Do coração e outros corações

Do coração e outros corações

domingo, 23 de setembro de 2012


do Blog da CATATAU aqui
Transformar o mundo numa laje

http://i292.photobucket.com/albums/mm7/catatando/538687_427702477276184_1930413042_n.jpgDiversos Quero-quero se abrigam como podem em Araguaina, TO
Algum estudioso bem poderia dar conta da questão: de onde vem a preferência do brasileiro pela laje, a ponto de lajear seu universo inteiro, remediando tudo depois com o ar condicionado?
É incrível notarmos a multiplicação de ilhas de calor onde, muitos anos atrás, saudosistas exaltavam valores como o frescor tropical, a exuberância da vida e outras coisas mais. Em lugares como o Rio de Janeiro e São Paulo, a temperatura pode variar 10º apenas devido ao padrão de concreto!
E dá-lhe ar condicionado.
É curioso ver o padrão repetido em muitos lugares no Brasil, bastando viajar um pouco: plantações sem fim, inúmeras desmatações, cedem lugar às vezes a pequenas ilhas de concreto e asfalto – diga-se “cidades” -, com ruas estreitas e baixas, calçadas minúsculas, muros altos e outros concretos à escolha. Sem exigências urbanísticas maiores (da prefeitura ou qualquer lugar), as construções desordenadas encontram seu próprio padrão: asfalto e concreto.
Tudo se passa como se a relação do brasileiro com seu mundo imediato, aquele que toca os sentidos, fosse inteiramente falseada. Como se nossa imaginação nos conduzisse a um mundo que não é bem esse, de asfalto e laje, enquanto produzimos todo dia mais asfalto e mais laje.
Ao redor o ônibus cheio, o calor insuportável, o trânsito ruim, o sol ruim na cara, a calçada estreita e a sala lacrada com o ar condicionado. Nisso tudo, para onde vão as cabeças?
Novamente: não seria inútil perguntar de onde vem esse hábito do brasileiro lajear seu mundo. Um mundo tropical, sempre valorizado pela exuberância, tornando-se pouco a pouco um lugar difícil até para a sombra dos pássaros.
Alguma pressa oculta para a laje derradeira? :)
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Um comentário:

  1. Paradoxalmente, o calor produzido pelos motores dos aparelhos de ar condicionado nas edificaçoes contribuem para aumentar ainda mais o calor exterior. Isto provoca o efeito à que chamamos de bolsoes de ar quante ou ilhas de calor nos setores mais áridos das cidades.

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