Por que, filho, te perturbas a ponto de retardar os passos? Em que te incomoda o murmurar desta gente? Dante Alighieri
Do coração e outros corações

domingo, 22 de julho de 2012
Dilma Leu FHC. Mercadante também.
Elio Gaspari, 22.7.12
Gerentona?
Quem está na frigideira com a greve de servidores é a doutora
Dilma com seus ministros descoordenados
Não deu outra: o governo produziu um surto grevista no serviço
público federal. Estão paradas há dois meses 56 universidades federais e há
funcionários em greve em pelo menos 15 repartições de 26 Estados. Chegou-se a
essa situação porque a doutora Dilma e seus comissários acharam que podiam
enfrentar as reivindicações com onipotência e embromatina.
O surto começou em junho com a greve dos professores de
universidades federais. Era uma paralisação parcial, e o governo disse que o
problema deveria ser negociado no Ministério do Planejamento, onde a comissária
Miriam Belchior informava que não trataria com grevistas. Era o modelo Scania.
Em 1978, ele produziu um surto grevista no ABC de São Paulo e dele emergiu um
sujeito chamado Lula.
Ao escolher esse caminho, a doutora Dilma cometeu uma imprudência
semelhante à do industrial que, diante de uma greve, manda o assunto para uma
discussão entre o sindicato e a diretoria financeira da empresa. De lá, só sai
uma resposta: não há dinheiro.
A onipotência ruiu numa sexta 13, quando a comissária Belchior
apresentou uma proposta aos grevistas. Em quase todos os casos, além de
aumentos salariais, os servidores querem planos de carreira prometidos e jamais
apresentados.
O comissariado do Planalto quer a coisa (acabar com a greve) e seu
contrário (preservar a incolumidade política dos ministros cujas áreas são afetadas
pelo movimento).
Aí entra a embromatina. O ministro da Educação sumiu. O da Saúde
emudeceu, com servidores da Anvisa parados e com a Funasa parcialmente
paralisada. O do Trabalho, não se sabe onde está. O comissário dos movimentos
sociais, Gilberto Carvalho, passou por perto, afastou-se e reapareceu, falando
em "equacionar as contas", sem que se saiba o que isso quer dizer.
Com as greves espalhadas pelas agências reguladoras, pelo Incra,
pelo IBGE e em pelo menos seis ministérios, somando algo entre 150 mil
servidores, segundo o governo, e 500 mil, segundo os grevistas, o Planalto
soltou o espantalho da crise econômica refletida no Pibinho.
É um truque velho, generaliza o problema com o propósito de não
discutir a pauta específica. A crise europeia nada teve a ver com o
engavetamento dos planos de carreira dos professores universitários
brasileiros. Se um servidor do Judiciário está sem aumento há três anos ou
espera pelo plano de carreira há outros tantos, essa argumentação chega a ser
desrespeitosa. Ele pode até discordar da extensão das reivindicações do
sindicato, mas não quer ser tratado como bobo.
Foi Miriam Belchior quem travou as negociações? Mercadante ficou
longe? Padilha se manteve calado? Tudo isso é verdade, mas só aconteceu porque
a gerentona Dilma Rousseff desenhou uma estratégia cataléptica que estimulou as
greves e acrescentou um desnecessário elemento de tensão. Dificilmente Lula
tomaria esse caminho, parecido com o dos generais ou com a severidade de
Fernando Henrique Cardoso na greve dos petroleiros de 1995.
Na última opção preferencial pela embromatina, o Planalto ameaça
cortar os salários dos grevistas. Nem Ronald Reagan, o exterminador de
sindicatos, seria capaz de deixar 55 mil professores sem dois meses de
salários. Se a ameaça fosse séria, teria eficácia em junho. É uma parolagem
sempre repetida, jamais cumprida. Exatamente por isso as greves no serviço
público são duradouras e no setor privado são breves.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
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De Joana Lopes, PortugalHá 76 anos, a Guerra Civil de Espanha
Na noite de 17 para 18 de Julho de 1936, teve início a terrível Guerra Civil de Espanha, que iria durar quase três anos.
Alguma informação, para aprender ou recordar:
>>> Um site precioso.
>>> Um dossier especial de El País, publicado há um ano.
>>> Seis longos vídeos:
Ontem na Espanha
Do blog de Joana Lopes, Portugal
Espanha: 80 cidades em protesto
Madrid
Sevilha
Valência
Múrcia
Bombeiros em Astúrias
ler:
....
