convenções sociais para saborear a erva proibida. Ali, o paraíso não lhes será tomado. Não se peca onde a legalidade da cannabis impera. As lojas de souvenires estão por todos os lados e a temática da cultura cannábica está totalmente mercantilizada. Lojas de sementes especializadas são os melhores lugares para comprar as premiadas no “Cannabis Cup”. Até a idéia das bicicletas provocadoras foram apropriadas pelo mercado e muitas empresas as locam para os turistas. A revolução cultural parece ter sido totalmente apropriada pela cultura do consumo e Amsterdam lhe é monumento.
A vitória parcial das lutas culturais e ou ecológicas se faz a partir de sua imediata inserção na lógica da sociedade do consumo, e este parece ser os objetivos das lutas de nosso tempo. Esse tempo sem ideologia. O pluralismo transforma-se na tábua de salvação do pensamento político, uma ideologia de uma era sem ideologia. Isso não quer dizer que as noções de diversidade não são falsas nem contestáveis. O mundo natural, o físico e o cultural são caracterizados pela diversidade, e nos regozijamos mais com as diferenças do que com a uniformidade, mas essas idéias não podem ser encaradas com dogmatismo, e a abrangência do termo fundamentado pela inclusão, é uma política que parece substituir a política. Se tudo é político, se tudo é cultural, tudo o é e nada existe ao mesmo tempo e esta combinação me parece o campo fértil para florescer a conformidade. Não devemos nos esquivar do fato de que a ascensão das lutas culturais está associada ao declínio da utopia, um indicador do esgotamento do pensamento político interessado nas transformações estruturais que eliminem a exploração do homem pelo homem. Maldito refluxo histórico. A partir do momento em que a cultura é definida como um conjunto de ferramentas, códigos, rituais e comportamentos, cada grupo ou subgrupo, e não apenas cada povo, terá sua cultura. Múltiplas culturas no interior da sociedade do consumo, a repousar sobre as mesmas infra-estruturas. O segredo da diversidade cultural parece ser sua uniformidade econômica e política.
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Desenho de Calma
As lutas culturais, em específico, as antiproibicionistas ou pela legalização da maconha, não se interessam pela revolução cultural, e sim batalham por um espaço para respirar fora da ilegalidade. A cultura cannábica está a todo o vapor, e produz lucros fabulosos nos países em que está legalizada. O comércio é dos mais lucrativos, mas a opção proibicionista lucra com a ilegalidade, e como efeito colateral: violência generalizada. Há mais de meio século, a guerra contra as drogas nos moldes dessa civilização padronizada e globalizada é das que mais cometem o assassínio e o encarceramento. Quem está a ganhar com essa máquina diabólica? É melhor saltarmos de cabeça nos anos 20, história dos nossos grandes amigos estadunidenses. É necessário dizer que, tanto lá quanto cá, a proibição assenta-se em uma ideologia profundamente moralista e sem escrúpulos, interessada na contenção social de grupos minoritários como os negros, indígenas, e nos states, também dos mexicanos. Mas a depressão que se seguiu ao crack da Bolsa de New York e com o New Deal, as minorias começaram a ascender socialmente, ocupando espaços na sociedade reservados aos brancos, e naturalmente, trazem consigo nesta escalada o hábito de consumir maconha, e seu uso começa a se disseminar entre os brancos. Além da questão racial ou moral, devemos compreender que a proibição não se fez apenas no campo ideológico, mas também com a atividade de uma burocracia montada para atender as demandas da política de repressão ao consumo de álcool. A lei seca dos anos 20 criou dois aparelhos mastodônticos: a máquina burocrática federal, encarregada de coibir o tráfico de destilados alcoólicos e o crime organizado, que auferia grandes lucros com o mercado negro de bebidas.
Nos anos 30, ambos os grupos se aperceberam que a liberação do consumo de álcool era inevitável e passaram a trabalhar na manutenção de seus lucros e privilégios. As campanhas da Liga da Decência serviram de plataforma para J. Edgar Hoover ascender à chefia do FBI, a partir de seus sucessos estratégicos contra o comércio de bebidas. Esse superburocrata amealhava poder a partir da máquina de estado e afirmava possuir um arquivo secreto com todos os podres dos políticos estadunidenses. Anslinger, seu antigo adversário, na luta pela sobrevivência pessoal após o fim da lei seca, é nomeado para o cargo de comissário do Bureau de Narcóticos e se apercebe do enorme potencial de suas novas funções, sendo capaz de gerar espaços maiores que a proibição do álcool.
cannabis5A orquestração proibicionista, composta pelo crime organizado e brancos racistas, encontrou em Anslinger seu maestro. Articula um lobby conservador na assembléia dos deputados e garante, graças às suas influências e pressões, amplos espaços na imprensa. Ele cria o problema, atemoriza com as conseqüências eventuais e goza as glórias de combatê-lo. Com o Marihuana Tax Stamp Act, a maconha é proibida em todo o território americano, e temos como conseqüências imediatas a reativação de departamentos fechados com o fim da lei seca a partir da liberação de pesados recursos e Anslinger tem novo cacife para sustentar seu ego na luta contra Hoover. Mas as coisas não param por aí e recrudescem as manifestações racistas contra latinos e negros, que estariam a envenenar a laboriosa juventude americana. E, por fim, o crime organizado logra sustentar sua grande estrutura, tão duramente montada nos anos de repressão aos alcoólicos, através da expansão e aumento dos lucros, como a colocação de opiáceos no mercado. Os preços da maconha vão aos céus, e a maconha torna-se a porta de acesso ao tráfico. Na ONU, a erva é inserida na Carta de Princípios como inimiga a ser combatida e debelada, e os traíras da vez foram os EUA, Venezuela, Brasil e Gana.
Pra acabar com esse texto de uma vez, cabe dizer que o uso da cannabis está completamente dessacralizado, sem rituais preestabelecidos [salvo muitas exceções], mas passível de ser adquirido nas esquinas, para o consumo hedonista, como recurso de lazer ou recurso estimulador da criatividade, ou indiretamente, num gesto de recusa aos padrões estabelecidos. Também não se encontra maciçamente incorporado nas práticas médicas, mas as pesquisas avançam e é ela a erva largamente recomendada para reduzir as náuseas e aumentar o apetite, geradas invariavelmente pelos tratamentos de câncer, e aos poucos os artistas reincorporam-na em seu processo de criação. Mas afinal, o problema reside em sua maior parte na proibição, que mantém a alta lucratividade do sistema de segurança, enquanto a saúde pública fica às moscas, ou reduzida a conglomerados de clínicas privadas para o tratamento de dependentes. Os religiosos que me perdoem, porque aqui não vou falar do uso religioso da maconha, não por ignorar a questão, mas para me concentrar exclusivamente no uso da diamba e das outras drogas na sociedade do consumo. Nessa modalidade social, desprovida de rituais ou ordenamentos de uma coletividade específica como o clube de diambistas do Maranhão, aparece como problema o vício. Então vamos ignorar cinco mil anos de história e nos concentrar nessa história do tempo relativamente presente.

