Do coração e outros corações

Do coração e outros corações

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Resposta ao tempo

Aldir Blanc

Para ouvir no primeiro andar.
Leia aqui: http://www.pstu.org.br/pstu16/21028
Nem Dilma, Marina ou Aécio vão melhorar a vida dos milhões de aposentados e pensionistas. Criado durante o governo FHC, o fator previdenciário é uma forma de forçar o trabalhador a se aposentar cada vez mais tarde, evitando as aposentadorias por tempo de serviço.

Braziu

Patrimônio de PM suspeito de chefiar esquema de propina é de R$ 4 milhões

Coronel Alexandre Fontenelle foi preso no dia 22, em operação conjunta.
Lista de bens inclui cobertura, casa em Búzios e imóvel na Zona Norte.

Do G1 Rio
O Ministério Público identificou pelo menos três imóveis de luxo que pertencem ao coronel Alexandre Fontenelle, ex-comandante das tropas de elite da PM que foi preso semana passada, acusado de chefiar um esquema de propina na região do 14º BPM (Bangu). Como mostrou o Bom Dia Rio nesta quarta-feira (24), os promotores do caso pediram na terça-feira que a Corregedoria Geral Unificada (CGU) da Secretaria de Estado de Segurança, investigue também o patrimônio do atual comandante-geral da PM, coronel José Luís Castro Menezes, e de todo o Estado Maior da Polícia Militar, a cúpula da corporação.
O patrimônio encontrado pelos promotores está avaliado em pelo menos R$ 4 milhões. A lista de imóveis inclui uma casa de praia com piscina, uma cobertura com mais de 300 metros quadrados e um outro apartamento. Segundo o Ministério Público, Alexandre Fontenelle é o dono de tudo, mas o nome dele só aparece na casa da Praia Rasa, em Búzios, na Região dos Lagos.
De acordo com as investigações, um dos imóveis fica no Grajaú, Zona Norte, e no papel pertence a uma irmã dele. O imóvel de cobertura em fica em Jacarepaguá, na Zona Oeste, e tem 3 proprietários na escritura: a mãe de Fontenelle e dois oficiais presos, major Carlos Alexandre Lucas e o capitão Walter Conchone Netto. Ainda segundo investigações, o último  salário líquido de Fontenelle era de R$ 17 mil.
A CGU abriu um processo administrativo disciplinar e uma sindicância patrimonial contra o comandante da PM, coronel José Luís de Castro Menezes, o chefe do Estado Maior operacional da corporação, coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes, e o chefe do Estado Maior administrativo, coronel Ricardo Coutinho Pacheco.
A alta cúpula da PM foi denunciada como beneficiária de um suposto esquema de cobrança de propina durante o depoimento de um policial que aceitou contar como eram feitos os pagamentos. O depoimento ocorreu nos dias 15 e 16 de setembro. O policial que fez a denúncia disse que começou a participar do esquema de cobrança de propina em 2010, quando trabalhava na unidade de trânsito no batalhão de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio.
Segundo o depoimento, ele e outros agentes tinham a função de arrecadar semanalmente propina para alguns oficiais do batalhão. A propina era oriunda de acertos com cooperativas de vans, motoristas e proprietários de ônibus piratas.
O delator contou aos promotores que ele e outro policial arrecadavam, em média, R$ 7 mil por semana em propina. Os dois ficavam com R$ 1 mil e o restante era entregue semanalmente nas mãos do capitão Walter Colchone Neto. Neste período, o Batalhão de Itaguaí era comandado pelo coronel Alexandre Fontenelle.
O policial declarou que entre os meses de setembro e outubro de 2010 toda a equipe foi removida para o 41º BPM (Irajá), pois o coronel Fontenelle tinha assumido o comando daquela unidade. Segundo ele, o esquema de cobrança de propina acompanhou o grupo.
Ele afirmou ainda que também que arrecadava propina de bancos e que era obrigado a entregar o dinheiro para o major Neto. Segundo o Ministério Público, se trata do Major Nilton João Neto, que fazia parte do comando do 41º BPM (Irajá).
No depoimento, o policial revelou  que na época a maior parte da propina para os oficiais vinha das equipes de trânsito e que os agentes desta equipe diziam arrecadar semanalmente entre R$ 15 e R$ 18 mil. De acordo com o delator, R$ 750 ficavam com os praças da equipe.
No depoimento, o policial revela que soube por meio de outros agentes que os oficiais do batalhão comandado por Fontenelle recebiam semanalmente uma quantia do tráfico de drogas. Somente a favela de Acari, no Subúrbio, pagaria cerca de R$ 20 mil. O delator acredita que o dinheiro vinha do tráfico de drogas por causa do forte cheiro de maconha nas cédulas.

