Do coração e outros corações

Do coração e outros corações

domingo, 22 de abril de 2012

Leia-se!

Com a voz, a Loucura. Neste libelo do teólogo Erasmo de Rotterdam (1469-1536), quem fala é a Loucura. Sempre vista apenas como uma doença ou como uma característica negativa e indesejada, aqui ela é personificada na forma mais encantadora. E, já que ninguém mais lhe dá crédito por tudo o que faz pela humanidade, ela tece elogios a si mesma. O que seria da raça dos homens se a insanidade não os impulsionasse na direção do casamento?
Seria suportável a vida, com suas desilusões e desventuras, se a Loucura não suprisse as pessoas de um ímpeto irracional e incoerente? Não é mérito da Loucura haver no mundo laços de amizade que nos liguem a seres imperfeitos e defeituosos? Nas entrelinhas de Elogios da Loucura, o humanista Erasmo critica todos os racionalistas e escolásticos ortodoxos que punham o homem a serviço da razão (e não o contrário) e estende um véu de compaixão por sobre a natureza humana.
Pois a Loucura está em toda parte, e todos se identificarão com algum tipo de loucos contemplados pelo autor. Afinal, como ele próprio diz: “Está escrito no primeiro capítulo de Eclesiastes: O número de loucos é infinito. Ora, esse número infinito compreende todos os homens, com exceção de uns poucos, e duvido que alguma vez se tenha visto esses poucos”.Coleção L&PM Pocket, Vol. 278, tradução de Paulo Neves, julho de 2007.
Portanto, amigo, se você está rasgando merda ou comendo dinheiro (e vice-versa), fique tranquilo. Nem tudo está perdido. Solda

Um comentário:

  1. Quando li a "História da Loucura" do Foucault fiquei um tanto inquieta
    e buscando outras fontes acabei lendo Erasmo.
    O tom sarcástico da obra me ajudou a compreender algumas questões que
    meu psiquiatra e os inibidore da recaptação da serotonina não
    conseguiram dar conta.
    Cada visita minha ao meu querido terapeuta resulta em mais uma receita
    conrolada.
    - Dr, é uma insatisfação, entende? Não passa...
    E lá vem ele com mais uma droga (legalizada. (?))

    E como é que vai passar?
    Minha loucura é minha inconformação. Minha insatisfação com o mundo e
    comigo mesma. Não passa. E não quero que passe.
    Me incomoda o menino no sinal, a senhora esgotada sem aposentadoria,
    os corruptos, a escola... tem dias que até eu me incomodo. Pela minha
    acomodação, por não fazer nada...

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