Recebido a matéria abaixo do amigo virtual Grozny Arruda.
O governo Dilma, PT (e do Lula) fez e faz o que o PSDB queria fazer e quer fazer. A Reforma da Previdência, em 2003, que nos jogou na vala comum, era objetivo do FHC, esse bruto tucano que privatizou o Brasil. A expertise petista foi fazer a privatização aos poucos, minando o público aos poucos quando a oposição de esquerda estivesse dizimada. Deu certo. Agora estamos em um governo de direita. Com colegas de esquerda nos matando. Desculpem-me a falta de alegria, de humor.
Estranho
nacionalismo
por André Singer - Folha de SP,
18.5.13
A
MP dos Portos, aprovada depois de impressionante guerra político-empresarial no
Congresso, deverá marcar o governo Dilma, talvez comprometendo de maneira
indelével o caráter nacional-desenvolvimentista que a presidente procurou imprimir
aos anos iniciais de seu mandato.
Em
primeiro lugar, porque a orientação do projeto é privatista, embora o Executivo
não goste que se fale em privatização. É verdade que os portos já estavam
parcialmente em mãos privadas desde a reforma de 1993. No entanto, em lugar de
restabelecer o primado do Estado numa área vital, a 595 abriu o espaço dos
negócios portuários para outras empresas (as quais também já operavam no setor,
porém em caráter, digamos, provisório).
Daí
a disputa que se estabeleceu na Câmara dos Deputados nesta semana. Os que já
estavam não queriam sair. Os "de fora" queriam substituir os antigos
donos do pedaço.
Como
se trata de interesses que envolvem bilhões de reais, vastos recursos foram
usados para mobilizar parlamentares de um lado e de outro. Empresários como
Daniel Dantas e Eike Batista e conglomerados como Odebrecht e Oetker (que detém
a companhia de navegação Hamburg Süd) foram alguns dos nomes famosos que
circularam nas notícias da semana. Ou seja, além de aumentar a privatização dos
portos, a MP acelerou a galopante privatização do Legislativo brasileiro.
Em
segundo lugar, a pretexto de aumentar a concorrência, o novo marco regulatório
parece ter dado a alguns gigantes econômicos benefícios de tal ordem que, no
médio prazo, os portos estatais irão quebrar. É o que afirmaram o senador
Roberto Requião (PMDB-PR) e, por incrível que pareça, a nota técnica da
liderança do PT. Isso explica por que o partido votou em bloco a favor da
medida, mas com defesas tímidas do conteúdo, apelando para uma vaga ideia de
modernização, tão a gosto dos liberais.
Ao
aceitar o argumento neoliberal de que só o mercado é capaz de controlar o
mercado, deixou-se de lado a alternativa de reconstruir a capacidade pública
para ordenar um setor-chave da economia brasileira. Em outras palavras,
aprofundando o viés liberalizante da política iniciada na década de 1990, Dilma
pode ter enterrado o sonho de recuperar a soberania nacional em terreno
estratégico.
Ainda
que possa estar satisfeita com a vitória de última hora, não creio que o
instinto desenvolvimentista da presidente a deixe dormir em paz com a
perspectiva acima, que o grande capital evidentemente comemora. Resta ver se,
pelo menos, tantas concessões irão trazer os frutos esperados em matéria de crescimento
do PIB. A conferir.
Vesalius
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MALA
Numa estimativa de
quem sabe fazer esse tipo de conta, na mala que fortalecia as opiniões dos
adversários do projeto original da Medida Provisória dos Portos havia pelo
menos R$ 200 milhões. Talvez mais, nunca menos. - Elio Gaspari, 19.5.13
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