Nos dois depoimentos, que somam 15 páginas, o policial diz que mais de uma vez teve acesso a informação de que o dinheiro da propina ia parar nas mãos do Estado Maior: a alta cúpula da PM. Numa dessas ocasiões, oficiais teriam confirmado a ele o pagamento. O PM disse que soube da informação do repasse de propina para a cúpula pelo major Edson e pelo major Neto, de maneira reservada, em mais de uma ocasião.
Nesta época, o major Edson Alexandre Pinto de Góes também fazia parte do comando do 41º BPM (Irajá). O policial afirmou também que já ouviu dizer, não por oficiais, que naquela época todos os batalhões eram obrigados a repassar a quantia de R$15 mil para o Estado Maior, localizado no Quartel General da Polícia Militar, no Centro do Rio. Mas não especifica o período em que ocorreu, segundo ele, o pagamento de propinas.
O policial disse que o único período em que não ouviu falar de repasse de dinheiro para o Estado Maior foi quando a instituição foi comandada pelo coronel Erir da Costa Filho. O coronel Erir comandou a PM entre setembro de 2011 e agosto de 2013.
Ele contou aos promotores que em 2012 foi transferido juntamente com o major Edson para o 14º BPM (Bangu), onde já estava o coronel Fontenelle. Lá, uma vez por semana, de acordo com o depoimento, era chamado pelo major Edson para receber quantias que variavam entre R$ 7,5 mil e R$ 13 mil para depositar na conta pessoal do próprio major.
Na ocasião, o capitão Walter Colchone tinha sido preso acusado de ser chefe de segurança do jogo do bicho. O policial disse que causou perplexidade a ele e a tropa do 14º BPM (Bangu) o fato de, depois de solto,  Colchone ter sido lotado no Comando de Operações Especais, chefiado pelo coronel Fontenelle.
Na semana passada, o capitão colchone, o coronel fontenelle e outros 22 policiais militares foram presos na Operação Amigos S/A, acusados de cobrar propina de comerciantes na Zona Oeste.  O juiz responsável pelo caso disse que o depoimento dado pelo policial confirmou a identificação dos suspeitos e ajudou a entender como funcionava a divisão de tarefas e hierarquias do grupo.
Com a delação premiada, o policial ganhou o direito de responder em liberdade ao processo  e pode ter a pena reduzida, em caso de condenação.