Do Blog do Sérgio Fajardo
Universidade Federal de RO é condenada por bullying contra aluno
Da revista Consultor Jurídico - CONJUR
Notícias
12julho2012
DANOS MORAIS
Universidade Federal de RO é condenada por bullying
Por ter praticado bullying contra
o aluno Rafael Santos Rodrigues Vieira, a Fundação Universidade Federal de
Rondônia (Unir) foi condenada pela Justiça Federal. Foram condenados também
dois professores universitários que, proporcionalmente, deverão pagar ao autor
da ação R$ 30 mil a título de reparação por dano moral.
Em juízo, o estudante alegou que prestou vestibular em 2009 para
o curso de Medicina e que, inconformado com sua nota na redação, pediu revisão
da prova, tendo a Unir constituído uma banca examinadora, composta por
professores-doutores, para reavaliar sua prova. Segundo o estudante, no meio
universitário, ele era chamado de “janeleiro”, “Mandado de Segurança” e de
“reclassificado”.
O juiz Alysson Maia Fontenelle, que assinou a decisão, disse que
"bullying é
um ato consciente, hostil, repetitivo e deliberado que tem um objetivo: ferir
os outros e angariar poder através da agressão". "É à luz dessa
premissa, de cunho psíquico e sociológico, que estou certo de que, no caso em
julgamento, resta plenamente configurada a prática de bullying contra o
autor", afirmou.
A comissão da universidade concluiu que houve erros na correção
da prova, tendo elevado sua nota. Com isso, ele passou para o 25º lugar na
classificação final do vestibular. Mesmo diante da reclassificação, seu pedido
de matrícula foi indeferido pelo departamento de Medicina, sob o argumento de
que todas as vagas já teriam sido preenchidas.
Diante da negativa de matrícula, Rafael Vieira entrou com
Mandado de Segurança e conseguiu ser matriculado por decisão liminar. Segundo
ele, a partir desse momento, a universidade e os professores praticaram, de
forma ostensiva, todo tipo de constrangimento e agressão, verbal e psicológica,
com o intuito de forçar sua exclusão do curso.
Entre as represálias e ofensas citadas pelo aluno estão
tratamento diferenciado da parte dos professores e indiferença dos demais
colegas de sala, como a criação de comunidades virtuais em que suas imagens
eram cortadas. Teve também as senhas de e-mail trocadas, para que não pudesse
ter acesso aos materiais do curso. Foi proibido de assistir aulas de Bioética
pelo próprio professor da disciplina, sob a alegação de que o aluno não tinha
ética para estar presente à aula.
Duas vezes notificada pelo estudante, a Unir não tomou nenhuma
providência. O juiz concluiu não ter dúvidas de que tais condutas constituem
atos lesivos à honra do autor, suficientemente robustos para justificar a dor,
o sofrimento e a humilhação a que fez alusão em seu relato na petição
inicial. Com
informações da Assessoria de Imprensa da Justiça Federal de Rondônia.
Revista Consultor Jurídico, 12 de julho de
2012
Leia mais em:http://hipocrisiaacademica.blogspot.com.br
Revista Schème...
É com imensa satisfação que comunico a todos e todas a
publicação de mais um número da revista Schème - Revista Eletrônica de Psicologia
e Epistemologia Genéticas.
Não deixem de conferir: www.marilia.unesp.br/scheme
quinta-feira, 19 de julho de 2012
No Paraná... Richa (como Mercadante) não responde aos professores das universidades estaduais
PROFESSORES
DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS ENTRARÃO EM GREVE CASO O GOVERNO BETO RICHA NÃO
CUMPRA O ACORDO DE EQUIPARAÇÃO SALARIAL
Os Sindicatos de Docentes das Universidades Estaduais do Paraná vêm a
público esclarecer sobre a possibilidade de greve no segundo semestre de 2012.
Durante o ano de 2011, os sindicatos se reuniram diversas vezes com o
governo Beto Richa para discutir a defasagem salarial e produzir uma
proposta para corrigir este problema. Em março de 2011 o governo criou um Grupo
de Trabalho para construir tal proposta. Participaram deste grupo os Sindicatos
de Docentes, representantes do governo e representantes das Reitorias. As
reuniões começaram em março e se prolongaram até julho de 2011, quando a
proposta foi finalizada e assumida pelo Secretário de Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior, Alípio Leal.
A partir de julho de 2011, a proposta tramitou em diversas secretarias
do governo, mas não foi oficializada. Os Sindicatos de Docentes se reuniram com
o governo repetidas vezes e pediram explicações sobre a situação. Entretanto, o
governo dizia apenas que a proposta estava tramitando entre as secretarias.
Diante disto, algumas universidades realizaram uma paralisação no dia 27 de
outubro de 2011 com o objetivo de alertar o governo da demora na oficialização
da proposta. Com as universidades paralisadas o governo agendou reunião para o
dia 11 de novembro e lá propôs um reajuste de 31,73%, dividido em 3 parcelas anuais de 9,62% a serem pagas
até o mês de março de 2012, 2013 e 2014.