Burroughs por Alberto Ponticelli
Burroughs por Alberto Ponticelli
Ninguém mais soube sobre drogas no ocidente do que William S. Burroughs, pelo menos é o que se diz nos guetos sobre o mais ilustre viciado de nossa cultura. O maior dos junkies, viciado em heroína e em tudo o que se pudesse provocar qualquer sensação distinta da cruel realidade. Freqüentador das casas de ópio, antes de Nick Tosches pudesse decretar seu fim. Mas não é porque um turista americano não as encontrou que elas deixaram de existir. Burroughs no Marrocos buscava nos opiáceos o tratamento de seu vício em heroína. Em 1953, Burroughs fizera a mesma busca na América do Sul, ali pro lado do Equador. E disponibiliza aos leitores as representações sobre o que sentia durante o período de desintoxicação. “Paranóia do início da abstinência… Tudo parece azul… Carne morta, pastosa, descorada” e nos pesadelos da abstinência podia ver “um café forrado de espelhos. Vazio… À espera de algo… surge um homem na porta lateral…um árabe baixo e franzino” e por aí vai a alucinação desse pesquisador, em busca da cura do vício em heroína. Durante sua busca, vê no Yage a possibilidade de abandonar as três picadas diárias. O colecionador levava consigo uma mala de substâncias das mais variadas, para controlar todos os impulsos possíveis de seu corpo. Em busca do líquido que o desintoxicaria, buscou os xamãs, que, para ele, prepararam a tão buscada poção. Mas, ali, naquele culto ritualístico, Burroughs sofre com as náuseas provocadas pelo chá, efeito que hoje se sabe esperado quando a substância entra em contato com um organismo intoxicado. No caso deste escritor de quem examinamos a trajetória, nada mais certeiro do que o chá o derrubar no chão e o fazer vomitar, devendo ele aceitar a ação daquela substância para completar o rito.
Porém, Burroughs, em sua obsessão por estar no comando de seu corpo como uma máquina, ingere em meio à crise substâncias industrializadas, cujo efeito pode controlar seus espasmos e náuseas. Neste episódio narrado em uma carta para Allen Ginsberg, ficam evidentes os limites entre rito e uso ocidental. Burroughs constitui em si uma metáfora da separação entre ritual e entretenimento. Em contrapartida, florescem estruturas de sociabilidade, transpassadas por fluxos e impulsos aleatoriamente humanos. O uso ocidental ou na sociedade do consumo das drogas é hoje uma cultura, não apenas da cannabis, mas todas as outras, inclusive das legalizadas como o álcool e o cigarro. São lutas culturais que têm por objetivo a legalidade, suprimindo as políticas proibicionistas em benefício da saúde, da qualidade de vida, educação, da criação legal de um mercado, que aponta talvez para uma atenuação da violência gerada pela guerra às drogas.
A luta cultural dos anos 60, contra o “American Way of Life”, valeu-se das drogas como instrumento político, como possibilidade de emancipação pessoal e coletiva, direitos civis, liberdade. Mas essa onda quebrou, deu tudo de si, e retrocedeu, restando apenas os resquícios de seu impacto na costa. O que Hunter S. Thompson metaforiza acima é a recuperação das lutas sociais pela sociedade do consumo. As lutas hoje não lutam pela transformação da sociedade embasada em um sonho hippie, de amor. Já se foi a época das revoluções, mas elas não parecem cessar de reflorescer, dando profundos impulsos pra frente. O que cabe é saber até que ponto a infra-estrutura está pronta para recuperar os impactos da luta social. Não podemos vislumbrar um futuro sem analisar esse movimento, e as lutas da cultura cannábica ou das drogas em geral não pretendem criar um modelo infra-estrutural, mas transformar a sociedade em noções embasadas em um número bastante grande de pesquisas atualizadas, para reduzir ou abolir a política de “guerra às drogas”, transferindo seus onerosos custos para o investimento em saúde pública. Tal noção construiu-se historicamente diante do completo fracasso da política de Anslinger.
cannabis6A sociedade brasileira, especialmente as autoridades da PUC, parecem ignorar que eles não podem segurar um processo histórico que cresce a todo o vapor, e o impedimento do “I Festival de Cultura Canábica” é mais uma pequenina pedra na luta pela legalização. Mas devemos entender que as lutas a favor da legalização não são recentes, e se estendem desde sua proibição. Um exemplo é o “I Simpósio Carioca de Estudos Sobre a Maconha”, realizado na IFCS – UFRJ em 1983, durante o período da abertura política no Brasil. Existiam também associações para a defesa de usuários outrora presos e agora presos até segunda ordem. Cabe aos movimentos culturais prosseguirem os trabalhos, e às autoridades, mais coerência. Devemos ampliar a estratégia que vem tomando cada vez mais corpo, que é a ebulição de células de debates. O caminho que nos conduz a uma sociedade democrática deve ser o mesmo que liquida a ignorância e a desigualdade de seu seio.
Livros para desfazer a neblina, mas não tanto
Provos: Amsterdan e o Nascimento da Contracultura - Matteo Guarnaccia
Cartas Do Yage - William Burroughs & Allen Ginsberg
Almoço Nu - William Burroughs
O Barato da História - Elizabeth Remini
Diamba Sarabamba - Anthony Henman & Osvaldo Pessoa Jr.
O fim da utopia: Política e cultura na época da apatia - Russel Jacoby

Iraque, Irã, Sérvia, Afeganistão....

