Do coração e outros corações

Do coração e outros corações

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Egito, Tahrir ...

Tahrir do Blog de Joana Lopes, Entre as brumas da memória aqui


Mais um texto de Paulo Moura a não perder, na Pública de hoje (sem link):

«Era uma confiança tremenda, ou uma fantasia, uma presunção, ou uma gabarolice do povo. Digam o que quiserem. E, mesmo que as multidões de Tahrir tivessem o poder real de um exército, poder-se-ia ainda dizer que são uma força inútil, porque não sabem o que querem. Estive lá e confirmo: não fazem a mínima ideia. Mas as revoluções foram sempre feitas por quem não sabe o que quer. Os que sabem chegam depois, para as destruir. (…)

Outros países não têm Tahrir, o que os torna muito mais fracos. Nem podiam ter, é claro. As situações são incomparáveis. O maior desejo que os jovens egípcios ousavam exprimir, no auge do seu martírio, era o de uma democracia capitalista igual à que nos trouxe até à actual crise.

Hoje, só porque há Internet e telemóveis, tudo nos parece global, mas os ideais da Primavera árabe não têm nada a ver com os propósitos do movimento Occupy Wall Street ou os Indignados. Todos sabemos que não há nada em comum. E ao mesmo tempo todos sentimos que há.»


Na íntegra:
Temos sempre Tahrir

Ninguém sabe o que é Tahrir. Mas Tahrir existe. Lembro-me dos dias seguintes à queda de Mubarak. Muitos queriam continuar na praça. Não estavam satisfeitos. O que tinham conseguido era imenso, ainda assim pouco.
Era verdade que tinham fixado como objectivo a queda do ditador. Fora do Egipto, ninguém achava que isso fosse possível. No próprio Egipto, a maioria também não acreditava, a começar pelos que se fingiam mais optimistas. Mas, após muitos muitas manobras, muitas manipulações, Hosni Mubarak acabou por se demitir. Após muitos mortos também.
Foi o problema. Uma coisa são milhares de jovens manifestando-se e festejando numa praça. Tudo o que conseguissem seria um milagre. Outra coisa são esses jovens a morrer. Isso fez o preço subir muito. Uma vitória de Pirro já não seria suficiente. Nem sequer uma conquista simbólica em troca. Agora era preciso ir até ao fim. Mas o que era o fim?

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