Contudo, no dia
3 de março de 2012, o Secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Alípio Leal, reunido com os representantes dos Sindicatos
Docentes, comunicou que o governo não implementaria o reajuste de
31,73%. A justificativa do rompimento do acordo partiu da
Secretaria da Fazenda, ocupada por Luiz Carlos Hauly, que alegou problemas de
natureza técnica.
Ao longo do mês de fevereiro de 2012, os docentes realizaram
assembleias na UNIOESTE, UEM, UEPG, UNICENTRO, UENP, FECEA e UEL para discutir
a situação e decidiram que era inaceitável
que o governo, depois de apresentar a proposta de equiparação salarial, a
retirasse. Os docentes concluíram que o governo havia ludibriado os
docentes (e os reitores) das universidades estaduais do Paraná durante um ano.
Por fim, os docentes aprovaram paralisação para o dia 7 de março e greve por
tempo indeterminado caso o governo não mantivesse a proposta.
No dia 7 de março de 2012, os docentes
paralisaram todas as universidades e realizaram uma caravana até Curitiba,
junto com os estudantes. O objetivo era a equiparação salarial para os
professores e a recomposição do custeio das universidades (parte do orçamento)
que havia sido reduzido no mês de fevereiro. Naquele dia, o governo Beto Richa autorizou a
suplementação dos recursos para o custeio das universidades e determinou a
criação de um grupo técnico de trabalho para apresentar uma
proposta de equiparação salarial docente em uma semana. O grupo técnico foi
coordenado pelo vice-governador Flávio Arns e, no dia 20 de março, o
governo Beto Richa divulgou duas propostas de equiparação salarial. Os
Sindicatos Docentes discutiram tais propostas em assembleias e novamente
acreditaram no governo, aceitando o pagamento de 31,73% em 4 parcelas iguais de
7,14% a serem pagas no mês de outubro dos anos de 2012, 2013, 2014 e 2015. No
dia 23 de março, na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, os
Sindicatos de Docentes assinaram o acordo com o governo, que se comprometeu,
por escrito, a transformar a proposta em projeto de lei e enviá-lo para a
Assembleia Legislativa até o dia 1º de Maio de 2012.
A SETI elaborou Projeto de Lei mas,
lamentavelmente, o governo não enviou o projeto no prazo acordado. Os docentes
aguardaram o final de maio e o Projeto de Lei não foi enviado. Os Sindicatos de
Docentes buscaram explicações do governo para o atraso e em resposta foi dito
que o Projeto estava pronto, mas aguardava alguns ajustes na Secretaria
da Fazenda, do secretário Luiz
Carlos Hauly, o mesmo secretário que havia
boicotado a proposta de reajuste apresentada em novembro de 2011. Novamente, a
SETI informou que o Projeto de Lei chegaria até a Assembleia Legislativa na
primeira quinzena de junho, o que não aconteceu. O Projeto continua na
Secretaria da Fazenda desde o dia 22 de maio.
No dia 10 de julho de 2012, em reunião com a SETI, foi anunciado que a demora no trâmite
deve-se a algum tipo de dificuldade em função do “limite prudencial” da lei
de responsabilidade fiscal. Os representantes da SETI deixaram claro que
estavam negociando para que o projeto de lei fosse encaminhado para a
Assembleia Legislativa o mais rápido possível, mas que não havia previsão
oficial para a solução do problema. No mesmo dia, os representantes dos
sindicatos conversaram informalmente com o vice-governador Flávio Arns
(coordenador do GT que produziu a proposta de equiparação salarial docente),
que demonstrou conhecimento sobre o andamento do processo e disse que estaria
negociando dentro do governo para garantir que a proposta fosse encaminhada
mas, no momento, o governo estaria também trabalhando com as demandas de outras
categorias. Por fim, o vice-governador mencionou a relação entre o pagamento
da primeira parcela da proposta de equiparação salarial e o limite prudencial
da Lei de Responsabilidade Fiscal, não garantindo o cumprimento do acordo.