mtst agua

Com ‘dança da chuva’, MTST cobra Sabesp por racionamento na periferia

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Aproximadamente 5 mil manifestantes estiveram no ato, que foi acompanhado por 800 policiais sem Tropa de Choque ou armaduras
Por Rodrigo Gomes, da RBA 
Em ato carregado de ironia, manifestantes doMovimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)simularam uma “dança da chuva” em frente a sede da Sabesp, na tarde de ontem (25). O ato incluiu um “pedido” para que o santo católico São Pedro auxilie a empresa e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) a garantir o fornecimento de água ao estado.
Aproximadamente 5 mil pessoas ligadas ao MTST cobraram a Sabesp por praticar “cortes de água em bairros da periferia da capital paulista”. Os sem teto saíram da estação Faria Lima da Linha 4 – Amarela do Metrô eforam até a sede da companhia, na rua Sumidouro, em Pinheiros, zona oeste da cidade, para apresentar uma lista de bairros das zonas sul e leste, além de municípios da região metropolitana, onde há falta de água no período da noite e, às vezes, durante o dia.
“Uma coisa é fazer racionamento. Outra coisa é dizer que não está e, na periferia, cortar a água de noite. Nós já avisamos o governador que o problema estava ocorrendo e a Sabesp nada fez”, disse o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos. Para ele, a crise não pode ser atribuída somente ao problema da falta de chuvas. “O governador Alckmin tinha conhecimento de que era preciso reduzir a dependência do Sistema Cantareira”, completou.
No documento de outorga de 2004, que autoriza a Sabesp a retirar água do Sistema Cantareira e fornecê-la para oito milhões de pessoas na capital paulista e na região metropolitana, já constava a diretriz para reduzir a demanda, pois o sistema poderia não suportar situação como a atual.
As regiões do Jardim Ângela, Capão Redondo e Paraisópolis (zona sul), Cidade Tiradentes e Itaquera (zona leste), Taboão da Serra, Itapecerica e Embu das Artes, na região metropolitana, são alguns dos locais em que a falta de água é constante nos últimos meses. A RBA visitou também as regiões norte e oeste da capital paulista e encontrou famílias sofrendo com a escassez no período da noite.
O MTST cobrou que a Sabesp pare de se preocupar somente em remunerar acionistas e cumpra os investimentos necessários para garantir o fornecimento de água. “Todos viram o que houve na cidade de Itu esta semana (na última segunda-feira, cerca de 2 mil moradores da cidade interiorana protestaram contra a falta de água). Se começar a faltar cada vez mais água, a situação aqui também vai chegar a esse limite. Queremos que a Sabesp elabore um plano emergencial para atender as regiões”, disse Boulos.
Cinco integrantes do movimento foram recebidos na sede da estatal para entregar a pauta de reivindicações. Segundo representantes da Sabesp, a presidenta da companhia, Dilma Pena, estava de licença médica e não participaria do encontro. Ela usou a mesma justificativa para não ir a uma audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal de São Paulo que investiga a falta de água na cidade.
Após duas horas de discussão com uma comissão do MTST, a Sabesp se comprometeu a manter diálogo com os sem teto e realizar reuniões em cada uma das regiões, para receber as reclamações e avaliar os problemas. Os primeiros encontros serão em 7 e 8 de outubro. Segundo o movimento, os técnicos e diretores que os atenderam negaram o racionamento, mas admitiram que a redução da pressão da água pode fazer com que ela não chegue a alguns lares.
Na terça-feira (23), o secretário Estadual de Recursos Hídricos, Mauro Arce, admitiu que o procedimento poderia ser o fator determinante para a água não chegar em todas as casas e culpou as pessoas que não têm caixa de água em casa. “Pode não chegar. Mas são bairros que você vê que, numa casa falta, na outra casa, não falta”, disse.
Após a reunião, os sem teto seguiram da rua Sumidouro até a avenida das Nações Unidas (Marginal Pinheiros). A via foi fechada pela PM. Os manifestantes realizaram uma nova “dança da chuva” e encerraram o protesto.
Tranquilidade 
Segundo o coronel da Polícia Militar Glauco Carvalho, 800 policiais, em 140 viaturas, acompanharam a manifestação. O objetivo era evitar depredações ou quebra-quebra durante o ato, mas “não do MTST, que nós conhecemos e nos respeitamos mutuamente”, disse o coronel, que deu a entender que outros grupos poderiam se aproveitar da ocasião para causar tumulto. Nenhum incidente ocorreu.
O clima era tranquilo. Durante as quase duas horas em que os sem teto ficaram em frente a sede da Sabesp, houve até discussão entre policiais e manifestantes sobre os rumos do Campeonato Brasileiro de futebol, quem seria rebaixado, quem seria campeão. Os PMs não utilizavam as já tradicionais armaduras e a Tropa de Choque não apareceu no local.
Situação muito diferente da semana passada, quando famílias da Frente de Luta por Moradia (FLM) exigiram mais caminhões para transportar pertences durante uma reintegração de posse no centro da capital e foram bombardeadas com gás lacrimogênio pelo Choque.
Para Boulos, apesar do clima de tranquilidade, a grande presença de policiais é significativa de como a gestão Alckmin lida com as demandas da população pobre. E comentou a fala do governador na tarde de ontem, dizendo que não fazia sentido os sem teto protestarem na Sabesp. “Não tem sentido é tratar o descontentamento do povo com polícia, despejar com violência, dar tiro na cabeça de um camelô. Isso é que não faz sentido, governador Alckmin”, destacou.
Ele ressaltou que a forma como os despejos são realizados em São Paulo levará à  expansão das ocupações e à organização para maior resistência.
Perguntado sobre a atuação do MTST em temáticas para além da moradia – só neste ano, os sem teto já fizeram protestos por melhorias em transporte público e telefonia, e contra os gastos da Copa do Mundo – Boulos disse que tudo que envolve a melhoria da condição de vida da população está na pauta da reforma urbana, defendida pelo movimento.
“Não adianta ter casa e não ter transporte. Ter casa e não ter creche ou escola na região. Ou mesmo, ter casa e não ter água. Nós lutamos por uma vida melhor nas cidades”, afirmou.

