Do coração e outros corações

Do coração e outros corações

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Empatia

Qual a nossa história com os bichos? Creio que todos a temos e ela começa com os pequenos animais com os quais convivemos na infância. Os primeiros são os cães. Meu primeiro cachorro foi o Mosquito. Dele me sobrou a lembrança já em névoa. Só me lembro que ele era pequeno, branco com algumas manchas. Seriam amarelas? Na minha névoa, sim. Rezava a lenda em casa que ficara pequeno porque meu pai, em um banho, bateu na cabeça do Mosquito e ele nunca mais cresceu. Que dor sentiu o pequeno cão, pensava eu. A mão de meu pai era pesada. 
Depois da morte do Mosquito, por atropelamento, resolvi que não iria amar mais os cães, os bichinhos de estimação. E afastei-me da dor, dessa dor da perda. Só voltei a ter cães quase quarenta anos depois, quando morando em uma casa, abri mão de minha lembrança e abriguei o Raul Seixas, pastor alemão. Depois dele vieram mais. E mais. Além disso, abriguei gatos. E eles me abrigaram também. 

Estou falando disso em decorrência do livro que leio, A ERA DA EMPATIA, Lições da natureza para uma sociedade mais gentil. Autor: Frans de Waal. Editora Cia das letras. 
Vai um trecho do livro:

Em nossa estação de campo próxima a Atlanta, os chimpanzés vivem em grandes cercados de ar livre. às vezes, lhes damos alimentos que podem ser repartidos, como melancias.  Quase todos os chimpanzés querem ser os primeiros a apanhar o alimento, pois isso, uma vez garantido, é muito raro que os outro que os outros o tirem de suas mãos. O direito á posse é realmente respeitado, a ponto de o macho dominante permitir à fêmea da mais baixa posição hierárquica manter o alimento do qual se apoderou. Os animais que estão de posse da comida geralmente são abordados pelos outros, que pedem um pedaço estendendo a mão (com o gesto universal com que os humanos pedem esmola). Eles imploram, choramingam, lamuriando-se diante do outro. Se o dono do alimento não entrega os pontos, os pedintes, às vezes, perdem as estribeiras, gritando e rolando no chão como se o mundo estivesse prestes a acabar. [...] No final, quase sempre em menos de uns vinte minutos, todos os chimpanzés do grupo terão recebido algum alimento. os que haviam apoderado do alimento o repartem com seus melhores amigos e a família deles, que por sua vez também a dividem com os melhores amigos e suas famílias (WAAL, 2010, p. 17-18).


Quem ler verá. Verá as lições mais belas daquilo que, no mundo humano, chama-se solidariedade.

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