Flagrantes Delitos

do Blog Passa Palavra aqui

Matar devagarinho (2)
Segundo estimativas de várias organizações, as tropas estadunidenses terão largado no Iraque, só na Primeira Guerra do Golfo, em 1991, cerca de 800 toneladas de urânio empobrecido, usado em invólucros de bombas e em blindagem de veículos. Esse urânio tem uma persistência de radioactividade (“meia-vida”) de 4.500 milhões de anos. Os destroços de metal e as poeiras resultantes das explosões contaminam as pessoas (incluindo os soldados estadunidenses) e o ambiente, isto é, todo o ciclo biológico. Desde 1991, a taxa anual de casos de cancro no Iraque aumentou dez vezes; o número de recém-nascidos com deformações também. O mesmo, embora em menor escala, acontece na Sérvia, no Montenegro, no Afeganistão, e agora na Líbia. 17 países têm essas armas nos seus arsenais. Passa Palavra
Marco Jacobsen
cap-tirado do SOLDA

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Benett
Cap-tirado do Blog do SOLDA

Palestina

domingo, 30 de outubro de 2011

«O casamento entre capitalismo e democracia acabou»?

do Blog de Joana Lopes, Entre as brumas da memória aqui
 
Imagem: Gui Castro Felga
Uma entrevista a Slavoj Žižek, a ser ouvida na íntegra, goste-se muito, pouco ou nada do controverso pensador esloveno. Nada optimista, mas concluindo que «estamos a viver e a aproximarmos de tempos muito interessantes»: «o campo está aberto».
«Penso hoje que o mundo está a pedir uma alternativa. Gostaremos nós de viver num mundo em que a única existente seja escolher entre o neoliberalismo anglo-saxão e o capitalismo sino-singapureano com valores asiáticos?

Julgo que, se nada fizermos, nos aproximaremos de um novo tipo de sociedade autoritária. É aqui que vejo a importância do que está a acontecer hoje na China: se até agora havia bons argumentos para o capitalismo, mais tarde ou mais cedo chegaram exigências de democracia…

O que temo é que, com este capitalismo com valores asiáticos, venhamos a ter um capitalismo muito mais eficiente e dinâmico do que o nosso, ocidental. Mas não partilho a esperança dos meus amigos liberais - dêem-lhe dez anos e haverá uma nova Tiananmen Square . Não: o casamento entre capitalismo e democracia acabou.»

Os anônimos na pesquisa....

Jornal da USP.

A ética e o assessor anônimo

do Blog de Roberto Romano
Publicado por admin - Monday, 24 October 2011
TIBOR RABÓCZKAY
A Fapesp e o CNPq criaram, recentemente, códigos de conduta para cientistas, visando a prevenir eventos antiéticos como a fabricação de resultados, a falsificação de dados, o plágio, a inclusão de autores nos trabalhos sem que estes tivessem uma contribuição significativa para a realização do estudo. A repercussão na mídia reflete o crescente interesse público pela ciência e a atividade dos cientistas. Preocupação ética mais antiga com a atividade científica foi originada pelos produtos que ameaçam a humanidade ou a natureza, como os agrotóxicos ou armas.
Acompanhando a tendência global, introduzi, em 2008, na pós-graduação no Instituto de Química da USP, a disciplina Ética Para os Profissionais de Química, envolvendo a discussão de problemas originários do questionamento público e da vivência dos próprios cientistas, orientadores e alunos de pós-graduação. Revelou-se como figura de destaque nas discussões o assessor anônimo, personagem não contemplada nesses códigos de conduta. Como sabemos, a análise de projetos de pesquisa, solicitações de bolsa, verba para a aquisição de equipamento de pesquisa, o financiamento de viagens junto aos órgãos financiadores dependem quase que decisivamente do parecer de assessores ad hoc, cuja identidade é mantida em segredo. É o assessor anônimo.A favor do anonimato são usados dois argumentos, discutíveis. Um, que “em todas as partes do mundo é assim”. É a falácia da “prática comum”: a defesa com base em que, se todo mundo age de uma dada maneira, então tal prática é válida. Omitem-se a análise e a crítica. Em segundo, que o anonimato do assessor garante uma avaliação isenta, visto que ele não temerá represálias e conflitos pessoais no caso de uma recomendação desfavorável. Pressupõe-se que os cientistas sejam incapazes de manter a objetividade ao analisar projetos de seus pares em procedimento aberto e que os solicitantes não consigam aceitar objetivamente uma análise parcial ou inteiramente desfavorável a suas pretensões. Ora, na hipótese de os cientistas não conseguirem atuar objetivamente em procedimentos transparentes, é razoável supor que serão objetivos e isentos em assessorias às escondidas?
Expectativa e esperança que carecem de lógica. O segredo é solo fértil para a manifestação das fraquezas humanas das quais nem todo cientista escapa, por um lado, e o surgimento de boataria sem fim, por outro. Algumas das más práticas são constatáveis nos próprios pareceres aos quais os solicitantes têm acesso (sem assinatura do “parecerista”, obviamente). Vejamos alguns exemplos. Já ocorreu a não recomendação de pedido de bolsa de pós-doutorado no exterior, com o assessor anônimo alegando que o solicitante nunca havia trabalhado no assunto proposto, daí o trabalho no laboratório a visitar teria o aproveitamento comprometido. Pedido igual foi recusado por outro assessor (ou, quem sabe, o mesmo), porque o solicitante, já tendo trabalhado no tema, teria pouco aproveitamento com a permanência no exterior.
Da minha vivência posso citar o caso da recusa sucessiva de relatórios referentes a projeto cujo equipamento foi financiado por uma das agências mencionadas. Embora elaborados em conformidade com as exigências e anexados os artigos publicados em revistas estrangeiras indexadas, o relatório foi recusado – a primeira vez por ser sucinto, a segunda vez por muito detalhado. O assessor cometera a imprudência, ainda, de comentar com um amigo comum que “estrepei fulano” (usando, porém, termos chulos). Por motivos óbvios, respeitei o anonimato do “isento” anônimo. Mais difíceis de comprovação são as queixas de que o assessor anônimo, normalmente da mesma área de pesquisa que o solicitante, se apropriou das ideias deste e, eventualmente, “segurou” o projeto por tempo suficiente para tirar vantagem. São boatos apenas? Possivelmente.
Mais uma vez de vivência pessoal, um evento pouco lisonjeiro. Colegas que atuavam em área semelhante à minha me procuraram dizendo saber que solicitação minha a uma das agências financiadoras recebera parecer negativo. Queriam me assegurar que nenhum deles fora o assessor e me pediam que, portanto, não tomasse represálias, caso indicado para analisar pedidos deles. Acredite o leitor, a resposta gentil, de que jamais suspeitei deles, nem pensaria em desforra, exigiu considerável autocontrole.
Tratasse de casos raros, não levantaria este questionamento. Mas os pesquisadores todos sabem que o procedimento do assessor anônimo é, com certa frequência, de ética questionável. Daí, creio que – enquanto continuarmos descrentes da objetividade do cientista que atue às claras e for mantida a figura suspeitosa do assessor anônimo, salvaguardada a honra daqueles que às claras ou no anonimato, igualmente, não abrem mão da honestidade – os avanços em ética continuarão insuficientes. Isto, além da questionável alocação de fundos públicos com base em recomendações anônimas.
Tibor Rabóczkay é professor titular aposentado do Instituto de Química da USP

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Fumaças ...