Essa cidade é D´oxum

Rita ribeiro

Ciência em Portugal

Rerum Natura, Portugal


sexta-feira, 26 de Setembro de 2014

Manifesto por um país

Transcrevo um Manifesto publicado no Público de hoje, que integra entre os subscritores vários cientistas entre muitas pessoas da cultura:

Quem assina este Manifesto expressa a sua indignação, seguramente partilhada por tanta mais gente, perante o aviltamento de Portugal e o empobrecimento da esmagadora maioria dos portugueses ao longo dos três anos da troika, e de então para cá. Esse aviltamento traduz-se no ousado enriquecimento de alguns, à custa da dignidade, dos direitos e do valor do trabalho, e consequente fragilidade e miséria na exploração de tantos.

Quem na(s) última(s) legislatura(s) governou e impôs as medidas de austeridade, na Europa e em Portugal, desfrutando de um aumento exponencial da dívida pelos altos juros lucrativos com que foi negociada, levou os povos a uma austeridade e precariedade sem precedentes que atingiu a maioria, permitindo um abuso sem controlo por parte das elites financeiras nacionais e internacionais, bem como das instâncias financiadoras.

São evidentes as consequências: desrespeito pelas regras constitucionais, enfraquecimento da democracia nas suas responsabilidades sociais (justiça tributária, Segurança Social, escola pública, Serviço Nacional de Saúde, etc.) e ameaças ao próprio exercício dos direitos democráticos.

Depois destes três anos angustiantes para a maioria dos portugueses, há que recuperar o país. Há que descartar as dissensões de Esquerda desnecessárias, de modo a ser viabilizada uma convergência quanto ao rumo de Portugal e ao seu lugar na União Europeia. Há que combater todo o conformismo e subserviência para, em vez disso, serem desenhadas alternativas concretizáveis que respondam aos múltiplos problemas do país, que são alarmantes.

Da parte de todos os homens e mulheres, cidadãos e cidadãs conscientes do que significa a dignidade humana, impõe-se, pois, um levantamento de carácter ético e cultural, que afirme antes de mais em Portugal e na Europa uma democracia de alta intensidade: criticamente participada, socialmente mais justa, culturalmente mais criativa e aberta ao pluralismo, politicamente democrática no sentido próprio da palavra, ou seja, em que a cidadania seja efectivamente exercida. Tudo isto a substituir a fictícia União actual, que é, afinal, União a mando de um só país, e os interesses de empresas e bancos nacionais, com o poder de impor aos países mais frágeis um tratado orçamental que mantém nessas sociedades uma austeridade sem fim à vista.

Ora com um milhão de desempregadas e desempregados, com a finança a cobrar a Portugal um resgate galopante, com o enfraquecimento da contratação colectiva, e ainda com um novo risco, já anunciado, o da imposição de círculos uninominais (que por via administrativa perpetuarão o bloco central), não é possível ficarmos apáticos numa irresponsabilidade fácil perante o presente e o futuro de tanta gente. Urge mudar a vida. E, porque mudar a vida significa mudar o rumo, urge efectuar uma ruptura em relação às actuais orientações e práticas políticas europeias e nacionais.