O que chama a
atenção na demora da tramitação do projeto de equiparação salarial é o fato NOVO
de o governo condicionar o pagamento da proposta ao limite prudencial da LRF. O
acordo firmado acerca da proposta de reajuste não tinha qualquer tipo de
condicionante. Porém, o governo Beto Richa insiste em requentar
este argumento. Aqui é preciso esclarecer três fatos: a) o governo “infla”
contabilmente os gastos com salários do funcionalismo de modo que o “limite
prudencial” seja ultrapassado em ridículos 0,34%!; b) isto acontece porque a
Secretaria da Fazenda, por escolha própria, não deduz corretamente os valores
referentes ao Imposto de Renda retido na fonte e inclui incorretamente os
gastos com aposentadorias e pensões do funcionalismo na despesa com pessoal; c)
se isto for corrigido a despesa com pessoal em relação à
receita corrente líquida recuaria para 44,6%, visivelmente abaixo do “limite prudencial” de
46,55%. Além disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal permite que governos
gastem até 49% de sua receita corrente líquida com o funcionalismo (46,55% é
apenas um “limite prudencial”). Portanto, a decisão do governo de utilizar o
argumento da LRF é uma decisão política contra os docentes!
Considerando que o governo rompeu o acordo feito com os docentes
em 2011, e agora descumpriu o prazo da proposta assinada em março de 2012, os
Sindicatos de Docentes retomam a possibilidade de uma greve por tempo
indeterminado.
As Assembleias Docentes discutirão PARALISAÇÃO DE ADVERTÊNCIA PARA
O DIA 16 DE AGOSTO, GREVE POR TEMPO INDETERMINADO CASO O GOVERNO NÃO ENCAMINHE
IMEDIATAMENTE O PROJETO DE LEI A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, GARANTA SUA APROVAÇÃO
E PUBLIQUE EM DIÁRIO OFICIAL.
Kassab caça pobres..
JORNAL BRASIL ATUAL
Prefeitura de São Paulo orienta guardas a agir com força contra moradores de rua
Publicado em 19/07/2012, 08:07
Última atualização às 08:07
O medo é o sentimento que impera entre os moradores de rua na capital paulista. A repressão da Guarda Civil Metropolitana (GCM) criou um verdadeiro clima de terror na vida dessas pessoas. Eles se recusam a dar entrevista com receio de retaliações dos policiais. Desde o final do ano passado, um documento do comando da Guarda orienta os GCMs a agir com força contra essa população. A norma tem o aval do secretário municipal de Segurança Urbana, Edson Ortega. O defensor público Carlos Weis considera inconstitucional a atuação de guardas metropolitanos na repressão aos moradores de rua. O padre Julio Lancelotti se reúne nesta quinta-feira, 19, com representantes da Defensoria e do Ministério Público, para discutir mecanismos de proteção para essas pessoas. Reportagem de Lúcia Rodrigues
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Quino, 80 anos.
“Nós podemos realizar coisas agradáveis, inteligentes, que façam refletir os adultos e também as crianças. É preciso respeitar as crianças. Os adultos falam com elas como se fossem todas retardadas...”
Quino, criador de Mafalda, completa hoje 80 anos.
Disponível em:
http://semioticas1.blogspot.com.br/
Quino, criador de Mafalda, completa hoje 80 anos.
Disponível em:
http://semioticas1.blogspot.com.br/
Demo...
Quino, 80 anos.
Educador de gerações e gerações. Conheci o Quino por meio de suas tirinhas editadas em espanhol no Brasil de 1970. Na faculdade em 1974 as tirinhas ficavam esparramadas em nossa república. Educando.
terça-feira, 17 de julho de 2012
Madame ...
do Blog de Joana Lopes,PortugalMais papistas do que a papisa?
«A situação política e económica na Grécia deve servir de aviso para o risco de “fadiga do ajustamento” nos outros dois países sob programas duros da troika, avisa o Fundo Monetário Internacional (FMI) num documento publicado ontem. Para o FMI, o desgaste social, político e económico causado pelas reformas estruturais e pela austeridade continua, em Portugal e na Irlanda, a ser “uma ameaça à implementação contínua do programa”.»
Daqui
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segunda-feira, 16 de julho de 2012
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Carta Maior Direitos Humanos| 16/07/2012 | Copyleft 


“Qualquer um pode ser apreendido, preso ou morto se estiver no lugar errado”
Em entrevista à Carta Maior, Vera da Silva Telles, professora da Universidade de São Paulo e especialista em Sociologia Urbana, analisa o surto de violência nas periferias de São Paulo e a ação policial nestas áreas. Entre 17 e 28 de junho, segundo dados do Sistema de Informações Criminais, 127 pessoas foram assassinadas na capital paulista. Durante todo o mês de junho, 39 cidades da Grande São Paulo registraram, juntas, 166 mortos.
Rodrigo Giordano
São Paulo - Na avaliação de Vera da Silva Telles, professora da Universidade de São Paulo e especialista em Sociologia Urbana, o surto de violência nas periferias de São Paulo faz parte de um embaralhamento dos critérios de ordem, no qual as ações dos agentes policiais gera um sentimento de imprevisibilidade nos moradores de tais áreas.