As tardes, as vezes, se encarregam de dar surpresas. Ontem chegando em casa após uma rotina dura de trabalho, encontrei na TV um filme estranho. Romances e cigarros. Direção de John Turturro. Parei. Gosto dele. Turturro e os irmãos Coen. Nick, um operário de repara pontes, casado, pai de três filhas apaixona-se por uma mulher mais jovem. É uma comédia, é um filme triste. Os diálogos são sublimes. Nick fuma o tempo todo. No trabalho. Fuma a tristeza. Fuma a alegria. Fuma. Seu pulmão esfumaça-se. Dormindo em quarto separado de sua mulher, a linda Susan Sarandon, nos dias finais ele pede para a esposa que dê sustos nele. Quer se sentir vivo. No hospital, ela chega perto dele, bem quieta, levanta uma faca afiada e grita. Ele se assusta. Ainda está vivo. Diz a ela: Eu te amo. Ela: eu também. Amor e impossibilidade. Sublime.

Li no blog Revista Specullun:
Para Turturro, sua obra é uma ópera da classe operária: “Quando pessoas não têm dinheiro elas usam a música como fuga; como se fosse uma prece. Sendo um amante de Fellini, Powell, Pressburger e Buñuel me sentí à vontade para não achar que estivesse enlouquecendo. A vida não é uma comédia, uma tragédia ou um musical; mas todos esses elementos fazem parte do nosso dia a dia. De acordo com Aristóteles um drama deve ter um enredo, personagens, pensamentos, poesia, música e dança. Eu só adicionei o sexo.” (DAQUI)
 
FICHA TÉCNICA
Diretor: John Turturro
Elenco: James Gandolfini, Susan Sarandon, Kate Winslet, Steve Buscemi, Kumar Pallana, Christopher Walken, Mandy Moore, Aida Turturro, Mary-Louise Parker, Eddie Izzard, Elaine Stritch.
Produção: Ethan Coen, Joel Coen, John Penotti
Roteiro: John Turturro
Fotografia: Tom Stern
Trilha Sonora: Paul Chihara, Marilyn D'Amato

Ministério do Ex-porte!

Do SOLDA

aqui

Uia!

Cap-tirado do Blog do SOLDA aqui

Concordo. Consenso onde trabalho vem da goela dos burocratas!

Repressão

Folha de São Paulo
Flagrante de maconha vira confronto na USP
Alunos tentaram impedir que três estudantes fossem levados para delegacia; polícia usou bombas e cassetetes


Foi o 1º problema entre policiais e universitários desde que a PM passou a fazer a segurança do campus


Luiza Sigulem/Folhapress

Estudante entra em confronto com a PM na USP para impedir detenção de alunos

AFONSO BENITES
GIBA BERGAMIM JR.

DE SÃO PAULO

Um grupo de alunos tentou impedir que PMs detivessem três estudantes que fumavam maconha na USP na noite de ontem. Houve confronto. Policiais militares chegaram a usar bombas de efeito moral.
Um PM que fazia ronda na região encontrou os três fumando maconha em um carro. Ele os abordou e, quando iria levá-los para a delegacia, foi barrado por dezenas de estudantes. Segundo a polícia, os três tinham concordado em ir para a delegacia. O confronto ocorreu quando cerca de 300 universitários e funcionários da universidade faziam um protesto em frente a FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), na Cidade Universitária, na zona oeste, a fim de "blindar" os estudantes que foram flagrados com a droga.
Segundo Diana Assunção, do sindicato dos trabalhadores da USP, a repressão foi violenta, com cassetetes, gás pimenta e bombas de efeito moral. Ela disse que alguns alunos se feriram.
A PM afirma que conteve a manifestação sem violência. A corporação diz que só houve confronto porque os estudantes atacaram um carro em que estava um delegado. Segundo a PM, três policiais ficaram feridos e cinco carros da corporação foram danificados. Também de acordo com a PM, profissionais da imprensa foram agredidos.
Após negociação, os três jovens pegos com a maconha foram levados para a delegacia. Eles assinariam um termo circunstanciado e foram liberados na madrugada de hoje. Os manifestantes ocuparam o prédio da diretoria da FFLCH. O protesto continuava até a conclusão desta edição.
Esse foi o primeiro problema envolvendo policiais e universitários desde que a PM passou a fazer a segurança do campus, há 50 dias. As rondas diárias começaram após convênio entre a corporação e a USP para tentar reduzir a criminalidade no local. Em maio, Felipe Ramos de Paiva, 24, morreu vítima de um tiro numa tentativa de roubo. Parte da comunidade acadêmica é contra a presença da PM na USP. "Os alunos em geral estão irritados com as abordagens dos policiais", afirmou um estudante de letras.
"Por causa dessa confusão dos PMs algumas aulas foram suspensas hoje [ontem]", disse Marcello Pablito, membro da diretoria do Sintusp.
O reitor João Grandino Rodas não se manifestou. Segundo sua assessoria, a ocorrência era um caso policial e, por isso, a USP não se pronunciaria.
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Comentário:

Conhecemos a PM.

Seis e meia dúzia



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São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2011




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CNBB quer mudar texto de Código Florestal

Bispos católicos vão propor emenda para proteger pequeno agricultor

Entidade já criticou 'anistia' a desmatador prevista no projeto aprovado na Câmara e que tramita no Senado

NÁDIA GUERLENDA
DE BRASÍLIA

O cardeal arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB (Conferência Nacional de Bispos do Brasil), dom Raymundo Damasceno, afirmou ontem que a entidade deve apresentar uma emenda ao texto do novo Código Florestal.
O projeto, que foi aprovado na Câmara dos Deputados, aguarda votação no Senado. A CNBB já havia criticado antes a "anistia" aos desmatadores prevista no texto.
"A confederação vai apresentar uma emenda com o intuito de proteger, sobretudo, o pequeno agricultor", afirmou dom Raymundo. Segundo ele, a entidade ainda estuda o conteúdo da emenda.
O projeto do novo Código Florestal pode ser votado no Senado até o dia 8 de novembro. O relatório, que agradou ao governo, foi apresentado pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC) nas comissões de Ciência e Tecnologia e de Agricultura, na terça-feira.
Luiz Henrique retirou do projeto aprovado na Câmara a possibilidade de anistia a todos os desmatamentos em áreas de preservação permanente, como margens de rio.

