Grata!
por Ricardo Noblat - 21.5.12
Mafiosos
Cabral
não é personagem relevante nem sequer marginal do objeto que a CPI se oferece
para investigar: eventuais práticas criminosas desvendadas pelas operações
Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, com o envolvimento do bicheiro
Carlinhos Cachoeira e de agentes públicos ou privados.
E
Cabral? Não. Cabral não é citado.
Pode
até azedar, como antecipa Vaccarezza, a relação do PT com o PMDB, o partido de
Cabral. Mas Cabral não deve se preocupar.
A
frase construída pelo ex-líder do PT na Câmara é de deixar a máfia siciliana
com inveja. Por que ela não a imaginou antes? E por que não a incorporou aos
ritos secretos de admissão de novos mafiosos?
Provocado
a decifrar a mensagem enviada a Cabral, Vaccarezza não o fez. Escapou: “Sou amigo
do PMDB. Nossas relações nunca serão azedadas”.
A
mensagem teria sido escrita “num momento de irritação” de Vaccarezza com o
PMDB.
Por
anos, Cachoeira foi informante da VEJA. Lula acusa a revista de ter deflagrado
alguns dos escândalos que atingiram seu governo.
Anote
aí o que de fato preocupa Cabral e o leva a pedir proteção: uma investigação
ampla dos negócios da empreiteira Delta do seu compadre e parceiro de luxuosas
viagens ao exterior, Fernando Cavendish.
O
mineiro Marcos Valério, um dos cérebros do mensalão, ameaçou contar o que sabia
se fosse depor na CPI dos Correios. Depôs e não contou.
Retomou
a ameaça ao notar que começara a ficar sem dinheiro. Cabeças estreladas do PT
pediram a Lula que o socorresse.
Desconheço
o que aconteceu, mas Marcos Valério não ficou sem dinheiro.
Cavendish
não corre o risco de passar aperto.
Um
dos motivos foi o aumento do pagamento de dividendos a acionistas, que subiu de
R$ 13 milhões para R$ 64 milhões.
Esperto
Cavendish, não?
Junto dele, Cabral é um bobo, um
bobão.
Tudo
bem: extraiu vantagens da companhia generosa de Cavendish, o sedutor de nove
entre dez políticos à cata de dinheiro para pagar dívidas de campanhas ou se
eleger.
Agora,
a popularidade de Cabral caiu. Menos do que ele calculou. Seu futuro político
tornou-se opaco.
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