Em Portugal, esta ruptura só poderá ser iniciada com um pólo do vontades que mostre uma alternativa concreta, um leque de governantes capazes de cumprir um compromisso para refundar a política em termos do bem comum, com uma governação plural na sua composição, partidária e também independente, com pessoas livres de interesses pessoais e de grupo, mas convergindo nesse compromisso.

De forma a poder pôr fim a esta forma de austeridade que atinge os mais frágeis e simultaneamente permite a poucos beneficiarem da crise (enriquecendo ainda mais), sugere-se que sejam tomadas medidas neste sentido:

- reestruturar a dívida em termos dos seus juros, prazos ou montantes, para alcançar o resultado útil de uma redução drástica da dívida externa de modo a que a actual situação de protectorado termine;

- definir como propósito governamental central a qualidade de vida e a resposta às necessidades básicas de todos, para isso implementando as medidas necessárias (na saúde, na habitação, na educação, no emprego, na recuperação do valor real dos salários e pensões de reforma, no acesso de todos à cultura, etc.);

- dar prioridade a programas para a eliminação da pobreza e da marginalização étnica;

- tributar os fluxos financeiros e, pelo menos nos próximos 10 anos, tributar os lucros que não sejam reinvestidos em áreas do bem comum e criação de emprego, sancionando por isso a fuga de capitais e o enriquecimento ilícito;

- punir todo o crime financeiro de forma efectiva e com resultados visíveis para o bem da comunidade nacional;

- imaginar e modelar outras formas de vida em sociedade que tomem em conta o desgaste do eco-sistema, a exaustão dos recursos não-renováveis, reduzindo drasticamente a produção de bens supérfluos e o desperdício;

- identificar o rumo e a rota para Portugal dentro da UE, recusando o Tratado Orçamental e discutindo se Portugal deve ou não manter-se no euro;

- fazer do bem comum o critério maior: conciliando a abertura e o investimento nas ciências e nas tecnologias de ponta (energias renováveis, robótica com aplicação na saúde, na investigação, no bem-estar e cultura de todos) com uma crescente frugalidade de vida;

- proporcionar um quotidiano em que

- satisfeitas as necessidades básicas de todos - haja espaço para a elevação do sentido estético, da dimensão cultural, do pensamento, da sensibilidade e da alegria de todos.

Algo novo requer uma política nova. É exactamente isto que exigimos: uma refundação da política para responder aos problemas do país. Sem perdas de tempo, sem divisões, sem demagogia. Queremos soluções e contribuiremos activamente para o seu debate.

Queremos que a próxima governação seja uma frente plural de esquerda com um programa contratual (com o país) para a recuperação nacional. Veremos quem poderá dar sinais nesse sentido, de modo a merecer a confiança da maioria de aqueles e aquelas que aqui habitam.