“Tudo pode acontecer, qualquer um pode ser apreendido, preso ou morto se estiver no lugar errado, na hora errada”, diz a professora, em entrevista à Carta Maior.
Entre 17 e 28 de junho, segundo dados do Infocrim (Sistema de Informações Criminais), 127 pessoas foram assassinadas na capital paulista; nesse mesmo período, 39 cidades da Grande São Paulo registraram, juntas, 166 mortos durante todo o mês de junho.
Especula-se que o estopim para essa onda de “violência extralegal”, como diz Vera, seria um suposto confronto entre membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) em 28 de maio, na zona leste, com oficiais da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), do qual teria resultado cinco mortes.
Que relação você enxerga entre os assassinatos ocorridos nos bairros periféricos de São Paulo e o Estado?
Certamente detalhes de circunstâncias e números é algo ainda a ser mais bem investigado. Por ora, eu gostaria de enfatizar alguns aspectos do que parece estar acontecendo, e que podem efetivamente dar um registro do modo de atuação das forças da ordem. Pelos relatos e depoimentos que circulam nas reportagens e também pelas redes sociais: toque de recolher (Parque Bristol e outros bairros das periferias paulistas e bairros de municípios da Grande São Paulo), evidências de ação de grupos de extermínio (jovens executados por grupos encapuzados, em motos), execuções em supostos confrontos (a assim chamada “resistência seguida de morte”), invasão da PM nas vielas de favelas do Parque Bristol e Jardim São Savério, ruas cercadas pela polícia.
É importante prestar atenção justamente no modus operandi das forças da ordem nesses casos; aqui, o que se evidencia é, em primeiro lugar, o uso da violência extralegal. Mais ainda: é essencial atentar para o modo como os agentes da ordem fazem uso das prerrogativas que o Estado lhes confere para, na prática, suspender a lei e praticar a violência, em suas várias formas (das execuções ao toque de recolher, passando por varias formas de intimidação e violência). Mas, com isso, é como se ficasse anulada a diferença entre a lei e a transgressão da lei, a lei é como que desativada.
E isso significa que é a própria diferença entra a lei e o crime que fica embaralhada e, no limite, anulada. É isso o que permite acionar essa espécie de autorização para matar, sem que isso seja considerado um crime, e que está exposto nessa expressão que acompanha os registros policiais - “resistência seguida de morte”: uma categoria que não tem existência legal, mas que opera como uma espécie de autorização para matar, invertendo tudo e suspendendo todas as diferenças, de tal modo que toda e qualquer execução vira outra coisa, o crime é atribuído à vitima em suposta “troca de tiros” e “resistência à prisão”.
Quando é dito oficialmente que não há ocorrência nessas regiões que exijam reforço policial, é um modo de dizer, às avessas, que as forças policiais estão efetivamente operando ao revés da lei, fazendo uso da violência extralegal, com as consequências que se sabe. E quando se admite que algo ocorre, é no registro da “guerra urbana” supostamente desencadeada pelo assim chamado “crime organizado”.
Nas filigranas do que dizem autoridades políticas e policias, a senha para a matança, em nome do combate ao crime e exigência do endurecimento repressivo é uma gramática que aciona o argumento da urgência e emergência inscrito em dispositivos de exceção. Concretamente, é o reconhecimento de que vigora nas periferias paulistas (não só, também nas regiões centrais da cidade) situações de exceção. E é essa “exceção que virou a regra” que marca, atravessa, constitui e afeta a vida nessas regiões da cidade.
Quais as causas, tensões e engendramentos do atual conflito urbano na periferia?
Assim como aconteceu em 2006 (em outra escala), esses fatos operam algo como uma grande ocular do que é recorrente nas micro-situações da vida nessas regiões da cidade, sejam as periferias, sejam as regiões do centro (vide repressão ao comércio dito informal e combate aos camelôs): sempre, e em cada qual, um modus operandi que opera esse embaralhamento da lei e da transgressão da lei, dos critérios de ordem e “desordem” e, ainda, entre segurança e ameaça. Isso é importante para aquilatar o que pode estar em jogo em fricções ou conflitos abertos com as forças policiais, tão frequentes na historia urbana de nossas cidades, e que vem se repetindo nos últimos anos.
A isso se deve ainda acrescentar a mesma lógica e o mesmo embaralhamento da lei e não-lei, ordem-desordem, segurança-ameaça, que ocorrem nos conflitos, por vezes acirrados, em torno das igualmente recorrentes ações de “reintegração de posse”, como Pinheirinho. Esses fatos e circunstâncias devem ser colocados lado a lado, para se entender algo do conflito urbano de hoje, mas que tem um lastro na historia urbana (e política) de nossas cidades.
