O regresso do fascismo por Rui Bebiano, Portugal
Lê-se num instante este pequeno livro do filósofo e ensaísta holandês Rob Riemen. Com ele passamos em revista, de forma clara e informativa, como num manual de instruções, o modo insidioso como o fascismo – tomando outros nomes, invocando até a liberdade, a igualdade de oportunidades e a democracia – se tem vindo a instalar nas nossas consciências narcotizadas pelos média, preparando o terreno para novas formas de sujeição. Mais traiçoeiras, menos espetaculares, mas não menos escravizantes e violentas do que aquelas que na primeira metade do século passado foram aplicadas pelos protótipos italiano e alemão. Lembra a dada altura Riemen que o fascismo contemporâneo «resulta, mais uma vez, de partidos políticos que renunciaram à sua tradição intelectual, de intelectuais que cultivaram um niilismo complacente, de universidades que já não são dignas desse nome, da ganância do mundo de negócios e de mass media que preferem ser ventríloquos do público em vez de o seu espelho crítico», notando serem justamente estas elites corrompidas que alimentam o vazio espiritual que serve de caldo de cultura à sua expansão. O Eterno Retorno do Fascismo é um brado de alerta e um estímulo à crítica do acriticismo que vai chocando o ovo da serpente. Deve por isso ser lido com a etiqueta de urgente.
Rob Riemen, O Eterno Retorno do Fascismo. Bizâncio. Trad. de Maria Carvalho. 78 páginas. Ver também uma recente entrevista dada pelo autor ao ionline.
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