REFORMA POLÍTICA
A proposta da CNBB foi anunciada durante divulgação de uma nota da entidade pela "reforma política urgente e inadiável" no país.
Segundo dom Raymundo, a confederação espera que a reforma política vá além da eleitoral, para que ajude a combater a corrupção e "sua abominável impunidade". O cardeal elogiou a presidente Dilma, que demitiu seis ministros desde o início do governo - cinco por conta de denúncias de corrupção.
"A presidente tem se mostrado coerente e clara nesses casos, tomando a atitude correta, mas preservando a inocência do acusado enquanto não se prove o contrário."

Ex-cesso de honestidade


Charge: Solda
Da FSP, Mônica Bergamo
de hoje
ALDO E O CRIME

O novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B-SP), concentrou os recursos de suas emendas parlamentares em projetos de turismo e digitais. Mas não deixou de colocar dinheiro em programas da pasta. Ao explicar a destinação de R$ 1 milhão para a "modernização" de um deles, justificou: "O esporte é a melhor arma para combatermos a criminalidade". (UIA!)
IMAGEM É TUDO

Ao relatar o Código Florestal, o agora ministro turbinou gastos de seu gabinete. Entre outras providências, contratou a consultoria de comunicação CDN para divulgar a defesa de suas ideias. Em março, gastou no total R$ 33 mil da cota parlamentar. Em setembro, quando o tiroteio arrefeceu, baixou os custos para R$ 14.995.

IMAGEM É TUDO 2
No começo do mandato, Aldo gastou a metade dos R$ 34.380 da cota parlamentar de janeiro com uma agência de publicidade de Brasília: a Link Bagg.

OS LULA CONTRA DILMA
A família de Lula (ou parte dela) não gostou de Dilma Rousseff ter demitido Orlando Silva do Esporte. "Inversão de valores venceu: Orlando sai por excesso de honestidade", tuitou Sandro Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente, remetendo seus seguidores a um blog petista. Outro integrante da família diz: "A imprensa está mandando na Dilma".

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Enfim no Uruguai!

Daqui, Ultimo Segundo

Uruguai aprova lei que permite julgar crimes da ditadura

Medida abre caminho para julgamento de militares acusados de abusos entre 1973 e 1985, antes protegidos por anistia
 

A Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou na madrugada desta quinta-feira uma lei que permitirá o julgamento dos militares que cometeram crimes durante a ditadura de 1973 a 1985 e que estavam protegidos por uma anistia. A lei já tinha sido aprovada pelo Senado.
A Frente Ampla, coalizão de esquerda que apoia o presidente José Mujica - um ex-guerrilheiro nas décadas de 1960 e 1970, que ficou preso durante vários anos -, conseguiu aprovar a lei depois de diversas tentativas frustradas e após um tenso debate de quase 12 horas no Parlamento.

A coalizão levou adiante o projeto de lei depois que a Suprema Corte de Justiça determinou, em maio, ao se pronunciar sobre um caso particular, que os crimes cometidos durante o regime militar eram delitos comuns, e não contra a humanidade.
A sentença estabelecia um precedente para que se considerasse que as violações aos direitos humanos cometidas durante o regime militar deixassem de ser puníveis a partir de 1o de novembro deste ano, quando iriam prescrever. Por isso, a coalizão enviou o novo projeto ao Parlamento.
"Esta noite é histórica. É um triunfo não da Frente Ampla, mas da democracia. É preciso desmantelar a cultura da impunidade imposta durante 25 anos e trocá-la por uma cultura de direitos humanos", disse o deputado governista Luis Puig.
A nova lei considera os crimes cometidos durante a ditadura como de lesa humanidade, resultando em um novo argumento jurídico para tirar força da Lei da Caducidade, em vigor desde 1986, a qual exime os militares de irem a julgamento por delitos nessa época.
Apesar da lei de anistia de 1986, dez militares foram presos, incluindo o ditador Gregorio Alvarez. Foi processado também o ex-presidente Juan María Bordaberry, que faleceu em julho. No entanto, dezenas de membros das Forças Armadas acusados de delitos durante o regime militar nunca foram julgados.
Os crimes comuns prescrevem no Uruguai após determinado período, razão pela qual a partir de novembro deixariam de ser passíveis de julgamento caso essa nova lei não tivesse sido aprovada.
Cerca de 200 pessoas morreram e milhares foram torturadas ou vítimas de outros abusos em mãos de militares durante a ditadura, e outras tiveram de exilar-se. Aproximadamente 130 denúncias recentes de delitos de lesa humanidade se somaram aos mais de 80 casos já conhecidos.
Com Reuters

Clube da perversão: ESMA, ARGENTINA


Ariel Palácios, em O Estado de São Paulo.


