O extremismo dos moderados
do Blog de Joana Lopes, Portugal
Foi o primeiro texto que li esta manhã e ganhei o dia. Ao mesmo tempo que senti uma «raiva» imediata por não ser capaz de exprimir, como o Zé Neves, o que assino por baixo da primeira à última linha.
«Devemos desconfiar das pessoas moderadas. São as menos atentas ao seu próprio extremismo», lê-se logo em epígrafe e eu concordo, para além do aparente soundbyte.
Três apontamentos que não dispensam a leitura do texto na íntegra:
1. As certezas, sem espaço para dúvidas, com que tantos apelam à razoabilidade, à conciliação do inconciliável, à cedência em nome de bens superiores, acabam quase sempre por resultar apenas em desistência pura e simples. No fundo, chega-se sempre à defesa do mal menor, esse conceito verdadeiramente assassino de perspectivas e de novos horizontes! («se aconteceu a alguém acordar com a certeza de que outro mundo era possível, deitar-se-á provavelmente conformado com o menor dos males.»).
2. A defesa desesperada da necessidade de unir as esquerdas para derrotar a direita apela à moderação dos imoderados e desagua por vezes, contraditoriamente, na ideia de criar um novo partido que, esse sim, conseguiria o milagre desejado.
3.Por fim a eterna discussão sobre violência ou não violência e aqui limito-me a copy/ paste do que escreveu ZN: «Veja-se o que acontece no debate em torno da questão da violência, que frequentemente serve para que se classifique uma parte da esquerda como moderada e uma outra como não-moderada. Do que neste debate se trata não é tanto de uma oposição entre moderados não-violentos e imoderados violentos. Se perguntarem a um moderado não-violento – um daqueles que rapidamente se apresta a condenar as pedras atiradas por manifestantes atenienses contra a polícia grega porque encontra aí o gesto que inicia o caminho da sociedade rumo ao totalitarismo – se é contra a existência de forças policiais, ele muito provavelmente dirá que não. Ou seja, o nosso moderado não-violento não é contra a violência, mas sim a favor do monopólio estatal da violência, no qual surpreendentemente não vislumbra indício de qualquer perigo totalitário.»
Matéria para muita e variada reflexão e debate – se debate sobre estas questões fosse realmente desejado, o que não me parece ser o caso.
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