Baseado em suas pesquisas sobre cidade, trabalho e o ilegal no espaço urbano, qual o significado do toque de recolher?
Para isso, efetivamente, valeria a pena uma reflexão mais detida, até porque evoca dispositivos de segurança que começam a ser praticados por todos os lados, é uma forma de instituir algo como “zonas de exclusão” no interior e em torno da qual “tudo pode acontecer” e qualquer arbitrariedade pode se efetivar sem que seja reconhecida como tal: zonas de suspensão da lei e das garantias legais, e isso por conta da ação daqueles que são, em princípio, representantes da ordem e portadores das prerrogativas legais.
Qual o nível de semelhança dos assassinatos ocorridos nas últimas semanas com o que aconteceu em 2006? O que isso quer dizer?
É tudo muito parecido, por mais que as circunstâncias possam ser outras e a escala também. A lógica e a gramática das coisas são as mesmas. O complicador do que acontece agora está numa certa desproporção que precisaria ainda ser bem entendida. Em 2006, houve o “salve geral” e os chamados ataques do PCC; não é isso o que aconteceu agora, por mais que se possa aventar a hipótese de que houve ações e reações de revide dos ditos grupos criminosos (mas ao que se sabe, até agora isso não foi confirmado e resta tudo muito nebuloso). Sequer foi confirmado de que isso tenha algo a ver com o PCC, apenas suposições, rumores e referências vagas a isso.
No entanto, o modo como as execuções e assassinatos ocorreram agora, assim como os locais e algo como uma cartografia dos eventos, também ecoam o que aconteceu em 2006: evidências que dão razões de sobra para acreditar que em tudo isso deve haver acertos de conta entre forças policiais e grupos criminosos (como em 2006, como se sabe, o estopim dos acontecimentos foram justamente desacertos em torno dos acordos entre PCC e policia, achaques em demasia, vinganças, disputas).
Como você interpreta a cobertura da mídia sobre o assunto?
Na mídia, impera o clima de “guerra urbana”; isso é grave, pois é justamente o que aciona a razão legitimadora dos dispositivos de exceção e, mais concretamente, do processo de militarização da gestão urbana, que vem se acentuando nos últimos anos. E o gatilho que aciona isso e a lógica da “guerra urbana” é sempre o mesmo: a “guerra à droga”, as figuras da guerra urbana etc. Por outro lado, essas “miudezas” – o modo de operação das forças da ordem, nada disso entra em pauta, e quando entra, tudo aparece como acidentes de percurso aqui e ali. Não por acaso, esses “detalhes” circulam em forma de depoimentos, relatos e mini-reportagens, pelas redes sociais e por obra de múltiplos coletivos militantes que são, por isso mesmo, da maior importância no cenário atual.
...
Nada dura. Os artigos que escrevemos pecam pelo excesso sem leitura. As amizades se desmancham se você não compactua com os privilégios. As universidades viram comércio de bolsas, de funções gratificadas, de votos em reitores que duram décadas. É tudo uma ECONOMIA. Mercado rápido. Só quando chegamos na aposentadoria é que vemos que o salário também é líquido. Daí, é bem tarde.
Hijos de una buena madre ....
Carta Maior
Direitos Humanos| 16/07/2012 | Copyleft 


Ditadura brasileira soube do golpe contra Allende um mês antes
Documentos secretos do Itamaraty comprovam que a ditadura brasileira sabia do golpe de estado no Chile mais de um mês antes do presidente Salvador Allende (foto) ser deposto, reforçam a tese de que golpistas brasileiros foram, ao lado dos Estados Unidos, os principais articuladores do golpe que derrubou o primeiro presidente socialista eleito pelo voto popular no mundo, e ainda demonstram o intenso monitoramento das atividades dos exilados brasileiros que viviam naquele país. A reportagem é de Najla Passos.
Najla Passos - Brasília
Brasília - Documentos secretos do Itamaraty, agora abertos à consulta pública no Arquivo Nacional, comprovam que a ditadura brasileira sabia que iria ocorrer um golpe de estado no Chile mais de um mês antes do presidente Salvador Allende ser deposto, em 11 de setembro de 1973. E reforçam a tese defendida por pesquisadores da Operação Condor de que os militares brasileiros e seus aliados civis foram, ao lado dos Estados Unidos, os principais articuladores do golpe que derrubou o primeiro presidente socialista eleito pelo voto popular no mundo.
Os documentos foram produzidos pelo Centro de Informações do Exterior (Ciex), o serviço secreto criado pelo Itamaraty em 1966 para auxiliar a ditadura brasileira a combater o chamado “perigo vermelho”. Além de demonstrarem a proximidade entre a diplomacia brasileira e os militares golpistas chilenos, revelam que os exilados e banidos brasileiros no Chile tiveram todos seus passos monitorados pelo Ciex, a serviço do Serviço Nacional de Informação (SNI), o temido órgão central de inteligência do governo ditatorial.