Do Blog de ROBERTO ROMANO

Justiça condena torturadores da ESMA

A mais emblemática caricatura de Alfredo Astiz, “o anjo loiro da morte” ou “o corvo”. A ilustração é do genial Alfredo Sábat, filho do supimpa Hermengildo Sábat. Mais caricaturas e informações sobre Sábat filho, no site wwww.alfredosabat.com
O tribunal oral federal número 5 da capital argentina anunciou nesta quarta-feira à noite as sentenças de 18 militares acusados de 86 casos de crimes contra a Humanidade realizados na Escola de Mecânica da Armada (ESMA), o maior centro clandestino de detenção da ditadura militar argentina (1976-83). A condenação mais esperada era a do ex-capitão Alfredo Astiz – apelidado de “o anjo loiro da morte” – uma das figuras mais emblemáticas do regime militar. Os parentes das vítimas de Astiz – que completará 60 anos no próximo dia 8 de novembro – celebraram quando ouviram que os juízes federais condenavam o ex-capitão à prisão perpétua.
Do lado de fora do edifício do tribunal, no bairro portenho de Retiro, representantes de organismos de defesa dos direitos humanos, ex-prisioneiros sobreviventes também festejaram. “Acabaram 30 anos de impunidade”, gritavam exultantes. No entanto, duas dezenas de pessoas, simpatizantes dos militares, protestaram contra a condenação dentro do tribunal.
Estimativas de ONG argentinas e de organismos internacionais como a Anistia Internacional indicam que a ditadura argentina assassinou 30 mil civis. Destes, 5 mil teriam passado pela ESMA. Menos de 150 sobreviveram às torturas e os fuzilamentos feitos pelos oficiais da Marinha.
O tribunal também condenou perpétua o capitão de corveta Jorge ‘Tigre’ Acosta, famoso pelos requintes de crueldade que aplicava aos civis detidos na ESMA. Segundo testemunhas, o capitão de corveta falava sozinho à noite, em delírio místico. O próprio Acosta explicava que conversava com “Jesucito” (O pequeno Jesus), ao qual “perguntava” qual dos prisioneiros deveria torturar no dia seguinte.
Acosta foi um dos criadores dos “voos da morte” (voos sobre o rio da Prata ou o mar, desde os quais eram jogados os prisioneiros, ainda vivos), uma das modalidades preferidas do grupo de tarefas da ESMA para eliminar vestígios dos corpos. Durante o julgamento no tribunal número 5, Acosta afirmou que havia “lutado como um soldado em uma guerra”.
Entre os outros ex-militares julgados estão Alfredo Donda Tigel, que sequestrou seu próprio irmão e a cunhada – militantes da esquerda – os assassinou e ficou com suas filhas. Donda foi condenado a prisão perpétua.
A Justiça determinou perpétua para os oficiais Oscar Montes, Antonio Pernías, Raúl Scheller, Ricardo Cavallo, Jorge Rádice, Alberto González, Julio César Coronel e Ernesto Weber. Este era apelidado de “220” pelos colegas militares pelo prazer que sentia em aplicar essa voltagem nas torturas.
Além deles, Juan Carlos “Lobo” Fotea Daneri foi condenado a 25 anos de prisão. Manuel Tallada recebeu 25 anos; Carlos Capdevilla, que realizou os partos clandestinos na ESMA, foi condenado a 20 anos de prisão. Um dos mais ferozes torturadores, Juan Antonio “Piranha” Azic, recebeu a pena de 18 anos.
A longa lista de sequestros, torturas e assassinatos de civis – além do roubo de bebês e o ocultamento da identidade dessas crianças – implicou em quase dois anos de audiências. No total, prestaram depoimento de 160 testemunhas, incluídos um grupo de 79 sobreviventes do centro de detenção clandestino.
A ESMA, segundo o jornalista Eduardo Aliverti, era “um clube de perversão”. Ali, afirma, “a tortura e os assassinatos tiveram características diferentes dos outros centros de detenção da ditadura”.
BEBÊS - O sequestro de bebês foi uma das marcas desse centro clandestino. Diversas estimativas calculam que ali teriam nascido entre 150 e 250 bebês. Suas mães, as prisioneiras, eram assassinadas poucos dias após os partos. Na sequência, as crianças eram entregues a famílias de militares ou policiais estéreis.
Outra das marcas da ESMA foram os negócios realizados no “El Pañol” (O Paiol), um armazém no qual acumulavam-se eletrodomésticos, móveis e obras de arte roubadas das pessoas sequestradas. Os apartamentos e casas dos desaparecidos eram vendidas por uma imobiliária montada pelo almirante Emilio Massera, um dos três integrantes da primeira junta militar que governou a Argentina após o golpe de 1976. Massera morreu há quase um ano, depois de uma década em estado vegetativo.
A capa do jornal Página 12 quando Massera pegou o ferry boat de Caronte
HITLER E NATAL - Nas salas de torturas da ESMA os militares colocavam a todo volume marchas militares alemãs e discursos de Adolf Hitler para abafar os gritos de prisioneiros cujas unhas eram arrancadas, seus testículos apertados com alicates, os mamilos queimados com brasas de cigarro e os lábios vaginais eletrocutados.
Segundo os sobreviventes, nas celas da ESMA, que acumulavam dezenas de prisioneiros, ninguém podia conversar, sob o risco de ser espancado. Os depoimentos indicam que esta era uma forma dos carcereiros eliminar qualquer noção de tempo e espaço dos detidos, que boa parte do tempo tinham um capuz cobrindo sua cabeça.
Antes das sessões de tortura os prisioneiros recebiam uma boa refeição – chamada de a “última ceia” – servida pelos oficiais com um sorriso sarcástico. Depois, eram levados pela “Avenida da Felicidade”, denominação do corredor que ligava as celas com as salas de torturas. Ali, a longa sequência de torturas começava com choques elétricos. As fortes descargas causavam apagões no resto das instalações da Esma. Para que a condução elétrica fosse melhor, os homens de Massera molhavam os corpos dos torturados.
Os moradores do bairro de Núñez acreditavam que a ESMA era um quartel comum. Poucos sabiam sobre o cotidiano dantesco que transcorria nesses edifícios, localizados sobre a movimentada Avenida Libertador. No Natal, tal como nos edifícios residenciais vizinhos, a Esma ostentava um frondoso pinheiro com luzes coloridas. Massera dizia que orgulhava-se de ser “um bom cristão”.
ASTIZ, O “ANJO LOIRO DA MORTE”
Oficial autor de torturas e assassinatos foi o “garoto mimado” da ditadura
“É o mais sinistro paradigma do terrorismo de Estado”. Com esta frase, o escritor e jornalista Jorge Camarasa, definiu ao Estado a personalidade do ex-capitão Alfredo Astiz, um dos mais famosos integrantes da ditadura argentina (1976-83), apelidado de “O anjo loiro da morte” por suas vítimas e “O Corvo” por seus amigos (por seu ar sempre sombrio). Camarasa é o autor de “O Verdugo – Astiz, um soldado do terrorismo de Estado”, biografia não-autorizada do frio torturador que foi a estrela da ESMA.
“Astiz possuía várias patologias. Ele costumava lembrar dos aniversários de prisioneiros, aos quais levava presentes na ESMA. Astiz era capaz de retirar um prisioneiro da cela, levá-lo a um restaurante e depois transportá-lo de volta para uma sessão de torturas na ESMA. E por incrível que pareça, ele pretendia que fosse uma espécie de relação na qual todos seriam amigos!”
“Garoto mimado” da ditadura, a alta hierarquia militar encomendava a Astiz as missões mais complexas. Entre seus assassinatos mais famosos de Astiz estão os das freiras francesas Alice Domon e Leonie Duqueta, além de três fundadoras das Mães da Praça de Mayo, entre elas, Azucena Villaflor.
Durante uma operação para sequestrar militantes de esquerda, Astiz e seu grupo entraram na casa de uma estudante. Ali estava Dagmar Hagelin, uma jovem sueca, sem atividades políticas, amiga da jovem procurada. A adolescente, assustada, fugiu e – a 100 metros de distância – foi derrubada com um tiro certeiro de Astiz na nuca. O oficial, ao comprovar sua pontaria, soltou uma gargalhada.
