Do coração e outros corações

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terça-feira, 11 de junho de 2013

Grécia...

do Blog de Roberto Romano

Folha, 9/05/2013. Clovis Rossi e o genocídio social na Grécia.

09/06/2013 - 02h00

O genocídio social assumido

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A equipe técnica do Fundo Monetário Internacional acaba de assumir que praticou genocídio social na Grécia, em parceria com a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu. 

É claro que o documento dos técnicos não usa a expressão genocídio. Apenas afirma que o programa imposto à Grécia cometeu erros. Um deles: foram subestimados os cálculos sobre a retração econômica que provocaria o pacote de ajuda à Grécia (ajuda é o termo que eles usam; eu prefiro estrangulamento). 

O segundo erro: o calote afinal adotado em outubro de 2011 deveria ter vindo dois anos antes. 

Choca, em particular, essa segunda descoberta. Qualquer pessoa que tivesse concluído o curso primário e enxergasse um dedo à frente do nariz sabia desde o início da crise que a Grécia jamais poderia arcar com a sua dívida mesmo em circunstâncias normais. 

Nas circunstâncias anormais que o país vivia, então, pagar era simplesmente impossível. 

O adiamento do calote só serviu para que os credores fugissem ou, ao cobrar juros criminosos, recuperassem antecipadamente as perdas que viriam a ter com o "default". 

Que o pacote grego levou a um genocídio social, basta ler o resumo feito ontem para "The Telegraph" por Nigel Farrage, líder do nacionalista UKIP (o Partido pela Independência do Reino Unido): 

 "A Grécia foi sacrificada no altar de uma fracassada experiência do euro, sua comunidade de negócios dizimada, suas famílias levadas à penúria, sua taxa de suicídio furou o teto (subiu mais de 40% no período da crise). O desemprego quadruplicou, o desemprego juvenil está agora em 64%. Sonhos foram destruídos, o futuro hipotecado --e as esperanças deixadas apodrecer em campos de oliveiras não cuidados". 

Se essa não é a descrição de um genocídio social, já não sei definir o que é genocídio social. 

Quando a direita, em geral menos sensível às questões sociais, põe o dedo na ferida desse jeito, dá até medo de ouvir o que diz a esquerda. 

Só faltou aos técnicos do FMI estender o reconhecimento do erro aos demais países aos quais foram impostas políticas de rígida austeridade. Tanto houve erro nelas que, agora, a Comissão Europeia está dando mais prazo a todos os países vítimas para reduzir a relação deficit/PIB ao número totêmico de 3% estabelecido no Tratado de Maastricht, que estabeleceu as bases para o lançamento do euro. 

Na Itália, por exemplo, são os jovens empresários a reclamar um horizonte. "Sem perspectivas para o futuro, a única perspectiva se torna a revolta. As instituições democráticas passam a ser contestadas e podem chegar à dissolução, quando não conseguem dar respostas concretas às necessidades econômicas e sociais", diz Jacopo Morelli, presidente da secção de Jovens Empreendedores da Confederação das Indústrias. 

Quando empresários, mais preocupados com o lucro, pela própria natureza, demonstram temor de demolição institucional, fica evidente que os programas supostamente de ajuda roubaram o horizonte de uma fatia considerável de sociedades antes modelo de bem-estar. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


De Roberto Romano: E depois acham estranho que Henry Ford tenha recebido a ordem do mérito como reconhecimento por serviços ao Reich alemão, honraria concedida por Adolf Hitler. O mesmo que usaria remédios e substâncias químicas, produzidas pela indústria farmacêutica, contra os judeus e os minoritários na bela Alemanha. A IBM também colaborou, afinal, busines as usual....Sig Heil, Merck!