No dia 8 de agosto de 1973, 35 dias antes do golpe, o Informe nº 389, não assinado, alertava a ditadura brasileira de que os altos chefes militares chilenos haviam realizada uma reunião secreta, seis dias antes, na base aérea El Bosque, em Santiago, para examinar “as várias medidas adotadas pelos militares brasileiros quando da revolução de 31 de março de 1964, a fim de determinar em que tal experiência poderia ser útil ao Chile”. Conforme o documento, eles discutiram também a conjuntura chilena e o papel das forças armadas do país perante a crise.
Pelo relato do Ciex, estiveram presentes à reunião o comandante-chefe da Força Aérea Chilena, general-aviador Cesar Ruiz, o comandante da 1ª Zona Naval, Ernesto Jobet, representando o vice-almirante José Turíbio, e o diretor da Aviação Naval, comandante Ernesto Huber Von Hapen, além de diversos oficiais reformados da Marinha e da Aeronáutica. Ruiz havia afirmado que o Chile “estava sob o fio da navalha” e que a adesão a um possível golpe militar se alastrava pelas forças armadas.
No informe, os diplomatas brasileiros avaliam que, desde que começaram a discutir um possível golpe contra o “governo marxista de Allende”, as forças armadas chilenas sempre respeitaram a hierarquia militar e procuraram firmar a maior coesão possível entre elas para derrotar o presidente marxista.
O documento termina elogiando uma entrevista coletiva concedida à imprensa chilena pelo general Alfredo Canales, que lançara as bases para a constituição da Junta Unificadora Nacional (JUN), o partido político que viria a dar sustentação à ditadura. Segundo o informe, “essa coroação pode servir para coroar os esforços, até aqui desenvolvidos clandestinamente, de motivar os militares para uma intervenção contra o governo marxista de Salvador Allende”. Ao final, o Ciex registra a seguinte nota: “O presente informe não poderá ser difundido para serviços de informações estrangeiros”.
No mesmo dia, o Ciex emitiu o Informe nº 390, sobre o agravamento da situação no Chile. “Mais uma vez, em menos de 60 dias, a situação política chilena torna-se gravíssima. O governo parece ter perdido virtualmente o controle do país”, diz o documento. De acordo com o Itamaraty, o fracasso das conversações entre Allende e o presidente do Partido Democrata Cristão (PDC), a continuidade da greve nos transportes, a anunciada adesão do comércio à paralisação e a escalada terrorista, que teria somado mais de 200 atentados nos últimos 15 dias, seriam o pano de fundo para a crise.
O Informe relata ainda que Allende estaria planejando realizar uma reforma ministerial para incluir militares no seu staff, como forma de responsabilizá-los pela manutenção da ordem no país. Para o Itamaraty, a medida prejudicaria uma possível “intervenção” (termo a que se referiam ao golpe).
Após relatar o desgaste do governo perante os militares, com a antecipação da reforma de dois generais e outras medidas, o documento do CIEX alerta que circulam boatos de que o golpe poderá ocorrer nas próximas 24 horas.
No dia seguinte, o Informe nº 393 se desculpa pelas informações contraditórias do dia anterior, justificadas pelo “rápido desenrolar dos acontecimentos”. Relata que, de fato, conforme antecipado, foram designados quatro militares para os cargos de ministros de estado. Um deles era o próprio o comandante-chefe da Força Aérea Chilena, general-aviador Cesar Ruiz, que havia participado da reunião secreta para discutir o golpe, no dia 2.
E mesmo apesar dos militares terem aceitado integrar o staff do governo socialista de Allende, o documento era taxativo: “atualmente existe um verdadeiro consenso da oficialidade das forças armadas chilenas no sentido de que a única solução para o país é a intervenção militar, porém o problema continua sendo o de uma liderança efetiva para o movimento”. O Itamaraty avalia, também, que a falta de uma liderança era o motivo pelo qual, desde a tentativa frustrada de golpe em junho, três outras rebeliões estiveram a ponto de estourar, mas foram abortadas.
Os documentos não fazem nenhuma referência ao general Augusto Pinochet, que viria a ser a principal liderança do golpe. tido até então por muitos como pessoa ligada à Allende.
O documento também tece comentários sobre a situação econômica do Chile e a criação da JUR. “É inevitável concluir que um movimento armado contra o governo marxista de Salvador Allende é inevitável, porém tanto poderá ocorrer nos próximos dias como em um prazo mais longo”.