Teresa Vasconcelos. Teresa Toldy. Teresa Sousa de Almeida. Teresa Sá e Melo. Teresa Cadete. Rui Vieira Nery. Rui Namorado Rosa. Rodrigo Meireles. Rita Bastos. Richard Zimler. Patrícia Fernandes. Paulo Cruz. Padre João Rodrigues. Olímpia Fonseca. Norberta Pinho. Marta Lima Basto. Mário Brochado Coelho. Maria Vitória Vaz Pato. Maria Velho da Costa. Maria Teresa Castro Laranjeiro. Maria José Magalhães. Maria Irene Ramalho. Maria Isabel Barreno. Maria Helena Mira Mateus. Maria Florinda Gouveia da Costa. Maria Fernanda Rodrigues. Maria do Rosário Pericão. Maria do Carmo Vieira. Maria do Carmo Mourão Lito. Maria da Graça Marques Pinto. Maria da Conceição Moita. Maria Benedicta Pereira Bastos Monteiro. Maria Andresen. Maria Alzira Seixo. Margarida Martins. Margarida Gil. Manuela Silva. Manuela Franco. Manuel Silva Carvalho. Manuel Carvalho da Silva. Manuel Brandão Alves. Luís Quintais. Luís Moita. Luís Lucas. Luís Filipe Rocha. Lucy Wainewright. Lídia Martins. Lídia Jorge. Lísia Costa. José Ricardo Nunes. José Reis. José Mattoso. José João Abrantes. José Gabriel Pereira Bastos. José Castro Caldas. Jorge Bateira. Joaquim Osório. Joaquim Louro. João Sedas Nunes. João Maria André. João Fernandes. João Duarte Rodrigues. João Cutileiro. João Barrento. Joana Rigato. Isabel Sousa Pinto. Isabel Solari Allegro. Isabel Matos Dias. Isabel Keating. Isabel Hub Faria. Isabel do Carmo. Isabel Allegro de Magalhães. Irene Flunser Pimentel. Hermano Carmo. Helena Neves. Guilherme Fonseca. Graciosa Veloso. Graça Morais. Gastão Cruz. Frei Bento Domingues O.P. Filomena Cravo. Filomena Barros. Fernando Pereira Bastos. Fernando Martinho. Fernando Gomes da Silva. Fernanda Henriques. Fernanda Rodrigues. Fernanda Branco. Fátima Proença. Fátima Grácio. Eugénia Vasques. D. Januário Torgal Ferreira. Cristina Loureiro. Constança Providência. Conceição Amaral. Cláudio Torres. Cláudio Teixeira. Clara Keating. Celso Araújo. Celeste Lameira. Carmo Bica. Carlos Albino. Assunção Folque. Armando Silva Carvalho. António Vieira. António Pereira Bica. António Neto Brandão. António Machado Lopes. Ana Vidigal. Ana Maria Pereirinha. Ana Maria Almeida Serôdio. Ana Luísa Amaral. Ana Henriques. Ana Drago. Almerinda Teixeira. Alice Caldeira Cabral. Alfreda Ferreira da Fonseca. Alexandre Quintanilha. Alda Maria Sucena Couceiro. Alberto Melo. Alan Stoleroff. Adelino Gomes. Adel Sidarus. Abdool Magid Vakil.  

Público 2014-09-26

A DESTRUIÇÃO EM CURSO DA CIÊNCIA EM PORTUGAL


Legenda: Produção científica por FTE (Full Time Equivalent, em português ETI,  números emendados pela FCT no fim da 1.ª fase do processo) das diferentes unidades de investigação versus o impacto da mesma, medida através do FWC (Field Weighted Citations; mais do que um significa acima da média internacional). As unidades que não passam à segunda fase (chumbadas, portanto) estão indicadas a vermelho, enquanto as outras estão a azul. Demonstra-se assim que a avaliação da FCT não é capaz de reconhecer a excelência: Existem numerosas unidades reprovadas em que o impacto da investigação é muito alto e em que o número de publicações por investigador também é muito alto. Ou seja, foram reprovadas muitas unidades com os melhores investigadores de Portugal: os que mais publicam e com maior impacto!

O último gráfico que aqui publiquei mostra que a "avaliação" da FCT é má para o país, diminui a produtividade do país e faz Portugal descer nos rankings internacionais de ciência e tecnologia. Agora mostro, se prova fosse precisa, que essa avaliação é má para a ciência nacional e internacional, isto é, não consegue reconhecer a excelência. A avaliação é injusta. O problema não é tanto os erros dos "avaliadores", que também os houve em grande quantidade. O problema é o quadro de incompetência da FCT, estranhamente permitido pelo ministro Nuno Crato. Convido Nuno Crato a examinar o seguinte gráfico e a dizer-me se uma roleta de casino não faria o mesmo ou algo parecido. Não temos uma agência para promover a ciência, temos uma agência para destruir a ciência. E temos um ministro que, contra tudo aquilo que eu e a maior parte dos cientistas julgariam possível, o permite.

Hoje é o Dia Europeu dos Investigadores. Os investigadores vão mostrar que estão unidos contra a incompetência e a arbitrariedade que neste momento estão instalados na gestão da ciência em Portugal.