Astiz foi recompensado por seus serviços com o cargo de governador das ilhas Geórgias durante a Guerra das Malvinas, em 1982. No entanto, essas ilhas foram o primeiro ponto recuperado pelos britânicos durante o conflito. Após um único tiro de bazuca disparado pelos britânicos, Astiz desistiu de resistir “até a morte”, como havia prometido. Com com um copo cheio de whisky em uma das mãos, assinou a rendição incondicional.
Astiz foi beneficiado em 1987 pelas leis de Perdão aos Militares e recuperou a liberdade. Durante doze anos era visto frequentemente em discotecas acompanhado de belas mulheres. No entanto, nunca mais pode sair do país, já que a Justiça da França o condenou à revelia pelo assassinato das freiras francesas e pediu sua captura internacional. As Justiças da Itália, Espanha e Suécia também pediram sua captura pelo sequestro e morte de cidadãos desses países.
Em 1998 foi detido por um mês e expulso da Marinha por declarar à revista Trespuntos que era “o homem melhor preparado no país para matar um presidente”. Em 2003, foi novamente processado graças à anulação das leis de Ponto Final e Obediência Devida (as leis de perdão aos militares) e colocado em prisão preventiva. Há poucos dias, na reta final de seu julgamento, afirmou no tribunal que considerava-se um “perseguido político”.
DELÍRIOS - Miriam Lewin, uma das sobreviventes da ESMA e ex-prisioneira de Astiz, analisou para o Estado os delírios de grandeza de Astiz: “ele tinha absoluta certeza que estava destinado a grandes missões em sua vida e acreditava que era um cavaleiro nas Cruzadas!”. Autora de “Esse inferno” – livro que relata a passagem de várias prisioneiras mulheres nesse centro de torturas – Lewin sustenta que “Astiz é o ex-integrante da ditadura com o perfil psicológico mais intrincado”.
Leopoldo Fortunato Galtieri, ditador com intenso approach pelos destilados
MODALIDADES DE TORTURAS DA DITADURA
- Picana elétrica: criada nos anos 30 na Argentina por Leopoldo Lugones Hijo, filho do escritor Leopoldo Lugones. Era o instrumento para assustar o gado com choques elétricos. Aplicado a seres humanos, tornou-se no instrumento preferido de tortura na Argentina.
- Submarino molhado: afundar a cabeça de uma pessoa em uma tina d’água. Ocasionalmente a tina também estava cheia de excrementos humanos.
- Submarino seco: colocar a cabeça de uma pessoa dentro de um saco de plástico e esperar que ela ficasse quase asfixiada.
- O rato no cólon: colocação de um rato, faminto, no cólon de um homem. Nas mulheres, o rato era colocado na vagina.
Diversas testemunhas indicam que os torturadores argentinos ouviam marchas militares do Terceiro Reich e discursos de Adolf Hitler enquanto torturavam.
FRACASSOS ECONÔMICOS E MILITARES: Além de ter sido a mais sanguinária Ditadura foi um fracasso tanto na área militar como na esfera econômica.
Fiascos Militares:
- Entre 1976 e 1978 a Ditadura colocou quase a totalidade das Forças Armadas para perseguir uma guerrilha que já estava praticamente desmantelada desde antes do golpe, em 1975. Analistas militares destacam que este desvio das Forças Armadas argentinas (que havia iniciado no final dos anos 60 mas intensificou-se a partir do golpe) reduziu drásticamente o profissionalismo dos militares.
- Em 1978, a Junta Militar argentina levou o país a uma escalada armamentista contra o Chile. Em dezembro daquele ano, a invasão argentina do território chileno foi detida graças à intermediação papal. O custo da corrida armamentista colocou o país em graves problemas financeiros.
- Em 1982, perante uma crise social, perda de sustentabilidade política e problemas econômicos, o então ditador Leopoldo Fortunato Galtieri – famoso por seu intenso approach ao scotch – decidiu invadir as ilhas Malvinas para distrair a atenção da população. Resultado: após um breve período de combate, os oficiais do ditador renderam-se às tropas britânicas.
Desastres econômicos:
- Em sete anos de Ditadura, a dívida externa subiu de US$ 8 bilhões para US$ 45 bilhões.
- A inflação do governo civil derrubado pela Ditadura, que era considerada um índice “absurdo alto” pelos militares havia sido de 182% anual. Mas, este índice foi superado pela política econômica caótica da Ditadura, que encerrou sua administração com 343% anual.
- A pobreza disparou de 5% da população argentina para 28%
- A participação da indústria no PIB caiu de 37,5% para 25%, o que equivaleu a um retrocesso dos níveis dos anos 60.
- Além disso, a Ditadura criou uma ciranda financeira, conhecida como “la plata dulce”, ou, “o doce dinheiro”.
- Ao mesmo tempo em que tomavam medidas neoliberais, como a abertura irrestrita das importações, os militares continuavam mantendo imensas estruturas nas empresas estatais, que transformaram-se em cabides de emprego de generais, coronéis e seus parentes.
- Os militares também estatizaram US$ 15 bilhões de dívidas das principais empresas privadas do país (além das filiais argentinas de empresas estrangeiras).
- No meio desse caos econômico, os militares provocaram um déficit fiscal de 15% do PIB.
- A repressão provocou um êxodo de centenas de milhares de profissionais do país. Os militares, em cargos burocráticos, exacerbaram a corrupção na máquina estatal.
‘GUERRA’ OU REBELIÃO LOCALIZADA? – Os militares deram o golpe e instauraram a ditadura mais sanguinária da História da América do Sul (América do Sul, não América Latina) com o argumento (um dos vários) de que a guerrilha controlava grande parte do país. Segundo os ex-integrantes da ditadura, os militares argentinos implementaram uma “guerra”.
No entanto, trata-se de um exagero para justificar os massacres cometidos durante a ditadura.
A pequena guerrilha argentina, mais especificamente o ERP, dominava às duras penas uma pequena porcentagem da província de Tucumán, a menor província da Argentina (Tucumán inteirinha equivale a 0,81% da área geográfica do país).
A magnificação da guerrilha foi útil para os militares e também para o prestígio dos guerrilheiros. A nenhum dos dois lados era conveniente admitir a realidade, de que a área controlada pela guerrilha era ínfima.
Os militares e os setores civis que apoiaram o golpe (e os saudosistas daqueles tempos) afirmavam (e ainda afirmam) que o país estava em guerra civil nos nos 70.
Mas, “guerra civil”, rigorosamente, seriam conflitos de proporções mais substanciais, tais como a Guerra da Secessão dos EUA, a Guerra Civil Espanhola, a Guerra Civil Russa logo após a proclamação do Estado Soviético, a Guerra das Duas Rosas (Lancasters versus Yorks, na Inglaterra) ou a Guerra Civil da Grécia após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Ainda: a Guerra Civil da Nicarágua, e a de El Salvador. Isto é: bombardeios de cidades, grandes êxodos de refugiados, centenas de milhares de mortos, uma boa parte de um país controlado por um dos lados, e outra parte controlada por outro lado. Isso não ocorreu na Argentina nos anos 70.
hirschfeldfarrago3PERFIL: Ariel Palacios fez o Master de Jornalismo do jornal El País (Madri) em 1993. Desde 1995 é o correspondente de O Estado de S.Paulo em Buenos Aires. Além da Argentina, também cobre o Uruguai, Paraguai e Chile. Ele foi correspondente da rádio CBN (1996-1997) e da rádio Eldorado (1997-2005). Ariel também é correspondente do canal de notícias Globo News desde 1996.