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Crise faz hospitais da Grécia ficarem sem remédios contra câncer

Laboratório Merck parou de entregar Erbitux por falta de pagamento; farmacêutica Biotest também suspendeu vendas

03 de novembro de 2012 | 12h 48

Frank Siebelt e Victoria Bryan - Reuters
FRANKFURT -A farmacêutica alemã Merck não está mais entregando o medicamento Erbitux, para tratamento do câncer, em hospitais gregos, disse um porta-voz neste sábado, no mais recente sinal de como a crise econômica e orçamentária está afetando a linha de frente dos serviços públicos no país.
Fabricantes de remédios alertaram líderes da União Europeia no início deste ano sobre fornecimentos para os países afetados pela crise. Em junho, a alemã Biotest foi a primeira a parar o envio de medicamentos à Grécia devido a contas que não foram pagas. 

Hospitais públicos em alguns dos países mais afetados pela crise da dívida na zona do euro têm tido dificuldade para pagar suas contas, disse o diretor financeiro da Merck, Matthias Zachert, em uma entrevista ao jornal Boersen-Zeitung publicada neste sábado. 

Ele disse, no entanto, que a Grécia é o único país onde a Merck parou de fazer entregas. "Isso apenas afeta a Grécia, onde nós temos tido muitos problemas. É apenas este único produto", disse ele ao jornal. 

Um porta-voz da empresa disse à Reuters que a droga em questão é o Erbitux, e que cidadãos comuns ainda podem comprá-lo nas farmácias. 

O Erbitux é o segundo medicamento prescrito mais vendido da Merck, com vendas de 855 milhões de euros em 2011, sendo usado para tumores no intestino, cabeça e pescoço.

sábado, 8 de setembro de 2012

Agora cortam os aposentados ...


Grécia: antever o que nos espera?

do Blog de Joana Lopes, Portugal


Os reformados têm sido o elo mais fraco. Fixemos, para (nossa) memória futura, estes números e estas percentagens.

domingo, 6 de maio de 2012

Na Europa

Se duas eleições não se fazem uma primavera... Por Joana Lopes, Blog Entre as brumas da memória


… as que terão lugar amanhã, na Grécia e em França, inscreverão certamente o dia 6 de Maio de 2012 como um marco no percurso próximo da Europa. Em The Guardian, diz-se que pode tratar-se do primeiro dia de uma «Primavera europeia», o que, apesar de tudo, me parece talvez um pouco exagerado.

Tudo leva a crer que Hollande baterá Sarkozy (mas, até ao lavar dos cestos…). Embora o meu entusiasmo pelo provável vencedor seja mais do que mitigado, a saída de Sarkozy será um enorme alívio para a França e para a Europa e, nesta segunda volta, nem se põe a questão de voto útil ou inútil, mas sim de voto inevitável. Outra questão será o dia seguinte e as promessas que ficarão por cumprir, mas isso faz parte de muitas regras de vários jogos.

Interessa-me mais a Grécia. Pela incerteza quanto aos resultados, pelo que está em jogo para um povo martirizado e pela novidade trazida pela ascensão garantida das forças fora do centro – para o bem e para o mal. Diz-se, no artigo acima referido, que é todo o sistema do poder que está à beira de um ataque de nervos, mas que, apesar dos perigos vindos da extrema-direita, a queda das elites gregas marcará o início de uma nova fase que poderá levar a um «fim catártico» da tragédia grega.

Extremamente significativo é certamente o facto de três partidos anti-austeritários – Syriza, Comunista e Esquerda Democrática – somarem cerca de 40% das intenções de voto, embora com posições diferenciadas em relação à União Europeia e à eventual participação num futuro governo. Uma coisa é garantida: não poderão ser ignorados.


Será?

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

E a Grécia, hein?!

ABAIXO A DEMOCRACIA!  do Blog ARRASTÃO, Portugal aqui
por Daniel Oliveira
 


Cedendo à pressão de um povo que assiste, atónito, à destruição do seu País e a sucessivos planos de austeridade que o afundam cada vez mais, Papandreou, tentando salvar-se e encostar a oposição às cordas, marcou um referendo a mais um plano de "resgate". As reacções não se fizeram esperar. Os dois imperadores entraram em estado de choque. Opinadores da situação mostraram a sua indignação.

Quem é que esta gente se julga para querer repor a democracia no lugar da chantagem? Quem pensa este povo que é para julgar que decide do seu futuro? Não saberão estes irresponsáveis que quem decide são os mercados? E depois dele a barata tonta alemã? E depois dela, se ainda houver alguma coisa para decidir, o senhor Sarko? Julgarão que não havendo democracia europeia podem, no lugar dela, existir democracias nacionais.

