Abaixo vejam a carta de repúdio dos estudantes do COLETIVO INQUIETUDE LIVRE contra as
atitudes do Diretor do Campus da Unicentro em Irati, Paraná.
A UNICENTRO é uma das Universidades Públicas do Paraná. parece que essa Universidade tem vontade política de terceirizar a coisa pública, o restaurante universitário, por exemplo.
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CARTA DE REPÚDIO ÀS ATITUDES DO Prof. Edélcio Stroparo,
Diretor do Campus da Unicentro em Irati
Disse o diretor do Campus Irati, Edélcio Stroparo, que o
problema do fechamento do Restaurante Universitário (terceirizado) foi causado
por um pequeno número de acadêmicos que reclamavam do valor das refeições. Ora,
se este grupo era tão pequeno ele mostrou ter um poder enorme. Tão grande a
ponto de fazer com que o governo liberasse um milhão e duzentos mil reais para
o subsídio da alimentação tanto para Guarapuava quanto Irati. Mas se o grupo
era pequeno, e tudo começa assim, o prof. Edélcio não percebeu que o grupo
cresceu, fez manifestação na reitoria da Unicentro, fez um ato e foi recebido
pelos Deputados na Assembleia Legislativa, levantou cartazes na cara do
Governador Beto Richa quando esteve aqui em Irati, fez o secretário da SETI se
sentar à mesa para negociar e ganhou espaço na mídia regional. Incrível o poder
de realização que teve este pequeno grupo, não é mesmo?
Agora a empresa que administrava o RU da Unicentro e que
pagava o ‘exorbitante’ aluguel de 200 reais, cobrava o preço de refeição mais caro
entre as universidades públicas do Paraná e servia uma alimentação cuja
qualidade não agradava, se retira após seu prazo licitatório já ter expirado. A
administração da universidade a partir daí procura culpar os estudantes usando
o expediente da chantagem, apelos emocionais e pretende jogar uns contra os
outros. Ao invés de apostar no diálogo a administração prefere o expediente de
gerar discórdia entre os estudantes. Bela escola esta.
Sobre o subsídio consideramos esta uma medida paliativa e
ineficaz. Ela deve ser substituída no curto prazo, pois é apenas emergencial. É
uma medida assistencialista, não isonômica e atende apenas cerca de 10% dos
estudantes. No campus de Irati estudam cerca de 3.000 estudantes. O Subsídio
que ele considera uma boa notícia e uma resposta ‘aos críticos’ somente irá
atender 300. Os restantes 2.700 continuarão a pagar pela alimentação um dos
valores mais altos do Brasil, conforme matéria publica em abril no jornal
Gazeta do Povo. Será que entende o Prof. Edélcio que críticos são um
problema? Uma universidade que não forma mentes críticas forma o quê? Mentes
passivas? É assim que ele gosta? Em qual Universidade será que o prof. Edélcio
estudou, que lá estudante ter mentalidade crítica era um problema?
Alega ele que nos RUs do estado paga-se R$ 1,90, mas ainda
fica indignado pelos estudantes da UNICENTRO terem ‘reclamado’
porque durante anos pagaram caro (R$ 4,50) por uma alimentação de baixa
qualidade.
Agora, e de forma surpreendente para nós, o prof. Edélcio
vem a público dizer que a proposta da universidade é que a empresa vencedora do
certame administre o RU nos próximos cinco anos. Em absoluto concordaremos com
isso. Nas inúmeras conversas que tivemos com ele, com o Reitor, os Deputados e
o Secretario da SETI, reafirmamos categoricamente que exigimos o RU estatizado.
Se houver um processo licitatório, o máximo que aceitaremos é que seja até o
final do ano, pois queremos que o orçamento do estado do Paraná, cuja discussão
se inicia em 29 de maio, já contemple previsão orçamentária para a estatização
em 2014. Desde o ano passado já vimos falando isso. A UEL, UEM e UEPG já tem
seu RU estatizado, a UNIOESTE já está discutindo a construção do seu. Queremos
o nosso, ora! Em que a UNICENTRO é uma universidade que mereça menos consideração
da parte do governo? Talvez porque dirigentes como o Prof. Edélcio nunca
‘reclamaram’ junto ao governo a construção de um RU para a UNICENTRO. Aliás, é
de se destacar que nosso movimento não é contra a reitoria, nunca foi. Mas a
reitoria passou a tratar o movimento estudantil de forma agressiva e como
adversário e as falas do prof. Edélcio mostram claramente isso. Entendemos que
a reitoria é eleita pelos professores, funcionários e estudantes. Ela deveria
ser a representante da Universidade junto ao governo. Mas parece que ela se
comporta como representante do governo, pois fica justificando os argumentos
deste. A UNICENTRO nunca investiu em assistência estudantil de verdade como as
outras universidades fazem. Por conta do nosso movimento de ‘meia dúzia’, como
eles querem fazer acreditar, os primeiros recursos começaram a vir. A
comunidade deveria ficar satisfeita com isso, pois nosso movimento injetou um
milhão e duzentos mil reais na economia de Guarapuava e Irati. Um dinheiro que
não existiam antes. E vamos injetar mais. E sabemos para onde este dinheiro
vai. Vai para os pequenos produtores rurais da nossa cidade que irão fornecer
gêneros alimentícios para o nosso RU cuja demanda é de cerca de 3.000 refeições
por dia.
Ainda assim, disse textualmente o prof. Edélcio: “As pessoas
que reclamam criaram um problema. Todos devem saber quem são os culpados pelo
fechamento do restaurante. Foram alguns alunos que de forma deselegante
deixaram os colegas, professores e funcionários sem RU”.
Relativamente a esta fala do prof. Edélcio temos a dizer que
vamos fazer uma placa de metal para colocar na sede do DCE com os seguintes
dizeres: “As pessoas que reclamam criaram um problema”, assinado Edélcio
Stroparo Diretor do campus Irati. Esta placa terá a função de nos lembrar todos
os dias e também às futuras gerações de estudantes da Unicentro contra o que
lutamos. Reclamar não é um problema, reclamar faz parte da natureza humana. Por
reclamar quando algo não está bom é que nossa civilização avança na cultura, na
tecnologia, nas relações sociais, no direito, na economia, cruzou os mares,
descobriu novos continentes e foi ao espaço. Reclamar quando algo não está bom
nos motiva a melhorar sempre. Reclamar significa inquietação quando algo falta
ou é insuficiente. Se não reclamamos nos acomodamos e estagnamos. Prof.
Edélcio Stroparo tenha certeza, vamos continuar reclamando para o bem da
Unicentro. E se você não suporta ou tolera isso, então não serve para ser
dirigente de uma universidade. A Universidade não um ambiente para acomodações
Prof. Edélcio, pois ela deve estar sempre na fronteira do conhecimento.
Democracia é isso, saber conviver e aprender com quem reclama. E se o senhor
não aprendeu o valor da tolerância e do diálogo então vai aprender conosco.
Coletivo Inquietude Livre – CI Unicentro
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