Grata, Romano!

Images & Visions. Em homenagem a Marta Bellini.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Fotografias da pintora Frida Kahlo serão expostas em Lisboa


© Foto de Nicholas Murray. A pintora mexicana Frida Khalo, 1939.

Será aberta no Museu da Cidade, em Lisboa, no próximo dia 04 de novembro de 2011, a mostra “Frida Kahlo - As suas fotografias”, com 257 retratos do acervo pessoal da pintora Frida Kahlo (1907-1954). A Casa da América Latina, organizadora da mostra, explicou que a maioria de fotos é desconhecida. A exposição, além de refletir a importância da fotografia na vida da pintora, revela os interesses que teve ao longo da vida: a família, o fascínio por Diego Rivera e outros amores, o corpo acidentado e a ciência médica, os amigos e alguns inimigos, a luta política e a arte, os índios, a paixão pelo México e pelos mexicanos.

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Hoje acordei assim...

Eu não sou equilibrada, eu sou equilibrista (Gaiarsa)
Via Facebook, da Michele Canali

Afff!

Campnha a favor da proibição de bebidas nos EUA em 1910.
Via Facebook, Roberta Becker.

Fico imaginando a campanha contra os saraus na UEM nesse estilo!

Ouvido ao telefone

Já tens idade para saber que somos todos loucos.
por Maria João Freitas, Portugal, A namorada de Wittgenstein aqui
O «Comércio Justo» Por Joana Loopes, Entre as brumas da memória aqui

Contributo de Jorge Pires da Conceição.

O Comércio justo (Fair Trade em inglês) é um dos pilares da sustentabilidade económica e ecológica (ou econológica, como vem sendo chamada no Brasil).

Trata-se de um movimento social e uma modalidade de comércio internacional (sobretudo nas relações Norte-Sul, mas também em apoio dos produtores marginalizados nos países do Norte) que busca o estabelecimento de preços justos, bem como padrões sociais e ambientais equilibrados, nas produtivas.

Ou, como é definido pela News! (a rede europeia de lojas de comércio justo) "é uma parceria entre produtores e consumidores que trabalham para ultrapassar as dificuldades enfrentadas pelos primeiros, para aumentar seu acesso ao mercado e para promover o processo de desenvolvimento sustentável. O comércio justo procura criar os meios e oportunidades para melhorar as condições de vida e de trabalho dos produtores, especialmente os pequenos produtores desfavorecidos. Sua missão é promover a equidade social, a protecção do ambiente e a segurança económica através do comércio e da promoção de campanhas de consciencialização".

Informação mais ampla e detalhada pode ser lida aqui e no sítio do CIDAC (Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral), nos textos das páginas "Comércio e Desenvolvimento" e "Comércio e Desenvolvimento/Comércio Justo".

O CIDAC, pioneiro da introdução em Portugal do conceito de comércio justo (em 1998) e actividades decorrentes, irá criar em Lisboa a título experimental a sua primeira loja antes do final do corrente ano de 2011. Localizar-se-á perto do Fórum Picoas e prevê-se que esteja aberta ao público de 2ª feira a Sábado, previsivelmente em período vespertino. Serão necessários voluntários que possam preencher pelo menos um turno de funcionamento de três horas, que se identifiquem com o conceito de "comércio justo" e que estejam sensibilizados a referências como desenvolvimento, sustentabilidade, ecologia, agricultura biológica, ambiente, etc. Era importante ter-se uma lista de pessoas interessadas em participar voluntariamente neste projecto, até ao final do corrente mês de Outubro. Podem ser enviados os contactos dos interessados para o endereço de email deste blogue ou directamente para o CIDAC.

O Comércio Justo (CJ) rege-se por um conjunto de princípios, reconhecidos de forma geral por todas as entidades envolvidas no movimento mas com algumas diferenças na sua formulação. Estes princípios, que se podem dividir em 12 pontos, são:

1. O respeito e a preocupação pelas pessoas e pelo ambiente, colocando as pessoas acima do lucro;

2. O estabelecimento de boas condições de trabalho e o pagamento de um preço justo aos produtores e produtoras (um preço que cubra os custos de um rendimento digno, da protecção ambiental e da segurança económica);

3. A disponibilização de pré-financiamento ou acesso a outras formas de crédito;

4. A transparência quanto à estrutura das organizações e todos os aspectos da sua actividade, e a informação mútua entre todos os intervenientes na cadeia comercial sobre os seus produtos ou serviços e métodos de comercialização;

5. O fornecimento de informação ao consumidor sobre os objectivos do CJ, a origem dos produtos ou serviços, os produtores e a estrutura do preço;

6. A promoção de actividades de sensibilização e campanhas, quer junto dos/as consumidores/as (para realçar o impacto das suas decisões de compra), quer junto das organizações (para provocar mudanças nas regras e práticas do comércio internacional);

7. O reforço das capacidades organizativas, produtivas e comerciais das produtoras e dos produtores através de formação, aconselhamento técnico, pesquisa de mercados e desenvolvimento de novos produtos;

8. O envolvimento de todas as pessoas (produtores/as, voluntárias/os e empregados/as) nas tomadas de decisão que os afectam no seio das suas respectivas organizações;

9. A protecção e a promoção dos direitos humanos, nomeadamente os das mulheres, crianças e povos indígenas, bem como a igualdade de oportunidades entre os sexos;

10. A protecção do ambiente e a promoção de um desenvolvimento sustentável, subjacente a todas as actividades;

11. O estabelecimento de relações comerciais estáveis e de longo prazo;

12. A produção tão completa quanto possível dos produtos comercializados no país de origem.

Entrevista Roberto Romano

Rádio CBn São Paulo, entrevista de Roberto Romano para Roberto Nonato.

quarta-feira, 26/10/2011
Sobre Dilma, Orlando, etc.
cbn


Jornal da CBN 2ª Edição

'Voto de confiança da população tem prazo de validade'



Entrevista com Roberto Romano, professor de Ética e Política da Unicamp

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