O general Loureiro dos Santos falou-nos, ontem, dos receios de um golpe de Estado na Grécia. Parece-me que o receio vem tarde. O golpe de Estado já aconteceu. Em vários países europeus, começando pela Grécia. Com violações sistemáticas às constituições nacionais - em Portugal elas acontecem com a cumplicidade do Tribunal Constitucional -, o assalto estrangeiro aos recursos das Nações e a perda ilegal de soberania - veja-se o poder que o directório europeu se tem dado a si próprio no processo de saque às empresas gregas a privatizar. O que está a acontecer ali, agora, é a tentativa de repor a legalidade democrática.

Perante as reações indignadas de tanta gente à decisão de devolver ao povo grego o veredicto sobre o seu futuro fica evidente uma coisa: anda por aí muito muito "democrata" que odeia a democracia. Porque ela pode travar a imposição de um programa ideológico que nunca seria sufragado pelo povo sem estar debaixo de chantagem. A Grécia deu o primeiro passo para travar esta ditadura perfeita. Se for até ao fim, pode salvar a Europa do caos político para onde se dirige. Pagará um preço alto? Mas ainda tem alguma coisa a perder?

Se os gregos aprovarem mais este plano de destruição do seu futuro - coisa nada improvável, perante o cenário que a Europa e os "mercados" lhes vão impor pelo seu atrevimento - pelo menos terão tentado dar um sinal de dignidade em tempos que ela parece ser um bem escasso.

Publicado no Expresso Online

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Grécia

A Grécia de Merkosy

DO BLOG DE JOANA LOPES, Portugal aqui
Como o próprio Miguel Portas diz num texto que divulgou esta manhã no Facebook, o ritmo a que tudo está a acontecer na Grécia impossibilita qualquer previsão do que se seguirá nas próximas horas. Que isso não nos impeça de reflectir sobre o que se passou até agora.

«Os acontecimentos na Grécia sucedem-se a velocidade vertiginosa. É possível que o governo caia esta sexta-feira e que o referendo seja substituído por eleições gerais. No momento em que escrevo, o PASOK perdeu a maioria de 2 deputados de que ainda dispunha no Parlamento e o ministro das finanças retirou o tapete ao seu primeiro-ministro.

Ontem mesmo, G. Papandreou teve uma desagradabilíssima reunião com os dois tenores da política europeia. Foi por estes informado de que a tranche de 8 mil milhões de euros do primeiro empréstimo, prevista para Novembro, se encontrava suspensa; e que a pergunta do referendo, a ocorrer, deveria incidir sobre a pertença à zona euro e não sobre o pacote associado ao segundo resgate da Grécia. Tanto quanto se sabe do conclave, o primeiro-ministro grego cedeu. Mas, verdadeiramente, ainda é ele que detém as rédeas da situação? Tudo indica que não.

A dupla Merkosy joga em dois tabuleiros: no primeiro, impõe a pergunta que mais lhe convém - a da chantagem euro/sim, euro/não - não vá o diabo tecê-las e o referendo ocorrer mesmo; no segundo, trabalha na sombra para se libertar de um aliado que se revelou instável, por muito que lhe desagrade um temporário vazio de poder em Atenas.

A nenhuma destas criaturas ocorreu, por um segundo sequer, interrogar-se sobre o porquê da inusitada decisão de Papandreou de recorrer a um referendo. Aliás, esta observação é extensiva à generalidade dos comentadores, que se apressaram a escrever, em todos os registos possíveis, que a Grécia “não podia fazer isto à Europa e ao euro”. Mas não podia porquê?

Porque há-de ser “crime de lesa Europa” ouvir um povo, se todos os dias se ouvem os chamados mercados e não há chancelaria que se queixe? Porque hão-de ser as obrigações com os Estados e com os credores mais importantes do que as obrigações que os Estados contraem com os seus cidadãos? Porque é que nos primeiros casos assistimos a “rupturas de contrato” e nos outros não?