No dia 13 de agosto, o Informe nº 396 levanta a insatisfação das forças armadas chilenas com a nomeação dos quatro militares para o staff do governo. “Consideram os militares que Allende teria, com esta manobra, visado a um duplo objetivo: ganhar tempo para que as esquerdas continuem se fortalecendo e provocar a desmoralização das forças armadas”, diz o documento.
Segundo o Itamaraty, a impressão predominante nas forças armadas chilenas é que os ministros militares nada poderão fazer para resolver a crise chilena e que, procurando tomar medidas acertadas, tudo o que lograrão é desgastar ou comprometer as devidas forças. “Por isso mesmo, a única solução para o problema chileno é o golpe militar, ao qual só o Exército ainda se mostra, em parte, hesitante”, defende.
O Informe nº 402, de 20 de agosto, é decisivo para demonstrar a proximidade das autoridades diplomáticas brasileiras e os militares insurgentes, que planejavam o golpe. O nível de detalhamento das informações obtidas pelo Itamaraty é revelador. O documento relata o agravamento da crise, com o pedido de demissão do general Cesar Ruiz do cargo de ministro de Obras Públicas.
Segundo o Ciex, era possível observar forte inquietação na marinha e na aeronáutica. A exceção era o exército chileno, em função do forte respeito hierárquico a figura do general Carlos Pratz e outros cinco ou seis generais simpatizantes do regime ou defensores da tese legalista. “Diante desta quadro, fontes idôneas e bem situadas consideram possível um desenlace nos próximos dias, podendo culminar com a queda do governo Allende”.
Monitoramento dos exilados
Outro Informe, produzido no dia seguinte, demonstra que o Itamaraty mantinha total controle das atividades dos exilados e banidos brasileiros que, à época, vivam no país. O Informe nº 404 relata que, durante as 48 horas que precederam a posse do novo ministério, toda a esquerda chilena em condições de atuar fora mobilizada para evitar uma nova tentativa de golpe contra Allende.
O documento afirma também que, segundo alguns asilados brasileiros ligados ao Partido Comunista Chileno (PCCh), a tática do partido à época era tentar equilibrar a situação, pelo menos pelos próximos seis meses, porque a pior crise econômica estaria por vir, em novembro próximo. Ainda segundo o informe, após fevereiro de 1974, haveria um alívio considerado, devido à ação do governo. Os brasileiros responsáveis pelas informações grampeadas seriam Almino Afonso, Ulrich Hoffman reger e Armando Ziller.
O Informe observava ainda que a tática do Partido Socialista (PS) era
reprimir os militantes de ultraesquerda para justificar a repressão também contra a direita. O comunicado atribui à deputada Carmem Lazo a avaliação de que, se Allende superar 1973, o ano seguinte seria bem mais tranquilo e a Unidade Popular (UP) poderia vencer as eleições de 1976, tendo a sua frente uma figura como o general Carlos Pratz ou Gabriel Valdez (PDC). Ambos de tendências constitucionalistas. A UP foi a coalizão de esquerda que elegeu Allende e deu sustentação ao seu breve governo.
Participação brasileira
O médico e político Salvador Allende foi eleito presidente do Chile em outubro de 1970. Governou com muita dificuldade até 11 de setembro de 1973, quando foi deposto por um golpe de estado comandado por seu chefe das forças armadas, Augusto Pinochet. Morreu no Palácio de La Moneda, durante a invasão das tropas ditatoriais. Até hoje não se sabe se foi assassinado ou se teria cometido suicídio.
A participação do Brasil no golpe é defendida por pesquisadores como a jornalista e escritora chilena Mónica Gonzalez, autora do livro “La Conjura - Os Mil e Um Dias do Golpe”, o ex-assessor de Allende e atual diretor do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD), Heraldo Muñoz, autor de “A Sombra do Ditador - Memórias Políticas do Chile sob Pinochet”, e o historiador brasileiro Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, autor de “Fórmula para o Caos”.
Nessas obras, os autores relatam a intensa relação entre o embaixador brasileiro no Chile à época, Antônio Castro de Alcântara Canto, com os militares golpistas. Há denúncias de que reuniões preparativas para o chegaram a ocorrer na sede da embaixada brasileira e de que Castro foi o único brasileiro presente à posse de Pinochet, entre outras evidências.
No Seminário Internacional sobre a Operação Condor, realizado pela Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, na Câmara, no mês passado, Mónica Gonzalez cobrou do governo brasileiro a apuração sobre a participação do país no golpe. “Nós sabemos foram os empresários brasileiros que financiaram a junta militar responsável pelo golpe. E que as primeiras armas que chegaram ao Chile para apoiar Pinochet saíram do Exército brasileiro. Queremos que essa história seja esclarecida e os culpados punidos".
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