Foi assim tão inusitada e esdrúxula a decisão de convocar o referendo? Inexplicável? Não creio. A decisão reflecte a vontade de um líder em perda de velocidade sacudir a brutal pressão a que estava a ser submetido quer por Bruxelas quer pela parte mais combativa do seu povo. Não se percebe nada do “inexplicável” sem se reconhecer a violência social escondida no programa de austeridade imposto por Bruxelas e pelo FMI.

Sabe-se que Papandreou não tinha ficado contente com os resultados da última cimeira. Com efeito, o chamado “perdão de 50 por cento” da dívida é uma fraude que, na melhor das hipóteses, se saldará numa perda de 20 por cento para os bancos, entretanto recompensados com dois programas de transferência de recursos públicos. Papandreou nunca se teria decidido pelo referendo se outra fosse a aproximação europeia aos problemas da Grécia. Ele decide-se pelo referendo porque esgotou a sua própria reserva de decisão. Com efeito, a mais importante decisão imposta aos gregos é também a mais simbólica e humilhante: a troika transferiu-se de armas e bagagens para Atenas. Tantas vezes vai o cântaro ao poço que um dia ele parte-se e foi o que aconteceu.»

Contra o soberano de toda Europa: o FMI

Mercados surram a democracia
Clóvis Rossi (FSP)
texto enviado pelo Zé de Arimathéia
Grata!
É difícil imaginar algo mais democrático do que submeter à decisão do tal de povo --o soberano nas democracias-- políticas que afetem a vida do conjunto da população, quaisquer que sejam tais políticas
Foi o que resolveu fazer o primeiro-ministro grego, George Papandreou, com os pacotes de ajuste que está sendo obrigado a adotar, em troca do socorro de seus parceiros europeus e do Fundo Monetário Internacional
Pequeno resumo dos efeitos do ajuste até agora:
1 - O número de suicídios, nos cinco primeiros meses do ano, foi 40% maior do que em idêntico período do ano anterior.
2 - O desemprego, que era de 7% até o início da crise, faz três anos, mais que dobrou e está hoje em 16%.
3 - O estancamento da economia foi pavoroso: 8,1% no primeiro trimestre, 7,3% no segundo.
Melhorou, então, o desempenho das contas públicas? Nadica de nada. As receitas caíram e os gastos aumentaram, do que resultou um déficit superior em 15% ao dos nove primeiros meses de 2010.
Com efeitos tão devastadores, nada mais natural do que perguntar ao "soberano" se quer continuar ou prefere parar, certo?
Errado, responderam os mercados. Castigaram não apenas a Grécia mas todas as bolsas de valores do planeta com quedas espetaculares. Consequência inescapável: os países que patrocinam uma intervenção clara nos negócios internos gregos convocaram Papandreou para ouvir um baita pito na cúpula do G20 que começa nesta quinta-feira.
Por quê? Porque o pressuposto dos mercados - que não prestam contas a ninguém - é o de que os eleitores gregos rejeitarão o sofrimento. Não deixa de ser curioso: o pacote de ajuda a Grécia inclui um calote de 50% na imponente dívida do país, cujos detalhes serão ainda negociado com a banca - ah, o diabo está sempre nos detalhes. Ou seja, se a Grécia recusar o pacote, o calote também será recusado, o que deveria alegrar os mercados.
O problema é que eles sabem que o calote virá de uma forma ou de outra: organizado como está sendo negociado ou na marra, caso em que, em vez de perderem 50%, perderão tudo.
Pode até ser que o pito no premiê grego funcione aqui em Cannes e ele desista do plebiscito. Já não importa, do ponto de vista do jogo democracia x mercados. Os mercados ganham. O plebiscito demora para ser realizado, porque a democracia é necessariamente lenta para poder ser limpa e organizada. Já os mercados votam instantaneamente e repetem a votação a cada dia, a cada momento, a cada minuto.
O pior é que os mercados não deixam alternativa aos gregos: ou votam sim à dor ou são jogados às feras pelos seus parceiros europeus, enfurecidos com a decisão do primeiro-ministro de praticar um ato democrático.